Assassinos da Lua das Flores

Assassinos da Lua das Flores David Grann




Resenhas - Assassinos Da Lua Das Flores


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Flávia Menezes 09/02/2024

Cobiçais e nada tendes;matais.Invejais, e nada podeis obter.
?Assassinos da Lua das Flores? é uma obra de arte do jornalismo histórico-investigativo, escrita pelas mãos do autor e jornalista americano, além de redator do The New Yorker, David Elliot Grann, que recebeu o prêmio Edgar Allan Poe. Finalista do National Book Award, Grann teve seu livro adaptado recentemente para o cinema pelas mãos de ninguém menos do que Martin Scorsese, em uma superprodução de mais de 3 horas de duração, que contou com a participação de atores renomados tais como Robert De Niro, Leornado DiCaprio e Lily Gladstone, recebendo 10 indicações para o Oscar 2024.

Se você nunca leu algo deste gênero, este é um bom livro para iniciar essa jornada, que confesso que desde quando li ?A Sangue Frio?, de Truman Capote, me fez ficar completamente apaixonada pelo gênero, porque apesar de se tratarem de obras que retratam a brutalidade de crimes aterradores, esses autores mergulharam com tanto comprometimento para conhecer cada detalhe, cada verdade por trás de documentos e entrevistas da época, que não há como não ser tocado por elas, especialmente por ver tamanho envolvimento do autor em passar a verdade dos fatos.

A escrita de Grann é envolvente ao ponto de você poder sentir a dor de cada personagem-real com tanta riqueza de sentimentos e emoções, quanto podemos perceber como a mente de um assassino age com tamanha frieza e ausência total (ou quase total) de qualquer sentimento de compaixão pela vida do próximo. Que de fato para ele não vale absolutamente nada.

A história é contada em três partes, com um mergulho profundo em cada etapa desde que os assassinatos iniciaram (ou pelo menos desde que foram identificados como assassinatos em série), até o momento em que o próprio Grann se vê reabrindo essa caixa de pandora para ir além do que o FBI foi nesta época. Afinal, a verdade é que por trás do que chegou ao conhecimento público, haviam muitos mais "esqueletos neste armário".


PRIMEIRA PARTE:

Toda essa brutalidade aconteceu quando a tribo dos Osage é persuadida pelo homem branco (vou usar esse termo apenas para que seja compreendido a questão da etnia envolvida aqui) a lhes vender suas produtivas terras, em troca de outras que acreditava o homem branco ser um terreno rochoso em Oklahoma sem qualquer possibilidade de prosperar qualquer coisa que ali fosse desejado ser cultivado.

Tamanha ganância não foi recompensada, e para surpresa desse homem branco, as terras de tão bom grado concedida aos Osage era um solo fecundo do ?ouro negro?, ou seja, rica em petróleo.

Nunca se viu um povo indígena enriquecer com tanta habilidade e agilidade quanto nesta época, e logo os Osage se tornaram o povo mais rico de todo o planeta, possuindo bens em abundância, enquanto ao homem branco era destinado ao relés lugar de lhes servir.

Mais uma vez a ganância, movida pelos olhos verdes da inveja, faz com que tanta opulência seja cobiçada, e se aproximando com ares de amigo, é assim que esta trágica história tem início.

Nesta primeira parte, Grann centra a sua narrativa na família de Mollie Bukhart, que vê sua família ser aniquilada durante o período que viria a ser conhecido como o ?Reinado do Terror?. As mortes são contadas com riqueza de detalhes, nos prendendo de tal forma que é quase impossível desgrudar do livro até saber a motivação desses assassinos para cometer tamanha atrocidade, e da nossa vontade de ver a justiça lhes sendo feita.


SEGUNDA PARTE:

Com foco no processo de investigação liderado por Tom White, um ex-Texas Rangers contratado pelo diretor do Bureau of Investigation, J. Edgar Hoover, assim tem início a essa verdadeira caçada humana.

Conhecer um pouco mais sobre Tom White, esse agente da lei ao velho estilo, com seus 1,93 metros de altura, ?tão religioso quanto os corajosos defensores do Álamo?, que havia dedicado a sua vida em cavalgar por terras selvagens do sudoeste dos Estados Unidos acompanhado pela sua carabina Winchester, ou de seu revólver de seis tiros com cabo de madrepérolas, perseguindo o rastro de fugitivos, assassinos e salteadores de estradas, nos faz perceber a magnitude de uma mente compromissada com a justiça, e não com a corrupção que impregnava o condado e que havia impedido as investigações de prosseguirem, antes do Bureau of Investigation assumir o caso.

