O Livro e a Espada

O Livro e a Espada Antoine Rouaud




Resenhas - O Livro e a Espada


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Suellen 23/09/2020

Oi, gente!
Hoje temos resenha de O Livro e a Espada, Antoine Rouaud, editora Arqueiro.

!!!Há um pouco de violência.

É uma fantasia e se passa entre memórias e o presente das personagens, Dun-Cadal foi um grande general e tinha como missão de vida proteger com sua honra e habilidade o imperador, mas atualmente é apenas um homem que se afoga em virar o caneco e que tenta esquecer o que foi e viveu na época do Império.

Nas tabernas, Dun encontra alívio em vinho após vinho e somente espera a morte, traído pelos seus, perder aquilo do qual sempre lutara e seu pupilo, Rã, a quem considerava quase como um filho, seu orgulho e destino de suas orações aos deuses, embora não manifestasse a ninguém e muito menos ao jovem, foi a sua derrocada.

E nessa vida sem propósito, ele é encontrado por uma moça historiadora que procura pela lendária espada do imperador que apenas o ex-general pode saber de seu paradeiro.

*******

Dividido em duas partes, no livro encontramos uma força que se chama Sopro, onde apenas os mais habilidosos podem usar e sobreviver, capaz de até derrotar um dragão vermelho.
E, mesmo com esse poder, Dun foi incapaz de manter o Império firme diante da revolução começada pelo povo das Salinas.

O hoje é uma República e beber é o que ele pode fazer, pois Rã estava morto, não havia mais motivo para continuar sua vida.
Porém outra revolução está prestes a acontecer, o Livro do Destino ainda guarda um propósito para seus homens.

A derrota do Império, a proclamação da República, o Sopro, traições, animais fantásticos e um homem com infinita fúria e desejo de vingança permeiam O Livro e a Espada, livro um de uma trilogia.

Gostei bastante, mas senti falta de algumas coisas, talvez nos próximos livros respondam minhas dúvidas.
Confesso que soltei umas lágrimas bem perto do final e quero que um dia a Arqueiro traga o desfecho de O Livro e A Espada.
Fiz um videozinho mostrando um pouco dele no meu Instagram, espero gostem.
@sussu.adora.livros
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polyana marx 06/09/2020

O livro possui uma história bem estruturada com um plot twist que, ao meu ver, foi bem marcante. Achei que o início do livro foi um pouco demorado e que o final meio vago e sem sentido. Foi uma boa leitura apesar de tudo.
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Carla705 22/07/2020

O fantasma de um general e um garoto das Salinas
Confesso que comprei o livro porque estava barato na Amazon e eu estava a procura de uma fantasia. O livro me surpreendeu do começo e, principalmente, o fim que deixa um gancho perfeito para uma continuação.

Acompanhamos Viola a procura de um general famoso que acabou assim como o Império que se deu ao lugar para uma República. Dun-Cadal, agora, não passa de um bêbado que conta sua história entre canecos de vinho.

Conhecemos Rã, um garoto que Dun foi mentor e acompanhamos essa relação de mentor e pupilo que se mostra muito mais do que simples batalhas com dragões, ruargues e insurgentes.

Esse passado que se mistura com o presente é crucial para a estória se desenrolar o que pode não agradar muita gente, mas sim, vale muito a pena. A ação do livro está nas estórias que Dun-Cadal nos conta que ganha mais sentido ainda quando um assassino está percorrendo a nova República atrás dos conselheiros.

A Arqueiro é a editora que mais ocupa espaço na estante e, como sempre, nunca me decepciona. Espero ansiosíssima a continuação.

-"Sou um cavalheiro, Pernalta, o melhor - declarou - O maior. Como lhe prometi.
-Então cumpre a sua promessa".


C. A.
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Júlia 14/07/2020

Minha humilde opinião
Esse livro foi uma das melhores leituras que fiz esse ano. A trama me envolveu e me instigou a querer saber cada vez mais.

