Lina DC 28/02/2018Primeiro livro de uma saga extraordinária, "O Livro e A Espada" é uma obra dividida em duas partes. Narrado em terceira pessoa, a primeira parte se passa na idade portuária de Massália durante o período da República. É lá que a jovem Viola, uma historiadora no Grão Colégio de Émeris está à procura de um idoso bêbado que fica contando histórias sobre o tempo do Império, dentre elas a história sobre a Espada do Imperador Eraed.
O homem que ela está procurando é Dun-Cal, que na época do Império era o general mais temido de todos por sua sagacidade, determinação, coragem e por não ter medo do que falar o que pensa. Diferentemente dos demais generais, Dun-Cal não veio de uma família proeminente, nem era um homem abastado. Sua origem humilde não agradou os demais generais, mas como Dun-Cal tornou-se um dos favoritos da Vossa Majestade Imperial Asham Ivani Reyes. Infelizmente, agora ele é um velho amargo, bêbado e cheio de ressentimentos ao ver que seus antigos colegas deixaram de lado sua honra para migrarem para cargos importantes na República.
Na primeira parte do livro teremos a história de Dun-Cal, no presente e suas memórias do passado. Começaremos pela Batalha de Salinas, o pontapé inicial da queda do Império. O que deveria ser um simples caso de opiniões divergentes, tornou-se uma batalha longa, sangrenta e definitiva graças ao ego do general local: Étienne Azdeki. Azdeki é o tipo de homem que vive do prestígio da família, da antiga fama e dos feitos de seus antepassados. Etilista, cabeça dura e metido a sabichão é um dos maiores desafetos de Dun-Cal, que não aguenta sua ineficiência. Quando Dun-Cal e outros generais como Négus são convocados para remediar a situação, a revolta já se encontra fora do controle e se torna uma verdadeira guerra.
O leitor acompanha todos os acontecimentos da Batalha de Salinas, inclusive o período de quase morte do protagonista e sua lenta recuperação. O protagonista é guiado por sua honra e pela promessa que fez em defender o Império e acredita piamente nos líderes e no governante e soberano da nação. Durante os anos que sucederam a Batalha de Salinas, Duncan acaba se afeiçoando ao Rã, o garoto que o salvou. Ele o treina, o ensina e o coloca embaixo de suas asas, mas os estratagemas políticos que ocorrem por trás dos bastidores causam uma grande reviravolta.
"-Por você. Por você e por mim. Que ironia... Eu sempre soube dar a morte... - saiu do cômodo e, fechando a porta ao passar, concluiu com voz rouca: - ... mas nunca soube dar a vida..." (p. 117)
Na segunda parte do livro temos o lado oposto dessa batalha. Desde o começo da história temos um nome do incitador da revolta. Aqui temos o que realmente aconteceu e quem são os culpados pela revolta, mas também vemos a saga de um sobrevivente que precisou renegar tudo e todos para sobreviver.
É nesse momento que conhecemos em detalhes a história de alguns refugiados de Salinas, como Esyld Orbey, a filha do ferreiro, que inicialmente foi vista como inimigo até ser apadrinhada por alguém importante, ou a história do Duque de Page, um antigo general visto como degenerado, mas que conseguiu chegar na posição atual sendo extremamente observador. Temos também a história de Aladzio, um inventor muito inteligente que é importante para alguém poderoso, ou a Ordem de Fangol, a Ordem responsável pela escrita.
Temos inúmeros elementos fantásticos nessa série, como dragões e habilidades únicas como O Sopro, habilidade que poucas pessoas possuem, mas que é simplesmente alucinante. O autor mesclou esses elementos com um pano de fundo político, onde observamos inúmeras manipulações, traições e reviravoltas causadas por homens gananciosos, que almejam o poder e a fama.
"- Um símbolo que você teve o cuidado de não deixar em Émeris. Não surpreende que um homem que passou a vida servindo e dando tudo de si a um Império queira levar consigo um pedaço dele... antes que tudo arda em chamas." (p. 186)
"O Livro e a Espada" é uma história de vingança e redenção, honra e política. Com muito sangue, suor e lágrimas, os personagens vão sobrevivendo as situações mais impensáveis e a perdas inconsoláveis. Para os fãs de longas jornadas, com heróis que passam por inúmeras turbulências e precisam "renascer" para alcançar seu destino, essa série é leitura obrigatória. O título do livro encaixa-se perfeitamente com o enredo, pois explica dois elementos que sustentam o local. A capa é simplesmente incrível pois combina com o enredo, é impactante e chama a atenção.
"-Eles são os deuses. Não estão brincando conosco. Transformam nossa vida em narrativas, em histórias, em sagas. Para que a humanidade alcance seu ápice. Eles conhecem o início e o fim dos tempos. Temos que agradecer-lhes por terem nos dado a vida e um destino cujo sentido a eles pertence." (p. 160)
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