Ao final desta parte, veremos onde os esforços de White chegaram, e como teve fim essa caçada ?aos Judas? da tribo Osage, bem como acompanhamos a vida de White até o seu final. E aqui eu preciso dizer, que cheguei a me emocionar em pensar em tudo o que esse homem fez e o quanto se esforçava para que a justiça fosse feita em uma terra onde tanto impera a ganância e o poder do dinheiro.


TERCEIRA PARTE:

Na última parte, acompanhamos o impacto que este livro teve na vida de Grann, que ao trabalhar com os descendentes das vítimas, percebe que o número de mortos durante o ?Reinado do Terror? é certamente muito superior à contagem oficial apontada pela investigação da época.

Suas novas descobertas também revelaram que os assassinatos remontam de uma década antes de 1920, e tiveram continuidade muito depois de William Hale em 1926, seguindo até a década de 1930.

Outra descoberta feita por Grann é de que haviam muitos outros vilões por trás desses assassinatos, muito embora seja impossível reconstruir todas as provas para explicar o que aconteceu com todas as vítimas, e tentar trazer um pouco de paz (se é que isso seja possível!) às suas famílias que tanto buscaram compreender por que seus entes queridos foram retirados de suas vidas de forma tão brutal.

Ao citar o ?Livro dos Gênesis?, de que ?a terra encharcada de sangue clama?, Grann encerra sua jornada com a promessa de continuar na luta para resolver esse mistério que tanto moldou a sua vida.


Assistir à adaptação de Martin Scorsese é transpor as páginas desse trabalho minucioso e primoroso feito por Grann, para as grandes telas das salas escuras, e sofrer com ela o impacto visual de todas as imagens, e todas as interpretações sublimes feitas pelos atores, que se comprometeram com tanto empenho em mostrar os principais nomes por trás de toda essa tragédia. Mas preciso confessar que por mais magnitude que tenha o filme, ele não substitui a narrativa de Grann.

No livro podemos nos aprofundar mais nas figuras por trás da criação do FBI, e tenho que dizer que me fez olhar para J. Edgar Hoover de uma forma diferente daquele homem prepotente que vivia atrás de qualquer deslize dos políticos da Casa Branca.

Sem contar que conhecer mais sobre a história de vida do White, é o contraponto para sentir que existiram pessoas nesta vida verdadeiramente comprometidas com a lei, e com a verdade. E é tocante (e muito merecida!) a homenagem que Grann faz a ele neste livro. Por isso, mesmo que tenha assistido ao filme, espero que não deixe de ler essa bela obra (embora lamentável!) assinada por David Grann.
Leo Moura 09/02/2024minha estante
Esse gênero é mesmo muito bom, Flávia! se merece uma comparação com "A sangue Frio", já vi que é bem escrito.
.
P. S.: suas resenhas são uma obra à parte!


Flávia Menezes 09/02/2024minha estante
Poxa, Leo! Obrigada! Fiquei sem palavras agora! ?
E pode acreditar: esse pode ser equiparado ao trabalho do Capote. Eu me emocionei de verdade com essa homenagem que ele fez ao Tom White. Porque a dedicação daquele homem foi impressionante, e o Hoover (pra variar! ?) não deu crédito algum a ele. Mas ele foi importante, porque foi o único que realmente ajudou os Osage. Que se comprometeu e foi atrás de quem quer que fosse. Belo esse livro. E o Grann ficou tão tocado que reabriu o caso ?extra-oficialmente?. Vale a pena a leitura. E eu vi o filme, mas o livro? ??


Leo Moura 09/02/2024minha estante
Realmente é uma história e tanto! Acho que vou fazer o mesmo caminho: filme, livro. ?


Flávia Menezes 09/02/2024minha estante
Eu fiz o caminho livro e depois filme, Leo. Mas foi bem pessoal mesmo, por querer primeiro ter os detalhes do livro, que são mais minuciosos do que no filme. Mas depois me conta como foi o caminho oposto! ?


Cleber 09/02/2024minha estante
Tbm comecei a gostar do gênero lendo A Sangue Frio. Como sempre sua resenha ficou incrível, obrigado por compartilhar suas impressões.


Flávia Menezes 09/02/2024minha estante
Muito obrigada, Cleber! Eu que agradeço por ler minha resenha! Ainda mais essa de um livro que tem esse papel histórico tão significativo.
E sobre isso do gênero?nossa, como o Capote foi certeiro, não é mesmo? Que escrita! Mas o Grann não fica atrás não. Me emocionei várias vezes nesse aqui.