Veredito: apaixonada
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Jellinek 17/02/2020

Livro maravilhoso.
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Mirielen Arantes 03/02/2020

null
Talvez eu tenha lido esse livro no momento errado. A história é interessante, mas demora muito até algo acontecer, daí volta. Mas a motivação é interessante. Talvez eu leia de novo mais para frente para ver se mudo minha impressão.
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Gabriel 15/01/2020

Um bom livro
No geral o livro é muito bom, a forma como é descrito, os personagens, metade da história conta o ponto de vista de Dun Cadal e a outra metade o ponto de vista de Rã, um ponto que é legal mas me perdi um pouco foi a volta no tempo, várias vezes a história volta no tempo para explicar algo, ou para apresentar um detalhe importante, mas algumas vezes eu fiquei meio perdido até entender bem o que estava acontecendo, assumo que li a maior parte do livro a noite antes de dormir e já com um pouco de sono, talvez tenha sido esse o problema.

No geral é um bom livro, a história termina bem fechada, aconselho a ler prestando atenção nos objetivos de cada um, a leitura é fácil apesar do ponto que destaquei acima, o livro faz parte de uma trilogia apesar de ter sido vendido como volume único, aguardemos os próximos.
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Suka - Pensamentos & Opiniões 10/12/2018

Viola uma jovem historiadora parte junto com seu amigo Rogant, um nâaga, em busca da espada do imperador que segundo algumas lendas o cavaleiro Dun-Cadal Daermon poderia tê-la escondido, mas ela irá se deparar com um velho bêbado, sem querer desistir de seu objetivo conseguirá com que ele conte meio a contra gosto sobre sua vida na época do império.

Dun-Cadal era um dos melhores cavaleiros e fiel ao seu imperador, conheceu um jovem que ele chamou de Rã e fez dele o melhor cavaleiro que todos já viram. Mas com a queda do império e ascensão da república, muita coisa mudou em sua vida.

O livro é dividido em duas partes, a primeira conheceremos a história através dos olhos do velho Dun-Cadal, na segunda parte, a história será contada através do olhar de Rã e ambas irá permear entre o passado e o presente.

É um livro de fantasia, cheio de batalhas com uma pitada de romance, uma história sobre vingança e redenção, que nos faz refletir sobre como o ser humano é capaz qualquer coisa pelo poder e seus desejos de superioridade. O autor consegue prender nossa atenção do início ao fim, sua escrita é empolgante, cada página lida é um suspense e nos deixa ansioso pelo desfecho que a história terá. Confesso que fiquei com um gosto de quero mais, porém, o livro tem o final que merece.

site: http://www.suka-p.blogspot.com.br
andreia.crislainy 28/02/2019minha estante
Tem romancem ?


Suka - Pensamentos & Opiniões 03/03/2019minha estante
Um pouco


Gabriel 10/11/2019minha estante
Eu vi que será uma trilogia


Suka - Pensamentos & Opiniões 13/11/2019minha estante
Sim




Rafael.Lois 21/10/2018

Uma história tão linda, intrincada e revoltante. Cada virada da trama me pegou em cheio de forma magistralmente inesperada, e me envolvi de tal maneira que engoli cada página sentindo o sabor descer pelo meu queixo

Recomendo fortemente a todos
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Cia do Leitor 07/05/2018

O Livro e a Espada
Viola vai até a cidade de Massália em busca de um ex-soldado chamado Dun. Segundo suas informações, esse soldado saberia a localização da lendária espada do antigo imperador, uma relíquia que se perdeu no meio do caos em que a atual república foi instaurada. Viola é uma historiadora e diz estar apenas interessada no fator histórico que tal espada representa, não por acreditar em seu poder. E tão pouco ela estaria interessada em punir esse ex-soldado, que um dia serviu ao império.

Mas eis que o seu simples soldado, beberrão, na verdade se revela um antigo e famoso general do império. Um homem com um passado glorioso, mas com um presente vergonhoso e um futuro incerto. Dun-Cadal já foi um dos maiores generais que o império teve, com um papel importante em diversas batalhas, incluindo batalhas na época em que o império ainda resistia contra a revolução que criou a república atual. E é por isso mesmo que ele inicialmente não confia em Viola, pois após a implantação da república diversas pessoas ligadas ao império foram executadas no chamado expurgo.

"Não há nenhuma honra em matar, menino. Nenhuma. Pouco importa como você dá o golpe. Não há glória nenhuma em citar uma vida."

