isa gusmão 20/09/2018Uma fanfic mal feita do que a série realmente é2,5 estrelas.
Eu estou estupefata com esse livro. O que prometia ser uma das minhas melhores leituras do ano se provou uma das mais decepcionantes. E eu só dei 2,5 estrelas por conta do epílogo, porque senão essa teria sido uma leitura 2 estrelas.
Eu li ambos os livros da série em janeiro e eles rapidamente viraram alguns dos meus favoritos! Afinal, continham personagens interessantes, uma mulher forte e independente no século XIX, mistérios de assassinato e um casal com uma dinâmica incrível e saudável. E ainda assim, Maniscalco conseguiu escrever esse livro, que realmente parece mais uma fanfic (ruim) dessa série. Me deixou com raiva e irritada até o último capítulo, e eu ainda estou tentando entender o que aconteceu.
Primeiro, o ritmo do livro não me agradou. Eu adorei a construção dos dois primeiros, porém esse me deixou toda descompassada, e eu não consegui me engajar com a leitura. Além do mais, pra uma premissa super interessada de circo, acabou por ser zero mágico e com os personagens e elementos circenses mal explorados. Os integrantes do circo poderiam ter sido ótimos, mas eles foram ofuscados por Mephistopheles, um personagem que eu detestei. Não entendi o propósito dele, nem porque Maniscalco assim o escreveu. Em vez de intrigante ou misterioso, ele me deu nos nervos. Achei ele o maior boy lixo e com um papinho que não engana ninguém (só Audrey Rose aparentemente). Me fez bastante desconfortável que ele foi vendido como um galã, mas na verdade manipulou Audrey Rose constantemente e tentou diversas vezes acabar com o relacionamento dela com Thomas, tudo em nome desse grande instalove. Mephistopheles é, em verdade, um personagem mal feito, pretensioso, com sonhos de ser moralmente cinzento, mas que na verdade não tem nada de interessante, uma vez que ele é apenas uma cópia “bad boy” de Thomas.
Meu maior problema com esse livro foi o romance de Mephistopheles com Audrey Rose. Não vale nem entrar no mérito do quanto ele me incomodou, especialmente por conta das atitudes de Audrey Rose com relação a ela e Thomas. Todo desenvolvimento e construção dos últimos livros foi apagado, em minha opinião. Audrey Rose, nesse livro, se mostra egoísta e irresponsável, e a suposta confusão dela em busca da liberdade não justifica machucar os outros, especialmente Thomas, que sempre foi o seu maior parceiro. A criação de um triângulo amoroso nesse livro foi completamente desnecessária e destruiu uma dinâmica incrível entre um casal maravilhoso.
Em verdade, detestei todo o comportamento de Audrey Rose nesse livro. Ela já foi uma personagem inteligente, independente e sagaz, porém neste livro ela repetidamente fez escolhas ridículas e burras. Ela se permitiu ser manipulada e suas prioridades eram uma merda. Além do mais, continuamente ela machucou Thomas, mentiu para ele e criou desculpas para um personagem que ela nem conhecia, tudo por causa dessa “intensa atração” que sentia por ele. Pra mim isso é papinho merda, que não é desculpa para a forma como ela agiu. Todo comportamento, para mim, foi mal escrito, e talvez tivesse sido interessante se tivesse sido explorado em um enredo mais bem estruturado e se com uma escrita mais competente. No todo, apenas me deixou frustrada e irritada com uma personagem que já tanto admirei. Talvez todo esse comportamento fizesse sentido se ela tivesse um grande arco de crescimento no livro, o que, no meu ver, não ocorreu, e ela terminou o livro aprendendo lições erradas. Só se salva o epílogo, na minha opinião. Por suas decisões estúpidas, não consegui simpatizar com os problemas e dilemas nos quais Audrey Rose se encontrava e passei boa parte do livro com abuso profundo dela.
Ainda por cima, todo o mistério do assassinato foi relevado para focar em Audrey Rose e Mephistopheles e eu só faltei morrer. Senti muita falta do papo médico, das autopsias e do trabalho de detetive, além de, acima de tudo, da dinâmica de Thomas e Audrey Rose. Thomas que, neste livro, continuou incrível como sempre e foi o grande ponto alto da leitura, apesar de estar tão ausente. Ele é maravilhoso e tem ideais excepcionais, e não sei como Audrey Rose sequer ficou na dúvida entre ele e Mephistopheles, o maior boy lixo de todos. Ainda estou revirando os olhos de tudo que ela fez nesse livro e, para mim, ela ainda vai ter que se provar muito para reconquistar meu apreço original.
Eu lia essa série porque havia uma independente e forte heroína, ótimos mistérios de assassinato e um casal incrível. Tudo isso foi destruído nesse livro. O mistério foi insosso e apagado, não sendo propriamente explorado; Audrey Rose estava agindo ridícula e irresponsavelmente e, ao invés de um casal f*da e saudável, temos uma dose de segredos, manipulações e tensão, além de um extra de um péssimo triângulo amoroso. Eu nunca quis essa angústia. Isso foi uma fanfic.
Essa resenha não cobre, de modo algum, tudo que me irritou no livro, e eu fiquei TÃO desapontada. Espero que o próximo da série consiga retomar a mágica história dos outros dois primeiros. O final foi o que salvou o livro para mim, e apenas por conta dele que dei 2,5 estrelas, mas não posso dizer que gostei de Escaping From Houdini. Esperava muito mais, especialmente porque sei que Kerri Maniscalco consegue fazer muito melhor que isso.