Elisabete 09/02/2024minha estante
Flávia, suas resenhas são excelentes!


Flávia Menezes 09/02/2024minha estante
Elis, amiga, muito obrigada! ??


Fabio.Nunes 10/02/2024minha estante
Tuas resenhas tinham que ser publicadas em jornais!


Flávia Menezes 10/02/2024minha estante
Aaah Fábio! Não fala assim que eu acredito! ?
Obrigada mesmo pelo elogio. Vindo de um leitor como você, me sinto lisonjeada! ???


AndrAa58 11/02/2024minha estante
Mas uma resenha maravilhosa, Flávia. Acho que antes de ler algum livro vou procurar a resenha no seu perfil ?
Mas uma indicação sua que terei que ler o antes possível. Obrigada, amiga ?


Flávia Menezes 11/02/2024minha estante
Amiga Andrea, como eu disse acima pro Fábio?não fala assim que eu acredito! ?
Obrigada amiga pelas palavras! Mas eu preciso dizer que esse vale à pena! Que obra prima do Grann!!! ?




Vini 13/01/2024

Se você gosta de conhecer sobre a história ou crime real, o livro vale a pena.
David Grann entrega um relato meticulosamente pesquisado de uma terrível conspiração generalizada contra a nação indígena Osage em Oklahoma. O autor centra a história do livro em uma família Osage, que teve seus membros familiares mortos covardemente de causas que vão desde as estranhas e ambíguas até às obviamente violentas.

Os Osage apareceram muito nos noticiários na época. Na década de 1870, eles foram expulsos de terras ancestrais para uma reserva em Oklahoma considerada imprópria para cultivo ou qualquer outra coisa. Décadas mais tarde, os Osage descobriram que a reserva ficava no topo de alguns dos maiores depósitos de petróleo dos EUA, um acaso que, na década de 1920, teria rendido mais dinheiro do petróleo do que o valor combinado de todas as corridas do ouro do Velho Oeste. Os Osage estampavam os noticiários como sendo as pessoas mais ricas dos EUA.

A ganância bateu na porta do primeiro povo norte americano. É aqui que a terrível história do pecado original dos EUA, a opressão sistemática e o assassinato do seu primeiro povo, se torna sombria. Pois se os brancos esperassem herdar os direitos de terra, eles teriam que se casar com alguém da tribo e depois desejar que seu cônjuge rico morresse. Ou fazer com que morram, muitas vezes depois de terem vivido durante anos com o marido ou a esposa Osage. Os Osage começaram a morrer envenenados, assassinados cruelmente, mortos misteriosamente e suas casas foram explodidas do nada. Os noticiários da época começaram a pingar sangue, o extermínio ao primeiro povo norte americano estava descontrolado.

Quando um petroleiro branco, Barney McBride, foi recrutado por Osage para pedir às autoridades federais que investigassem essas mortes, ele também foi morto: esfaqueado e espancado, depois despido. Em 1925, nenhum dos assassinatos havia sido resolvido e o número de mortos estava subindo o suficiente para que o resto da América começasse a prestar atenção. Jornais nacionais relataram o que foi chamado de “Reinado do Terror”, a “Maldição Negra” dos Osage.

“Assassinos da Lua das Flores” traz um recorte da história estadunidense muito importante, mas extremamente forte. Ao ler o livro, eu fiquei chocado com a falta de limite que a ganância e o quanto a nação Osage foi usurpada com tudo isso. O livro entrega uma leitura quase que o thriller policial, em vários momentos eu esqueci que o livro era sobre uma história real. Toda a trama da investigação se mistura com a história da família Osage de Mollie Burkhart. A leitura do livro foi magnética, eu não conseguia parar de ler.

O livro soa como o enredo de um romance policial, graças ao brilhantismo de David Grann. O autor soube entregar um mistério real cheio de camadas. Como repórter, ele é obstinado e exigente, com uma capacidade singular de descobrir e incorporar diários, depoimentos e livros obscuros, sem nunca deixar a trama afundar. Como escritor, ele é generoso de espírito, disposto a dar até mesmo aos personagens mais obscuros o benefício da dúvida.

David Grann ilumina um capítulo esquecido da história americana, e com a ajuda de membros contemporâneos da tribo Osage, traz na páginas de seu livro uma conspiração doentia que vai muito mais fundo do que aqueles quatro anos de horror.