Porém de uma forma sutil, Viola consegue fazer com que Dun-Cadal reconte um pouco de seu passado. Com um pouco de incentivo e muito álcool, Viola começa a descobrir mais sobre o glorioso caminho do general. E Dun-Cadal irá narrar tudo que passou desde o início da revolução, mesmo que na época a mesma não passasse de uma revolta bem restrita a uma localização. E conforme ele narra os eventos do passado, nós mergulhamos junto com a sua narrativa, acompanhando todas as batalhas e etapas da guerra que mudou completamente a sociedade. Mas também acabamos descobrindo o lado humano do general, sua história pessoal e não somente da guerra. Pois logo de início um nome já surge em sua narrativa com um enorme peso emocional para o general, um nome que Viola nunca ouviu, quem seria essa misteriosa pessoa do passado de Dun-Cadal?

Entretanto, por mais que o passado seja rico de eventos grandiosos, Viola e Dun-Cadal logo irão descobrir que o presente também exige a atenção deles. Um assassino está a solta em Massália, matando os conselheiros da nova república, homens que no passado também serviram ao império. Esse assassino parece ser uma sombra desse passado sombrio que voltou em busca de vingança contra aqueles que traíram o imperador. E agora o passado irá ser vital para determinar o futuro.

"Lutar com uma espada é fácil. Mas, para vencer os próprios demônios, a lâmina não tem qualquer serventia. Você, que está aí de joelhos, já sem orgulho nenhum, levante-se, mesmo trêmulo, e recobre sua dignidade. Pois ela é de fato a única arma que o protege dos poderosos."

A narrativa desse livro é extremamente envolvente. Ora no passado, ora no presente, no desenrolar da estória vamos vendo como os eventos das duas narrativas estão intricados, como para entender um é preciso conhecer outro. Embora Dun-Cadal conheça o seu próprio passado, esse passado ganha uma nova luz ao ser revisitado. Principalmente com as ações do assassino em Massália, e também pelo fato de que nós não o conhecemos, hahahaha. Desde os primeiros eventos narrados até o presente se passam mais ou menos 20 anos, muito tempo, mas ao mesmo tempo parece ser muito pouco. Tantas coisas acontecem ao longo dessa estória, mas eu fiquei com a sensação fui tudo muito breve. Isso se deve ao fato de haver saltos temporais e de um outro motivo que não posso contar.

Embora a Viola pareça ser importante, nesse livro sua participação é bem modesta. Por mais que ela apareça bastante no início da estória, Dun-Cadal rouba a cena com a sua narrativa da guerra. Eu gostei bastante dos personagens, embora eu tenha tido vontade de bater em alguns, cujo nomes não posso revelar. Outro destaque para o livro é a própria revolução e o antigo império. Como sempre, jogos políticos determinando o futuro do povo enquanto seus governantes tem sua própria agenda secreta, então preparem-se para as conspirações.

"Que ironia… Eu sempre soube dar a morte… mas nunca soube dar a vida…"

O império, em si, um dia foi grandioso. Existe um potencial enorme só em sua história, nesse livro não chegamos nem perto de conhecer tudo. Somos apresentados principalmente a religião e ao exercito que ele possuía, mas mesmo esses não foram muito aprofundados, pois o foco foi principalmente nos personagens e na política. Tenho grandes expectativas referentes aos próximos livros. Quero desbravar mais cidades, cultural e povos, além de mergulhar mais na história que foi introduzida nesse volume.

Enfim, o livro realmente me pegou e me arrastou ao longo das páginas. A edição do livro está ótima, eu adorei a imagem que ilustra a capa. As páginas são amareladas e não tive problemas com o tamanho da fonte, mesmo lendo no ônibus.

"Qualquer que seja o motivo dos seus atos, quer você os justifique ou não, nunca haverá desculpa para ceifar a vida de quem quer que seja."

O engraçado é que eu pensava que o livro era único, então quando me aproximava do final eu comecei a ficar preocupada, porque temia que o livro teria um final abrupto. Mas as últimas páginas não deixam dúvidas de que haverá uma continuação. Não me recordo de ter lidos muitos livros de literatura fantástica franceses, mas esse dúvida se destacou. Eu realmente adorei o livro e sem dúvidas o recomendo, principalmente para quem gosta do gênero.

