Mi 11/02/2024
Este livro excedeu minhas expectativas.
Uma narrativa que mistura ficção com realidade nos permite acompanhar a trajetória de várias gerações da família da autora.
Começando pelo momento que Akin e sua cunhada Ewa são pegos, postos no navio negreiro ( mesmo depois da proibição) e direcionados a um engenho na região do Recôncavo baiano, por volta de 1849.
Os dois ficam na mesma fazenda e encontram com pessoas do mesmo lugar de origem deles.
Ewa estava grávida e dá a luz a Anolina e falece.
Criada pelo tio e Umbelina. Logo, vão sendo contada a história de muito sofrimento, exploração (de diversas formas) e de muita luta através das mulheres dessa família.
Das primeiras gerações prevalece o sentimento de não pertencimento ao lugar que estão e a saudade de casa que é amenizada com o contato de outras pessoas do mesmo lugar, mesma cultura e religião.
Das gerações seguintes vem algumas ?melhorias? que enchem o coração de esperança daqueles que foram por muito tempo explorados. Mas essas melhorias ainda assim os remetem a situações de vulnerabilidade.
Neste livro eu me emocionei muito. Hora feliz por alguma notícia boa, hora triste pelas injustiças, percas, hora indignada com tamanha crueldade disfarçada de boa ação.
Muita coisa me tocou. Marquei quase o livro todo?
Mas não posso deixar de destacar aqui a vida que Dodó viveu. Mesmo sendo livre, dedicou a sua vida a uma família que não aceitava reconhecer que estavam perdendo posses, poder e influência e a mantinham em casa por um salário irrisório. Ela fazendo coisas que seriam para 3 ou mais funcionários. Dr. Adolpho se compadecia mas nada fazia.
? Ela faleceu pela mesma coisa que seus ancestrais: Trabalho forçado.?
Um livro que conclui com muita vontade de reler.
?A experiência de Martha dizia que tranquilidade e calmaria não eram frequentes no mar das mulheres daquela família.?
?O rio, por maior que seja, nunca briga com a pedra. Ele segue seu rumo? e chega no mar.?
?Toda reza dá jeito. Se não cura o corpo, cura a alma.?
?Eu não sou daqui, mas também não sou mais de lá.? Firmino ?
??naquela terra adubada com tanto sangue.?
?Não era essa liberdade que eles queriam. Sem trabalho, sem terra, com a polícia no pé, com medo do presente e do futuro.?
?A paciência é o remédio para todas as coisas do mundo.?
?Xangô é rei, está pisando aqui comigo é cedo ou tarde a justiça se fará.?