“Assassinos da Lua das Flores” é uma assustadora história real de ganância e racismo no desenvolvimento do oeste americano. Aqui tem uma daquelas verdades difíceis de ler e aceitar. É difícil explicar a profundidade dessa leitura, senti muita raiva e incrível injustiça. Se você gosta de conhecer sobre a história ou crime real, o livro vale a pena.

site: https://www.estantedovini.com.br/post/assassinos-da-lua-das-flores-resenha
Eduardo1685 13/01/2024minha estante
Resenha incrível! Quero muito ler esse livro.
Você viu o filme e tem uma opinião sobre a adaptação?


Vini 13/01/2024minha estante
Obrigado! Leia o livro, pois ele é muito interessante. O filme é muito bom também, assista. Obviamente, o livro é mais completo e preciso do que o filme, mas os dois merecem o tempo investido.




Simone de Cássia 07/07/2020

Grande surpresa!!! Vi esse livro na lista dos recentes do Plus e o titulo me chamou a atenção. A sinopse me intrigou e arrisquei. Fantástico!!! Estou impressionada com essa história do passado dos Estados Unidos que eu NUNCA nunquinha tinha ouvido sequer uma menção... Foi muita sordidez, muita maldade, corrupção, politicagem, tudo isso perpetrando uma onda de assassinatos absurdos... meu Deus!!! Pra ser sincera mais parecia uma história do Brasil... rs rs Mas isso também é interessante: a trajetória absurdamente corrompida pelo dinheiro e pela desonestidade que vai cedendo lugar à justiça e à educação são provas de que , se um povo quiser, ele pode mudar o seu rumo. E todo o livro vem recheado de fotos permitindo dar vida aos personagens. Fico pensando porque essa história está tão escondida... ou será que sou só eu que não tinha conhecimento??Excelente livro!!
Riva 07/07/2020minha estante
Simone dando 5 estrelas é sinal de que o livro é realmente espetacular! Confesso, que assim como você, não tinha conhecimento desses fatos!


Simone de Cássia 07/07/2020minha estante
É muito bom, Riva!! Se quiser, vai junto com o outro ...


Riva 07/07/2020minha estante
Agradeço, mas o tema não me apetece!!!!


Camila 07/07/2020minha estante
Nossa, já leu? Que rápida! Hahahaha


Simone de Cássia 07/07/2020minha estante
Li e amei, Camila!! Agradeço a vc a troca tão boa! S2


Helder 18/05/2023minha estante
Esta história vai bombar. Vem filmão por ai. Estreia em outubro. Direção do Scorcese com o Leonardo de Caprio. Filme com cara de Oscar . Juntando com seu selo de aprovação, vou logo furar minha fila de leituras com ele.


Tiago575 07/08/2023minha estante
Li recentemente e tive a mesma impressão. Vi que vai ter a adaptação com o Martin Scorcese e me interessei pelo livro


Alana 20/10/2023minha estante
Oi, Simone! O livro tem a narrativa na perspectiva dos Osage ou do FBI?




Victor Cardoso 24/02/2024

Massacre legalizado
Não sei nem o que dizer sobre esse livro, ele é bom em todos os sentidos , bem escrito , bem editado , traz imagens que auxiliam a visualização do leitor , a história é extremamente triste e pesada então pode ser sensível para algumas pessoas , no final você só fica com ódio de tudo que aconteceu e chocado pelo que fizeram com os osage , é um documento histórico e recomendo a leitura a todos
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JV Lucas 01/11/2023

O sangue indígena que corre em todas as terras colonizadas
História alucinante que nos mostra como o massacre dos povos originários ficou rebuscado e com um certo aval do poder público.

Vale muito apena conhecer todos os desdobramentos e personagens que compõem esse pedaço da história americana que tende a ser esquecida.

O livro ao meu ver é quase perfeito, só acho que o desfecho da história foi muito rápido e a conclusão nos deixa com a sensação de história incompleta, porém a pesquisa é incrível e muito detalhada.
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Rittes 08/12/2023

Parece ficção...
A história de "Assassinos da Lua das Flores" é tão incrivelmente impressionante que parece saída da imaginação de algum escritor muito criativo. Infelizmente, é tudo verdade. E o mais incrível é como tudo isso ficou escondido e praticamente desconhecido por tanto tempo! O trabalho de reportagem de Grann é absolutamente impecável. Tanto que, em alguns momentos, o ritmo da leitura cai para que mais detalhes sejam acrescentados. Para quem gosta de grandes reportagens e histórias misteriosas é uma excelente opção. Recomendo!
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Amanda 04/09/2023

Importante registro
Assassinos da Lua das Flores, de David Grann, é um livro de jornalismo investigativo - basicamente um compilado de informações referentes aos crimes cometidos por volta da década de 20, nos Estados Unidos, no estado de Oklahoma, contra os indígenas osage.