Resenha de Patricia Paiva no blog Cia do Leitor

site: http://www.ciadoleitor.com/2018/05/resenha-o-livro-e-espada-de-antoine.html
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Julia G 27/04/2018

O Livro e a Espada
A capa sombria de O Livro e a Espada, de Antoine Rouaud, somada aos comentários sobre o livro feitos pelos leitores estrangeiros, levaram-me à curiosidade de conhecer por mim mesma essa história. Ao abrir o volume, deparei-me com uma trama densa e detalhada sobre intrigas, política e traições, mas que vai muito além disso. A obra se diferencia de todos os livros de fantasia que li, por vários motivos que vou detalhar mais à frente e, ao mesmo tempo em que me incomodou em diversos aspectos, a escrita de Antoine Rouaud me fisgou completamente.

O enredo conta a história de Dun-Cadal, um ex-general do Império que era considerado um herói, mas que agora se esconde atrás de canecos de vinho na esquecida cidade de Massália, já em uma época em que prospera a República. Quando Viola, uma jovem historiadora, aparece na cidade à sua procura para tentar recuperar a espada do Imperador, as lembranças daquele tempo afloram e trazem de volta a dor da perda de seu pupilo, Rã.

"- Pensei que estava falando com o grande Dun-Cadal, mas pelo jeito estava errada. Olhe só para o senhor... Não é nem a sombra do que foi um dia. Não passa de uma casca vazia, sem nenhuma dignidade, que só sabe erguer o copo com amargura."

O livro, dividido em duas partes, é narrado em terceira pessoa e alterna, dentro de um mesmo capítulo, passado e presente. Cada cena do presente se interliga a uma do passado, inclusive com ecos de memórias que às vezes se intercalam no mesmo texto. Essa construção é confusa no início, já que não fica claro quanto tempo teria se passado entre os acontecimentos. No decorrer das páginas, porém, o enredo vai ganhando corpo e clareza e, com os detalhes que se juntam para deixar as respostas necessárias ao leitor, logo tudo fica fácil e incrivelmente instigante.

A primeira parte tem como foco Dun-Cadal e mostra, por seu ponto de vista, as guerras e tramas políticas que levaram à queda do Império. Na segunda metade da obra, marcada por uma grande revelação, o foco se volta para outro personagem. É essa segunda parte do livro que guarda as grandes reviravoltas e, diferentemente de muitos leitores que acharam essa parte mais lenta, foi o trecho que mais gostei, visto que Rouaud desconstruiu quase todas as minhas impressões e mostrou que os acontecimentos podem ser bem diferentes se vistos por outros ângulos.

Outro aspecto interessante trazido pelo autor foi a dubiedade de seus personagens. Dun-Cadal, por exemplo, era nitidamente um homem íntegro, tanto quanto se pode ser em uma guerra, mas isso não fez dele um personagem carismático e, por isso, não há uma identificação com o personagem. Da mesma forma, os outros personagens são cheios de camadas e mistérios e não se sabe quem está ou não dizendo a verdade. Page, por exemplo, é um dos maiores mistérios para mim e, mesmo agora que terminei esse primeiro livro, não sei dizer se é ou não confiável.

Para quem gosta também de uma narrativa descritiva, detalhista e bem desenvolvida, este é o livro perfeito, pois o autor não se contenta em mencionar os acontecimentos, mas os demonstra por meio de cenas ricamente construídas. Estão presentes descrições sobre o ambiente em que se passa a história, sobre personagens e sobre os acontecimentos. Tais características tornam a trama bastante densa, tanto que eu, que costumo ler ao menos um livro por semana, precisei de duas semanas para concluir este.

Embora se tratasse de uma fantasia, com dragões e seres míticos, além do uso de magia - o Sopro -, em alguns momentos eu quase me esquecia disso. A batalha e as conspirações políticas ganharam um papel tão central na trama e esses detalhes mágicos eram colocados na história com tanta naturalidade que era fácil embalar na leitura sem se dar conta deles de verdade. Além disso, havia no enredo um toque tão sombrio e tenso - em razão da guerra, da perda e dos arrependimentos - que o livro se distanciou bastante das outras fantasias que já li.

O Livro e a Espada me ganhou por ser uma obra rica e bem desenvolvida, cheia de mistérios e reviravoltas, e eu indico para quem gosta de leituras que fujam à realidade, mas que sejam, ao mesmo tempo, um pouco mais densas. Espero que o segundo volume seja publicado logo, principalmente porque ficou um gancho enorme para a continuação.

site: https://conjuntodaobra.blogspot.com.br/2018/04/o-livro-e-espada-antoine-rouaud.html
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Dhiego Morais 30/03/2018

O Livro e a Espada
Inevitavelmente, ao longo do ano, entre os inúmeros lançamentos sedentos por roubar a atenção do público leitor, um ou outro livro acaba chegando de mansinho, sem qualquer alarde, sem incutir qualquer expectativa. Em certos momentos, pode vir mascarado por uma capa sóbria, ou até mesmo por um título que não diz muito sobre a própria história. De repente, enquanto o leitor desbrava a trama, uma sensação fantástica tende a florescer no seu âmago, sentimento este que, inesperadamente se transforma em surpresa, felicidade e gratidão. Sorrateiramente, esse tipo de livro enlaça o público e permite que as pessoas ali se entreguem à história. O Livro e a Espada pertence a esse grupo seleto.

Seguindo a minha proposta de que em 2018 eu me aventuraria em outros gêneros literários, que não somente literatura fantástica, assim como abriria mais portas para conhecer autores de outras nacionalidades e, principalmente, autoras; enfim, englobando leituras mais representativas, fiquei bastante interessado ao ver o lançamento da editora Arqueiro, escrito por um francês cuja obra havia sido indicada ao prestigiado e cobiçado David Gemmel Awards.

?O destino dos homens nunca passou de um murmúrio dos deuses?.

Em O Livro e a Espada, Rouaud apresenta aos seus leitores a história de Dun-Cadal Daermon, um general que um dia já tivera fama, poder e muita influência na corte do Imperador Reyes, de Massália. Antigamente, o seu nome era adornado de respeito, medo e reverência, porém, hoje, após a queda do Império e a instituição da República, Dun-Cadal não passava de um alcoólatra rabugento, fracassado e amargo. De general sagaz, se convertera a uma sombra infinitesimal do que já fora no apogeu de sua vida.

Viola é uma historiadora do Grão-Colégio de Émeris, que havia partido em uma missão de encontrar a figura de um antigo soldado da época do império, uma pessoa com as informações de que tanto ansiava: a localização da praticamente mística espada do Imperador, Eraed. Junto do Lieber Dest, o Livro do Destino, ambas configuram relíquias imperiais embebidas em contos cheios de misticismo e de um destino implacável, inexorável, cobiçados, claro, pela classe política e religiosa influente.

Ao passo que Dun-Cadal vive cada dia esperando que seja o último, em um tipo de lamento inaudível, de taverna em taverna, Viola representa todo o toque de perseverança, toda a suavidade das palavras e, principalmente, o eixo representativo da amizade e do saber. Viola, a historiadora, traz empatia não apenas à trama, mas diretamente ao leitor, que enxerga nela a ferramenta capaz de contrabalancear a história amarga do general.

Rã é mais uma personagem muito importante e que não deve ser esquecido, afinal, o garoto das Salinas tem um papel essencial em toda a história. Impulsivo, cheio de ira no coração e de um desejo inerente a sua própria alma de se provar para o mundo, o jovem tem um salto no seu desenvolvimento durante a história que poucos escritores conseguem desenvolver com tanta naturalidade ? isso para um livro de 400 páginas, apenas!

?Toda ferida acaba se fechando. Ficam as cicatrizes para nos lembrar de sua existência. E, embora a dor se torne menos intensa, nunca deixa de ser profunda?.



O Livro e a Espada é dividido essencialmente em duas partes, conduzidas e conectadas habilmente pela narrativa envolvente de Antoine Rouaud, que aproxima o leitor à história, tecendo cenários e personagens que definitivamente têm um porquê de estarem ali. Enquanto a primeira parte da obra é centrada principalmente em Dun-Cadal e Viola, a segunda leva ao público todo o dinamismo que poderia ter faltado a alguns leitores. Os últimos 25% do livro são alucinantes, recheados de uma carga dramática poderosa e dotados de diálogos belamente escritos.

Utilizando-se do recurso temporal, o autor reconta, apresenta a história de Dun-Cadal por meio de flashbacks, que, intencionalmente, e agradavelmente, se mesclam com o tempo presente, até que um não prejudique a narrativa do outro. Embora bastante usados, os flashbacks não agridem o enredo, muito pelo contrário, dão sustento, fundamentam o estilo narrativo de Rouaud, que permite a quem lê observar de perto como se sucedeu o declínio do Império, a instauração da República e a fragmentação do ser de Dun-Cadal.

O cenário desenvolvido pelo autor ? Massália, como um todo, e as Salinas e Émeris, mais especificamente ? é bem delineado, ainda que fique em segundo plano quando o assunto é a relação, a conexão entre as personagens. Por outro lado, um ponto ainda mais positivo é o sistema de magia que envolve O Livro e a Espada: o Sopro. Mesmo não sendo um método muito complexo, é evidente que a simplicidade do Sopro, que permeia o mundo e envolve os pulmões, enchendo-os de ar e de traços de magia, fulgura como chama-mestre, como farol, capaz de realimentar o corpo, de norteá-lo, ou ainda mesmo, consumi-lo.

?Chega um dia em nossa vida, o cruzamento daquilo que fomos com aquilo que seremos. Nesse momento, ao término de tudo, é que decidimos qual será o nosso fim. Com orgulho ou vergonha da trajetória percorrida?.



Enquanto Rouaud guia os seus leitores, aparentemente, por uma história no estilo narrativo de A Canção do Sangue e O Nome do Vento, como uma contação do passado pelo próprio personagem (Dun-Cadal, no caso), a fim de cruzar os fatos com o presente, o autor também é capaz de entregar um livro extremamente poético, cheio de significados, de reflexões, que tingem de sentimentalismo as páginas, ao mesmo tempo em que entrelaça leitor e personagens.

O Livro e a Espada é um romance de literatura fantástica inicial invejável. Trata-se de uma história, sobretudo, a respeito de identidade, sobre quem nós éramos, quem nós somos e quem nós seremos, embora verse igualmente sobre lealdade e memória. Rouaud consegue desenvolver uma obra capaz de interligar uma escrita bela e cheia de significados, esboçados principalmente em seus diálogos, a personagens cativantes que contracenam em um mundo em que a magia vive no Sopro. O Livro e a Espada é sobre até onde somos capazes de ir para resgatar o que agora se encontra estilhaçado em nossa alma.
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Biia Rozante | @atitudeliteraria 26/03/2018

Incrível... Uma história de muitas reviravoltas e reflexões.
INCRÍVEL!, não preciso dizer mais nada, apenas leiam.

Brincadeira, minha resenha não será apenas essa frase. O LIVRO E A ESPADA, me surpreendeu de diversas maneiras e tenho certeza que terei dificuldades em alinhar meus pensamentos e compor esta resenha como de fato o livro merece, mas irei dar o meu melhor.

Crises políticas, ambição, inveja, vingança, fé, poder, traição. Uma revolta que ameaça derrubar o Império e instaurar uma nova República. Um verdadeiro duelo entre a emoção e a razão, honra e dever, lealdade e sede de vingança. Um jogo onde não se sabe quem são os aliados ou inimigos disfarçados. Um livro que contém o destino da humanidade e uma espada mágica, tão poderosa como nenhuma outra jamais será. Um grito pela liberdade, a necessidade de justiça e o rondar de uma ameaça sombria. Tudo isso reunido em um enredo de tirar o fôlego, arrepiante, por diversas vezes angustiante e emocionante.

“Nunca, vou ser um simples murmúrio... Para você, eu serei um grito.”

Dun-Cadal Daermon já viveu seus dias de glória. Aquele homem que hoje é encontrado ao fundo de uma taberna alcoolizado, cabisbaixo e amargurado em nada lembra o grande General e Cavaleiro que um dia já foi. Amado por poucos, odiado por muitos, tem certeza que alcançou o seu fim e está apenas aguardando o findar dos dias, ou pelo menos assim pensava, até que uma bela jovem, com o olhar atrevido e muito determinada o desafia a reviver suas lembranças e encarar tudo que vêm lutando para esconder. E é assim que nos deparamos com um homem honrado, fiel ao juramento que um dia fez, leal ao Império que serve. Dono de uma personalidade forte, muita coragem e compaixão, um homem que não abaixa a cabeça, que batalha pelo que acredita, que segue sua fé e que não luta apenas com uma espada, mas com seu coração também. Que inesperadamente se viu entre a vida e a morte, sendo cuidado por um jovem misterioso a quem amigavelmente chamou de Rã, que se tornou seu pupilo, protegido, a quem ensinou tudo que sabia e com quem inconscientemente aprendeu muito. Mestre e aprendiz, duas figuras que juntas crescem, ganham fama, despertam medo, animosidade e ciúme.

“— É... O Senhor veio para cá esperar a morte. Só não percebeu que já está morto. Por mais que tente esconder a identidade para não macular sua antiga imagem, não adianta. Quando o mundo souber no que se transformou Dun-Cadal Daermon... a única lágrima derramada não vai ser de tristeza, mas de pena.”

Enquanto que Dun-Cadal logo de cara te cativa e se torna marcante ao ponto de sentirmos na pele suas alegrias e tristezas, Rã por uma longa parte da leitura se revela conflituoso, controverso e complicado, entretanto ele é o responsável pelos maiores acontecimentos e mais importantes na trama. É um personagem com uma bagagem gigante, com muito para contar, revelar e impor. Notável, determinado e muito forte. Seria ele justo ou egoísta, servindo as suas próprias vontades? Terá maturidade o suficiente para lidar com todo o peso que carrega sobre os ombros? A sabedoria e a decisão certa costumam cobrar um preço bem caro.

“(...) — Não há nenhuma honra em matar, menino. Nenhuma. Pouco importa como você dá o golpe. Não há glória nenhuma em tirar uma vida.”

Uau... Que livro, que enredo, que narrativa, que surpresa maravilhosa. O LIVRO E A ESPADA é uma leitura intensa, que mexe com nossas emoções, cheio de reviravoltas e acontecimentos de roubar o fôlego. Gostaria de poder GRITAR aqui, de sair detalhando cada acontecimento e como me senti ao ler, mas preciso ter cuidado com os spoilers. A narrativa do autor é impecável, ela cresce a cada capítulo, vai cativando, atiçando nossa curiosidade aos pouquinhos. Ele tece sua teia e nos enreda sem que nos demos conta, tudo é meticuloso, minimamente pensado e calculado, mesclando passado e presente de uma maneira muito sutil, muitas vezes sentia como se a recordação/memória estivesse me chamando, como se eu tivesse vivido aqui e foi uma experiência surreal.

“Toda ferida acaba se fechando. Ficam as cicatrizes para nos lembrar de sua existência. E, embora a dor se torne menos intensa, nunca deixa de ser profunda.”

Outro ponto que amei na trama é que o autor brinca com os leitores, mudando a cada capítulo o caminho de seus personagens, deixando apenas a incerteza e o medo do que poderia vir a acontecer. E ele foi mais além, ao trazer a promessa de um romance... vou deixar nas entrelinhas, foi algo realmente importante na história, mas que não tirou o foco da guerra que estava acontecendo. Os personagens foram muito bem construídos, a carga emocional que carregavam, o apelo de cada um diante da história contada, os sentimentos, tudo é muito vivo, cru, visceral. E os cenários... incrível, consegui visualizar cada um.

“Quanto mais tinha a sensação de estar voltando à vida, mais a vida lhe era insuportável.”

O LIVRO E A ESPADA apesar de ter sido criado em um mundo fictício, é repleto de referencias realista, e isso me passou a impressão de critica/apelo/reflexão sobre a sociedade e a busca incansável pelo poder, pela necessidade de se ter em mãos o destino de uma nação, o controle do futuro. Sobre se corromper, colocar o poder acima de seus valores e ideias, não respeitar seu juramente, sua própria honra, se vender. Sobre a fé, crenças diferentes, mas que acabam servindo ao mesmo propósito. Não sei se estou me fazendo entender... É que terminamos a leitura, mas continuamos pensando e comparando ela com o hoje. É de fato uma história muito marcante, talvez eu até tenha derramado algumas lágrimas... talvez.

Confesso que no início da leitura fiquei meio perdida, com dificuldade em me localizar dentro da trama e até compreender o que de fato estava acontecendo, mas com o passar das páginas isso mudou completamente. E à medida que me envolvia com os personagens, que compreendia o seu valor dentro do contexto da história, fiquei viciada e ansiando ler mais e mais. E o final... Ele só nos deixa loucos, desejando conhecer o futuro daqueles personagens e como tudo será dali pra frente.

Enfim, leiam a obra. Deem uma chance para o gênero – fantasia -, se permita conhecer esse mundo e seus mistérios, o lado bonito, mas principalmente o lado negro do ser humano. Dosado na medida perfeita, você irá viver uma experiência completa, com emoções mil e que irá te tirar da zona de conforto.

site: http://www.atitudeliteraria.com.br/2018/03/resenha-o-livro-e-espada-antoine-rouaud.html
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