Primeiramente, destaco que o trabalho de investigação do David Grann foi minucioso e merece todos os elogios, posto que esses crimes sofrem um grande apagamento histórico. Além das escassas provas, a investigação realizada à época provou-se não apenas frustrada pelas poucas evidências (e tecnologia forense disponível), mas também pela corrupção e preconceito arraigados na sociedade estadunidense.

Tais crimes ocorreram nas seguintes circunstâncias: após serem removidos na terra natal, os osage foram assentados em uma reserva no Oklahoma. O que aqueles políticos envolvidos na demarcação de terras não sabiam era que os osage estariam ocupando, então, uma mina de ouro negro: o petróleo. Especialmente antes da Crise de 1929, o barril de petróleo tinha um custo altíssimo, o que levou os simples osage, caçadores por tradição, a somas absurdas de dinheiro proveniente de concessões para perfuração e exploração desse recurso fóssil.

Estes novos magnatas do petróleo começaram a ser, desta vez, a caça. Muitos foram os brancos que se apropriaram, seja por casamento e herança, curatela ou ludibriação, dessas fortunas, exterminando os osage e assumindo montantes impensáveis de dólares. Hoje, segundo Grann, o território osage está "morto", revelando a enorme decadência a qual esses assassinatos relegaram aos indígenas. É nesse contexto, lá na década de 1920, que surge o FBI como conhecemos hoje: o Federal Bureau of Investigation. Então Grann vai tentar dar conta dessa história também.

Enquanto relato de fatos, o livro é excelente, mas não é incrível enquanto narrativa. A bem da verdade, a quantidade de informações, nomes, datas, citações, notas de rodapé, fontes de pesquisa etc. torna esta uma narrativa maçante. Inclusive, fiz a leitura pelo Kindle e não recomendo de forma alguma, pois é bem mais chato navegar por todas as informações desta forma.

Foi uma boa experiência com esse gênero, ao qual eu não estou muito habituada, mas senti em diversos momentos que o autor começou a divagar e embolou várias explicações e informações, uma dentro da outra, e não conseguiu reter minha atenção.

Recomendo a leitura pela importância de conhecer essa história da qual nunca ouvi falar e provavelmente nem mesmo os estadunidenses, em geral, conheçam.
Alê | @alexandrejjr 11/09/2023minha estante
Excelente resenha, Amanda! Agradeço pelos apontamentos da tua experiência, importante ter esse nível de detalhamento de uma leitura.


Amanda 11/09/2023minha estante
Obrigada pelo comentário! Fico feliz que tenha achado útil!


Bel Sanz 27/09/2023minha estante
Estou lendo esse livro e gostando muito da escrita e desenvolvimento dos fatos dado pelo autor. A história em si é muito triste e de suma importância que fosse mais divulgada para mostrar como foram tratados os indígenas nos EUA. Uma história bem diferente dos filmes.
Ótima resenha. Obrigada por compartilhar.


Amanda 02/10/2023minha estante
Obrigada, Bel! Realmente, é tão importante quanto é trágica. Precisamos ter mais acesso a essas histórias que nos são ocultadas.




Eric 17/09/2023

Um registro vergonhoso da história dos EUA
Nos anos 1920, a tribo indígena Osage, de Oklahoma, era uma das populações mais ricas do mundo, devido à concessão da exploração do petróleo em suas terras. Conforme a riqueza da tribo crescia, também aumentava o interesse de empresários em obter parte dessa fortuna e terras.

Gradualmente, membros dessa tribo começaram a morrer de forma misteriosa, inicialmente por doenças não diagnosticadas e, mais tarde, de forma violenta, incluindo tiroteios e explosões. As autoridades não deram a devida importância a essas mortes, levando os Osages a financiar uma rede de investigadores particulares. No entanto, poucas respostas eram encontradas, revelando uma rede de proteção habilmente manipulada.

Somente após a 24ª morte, o ainda incipiente FBI assumiu o caso, com Tom White como investigador-chefe, e enviou mais quatro detetives disfarçados para investigar as mortes em Oklahoma. À medida que as investigações avançavam, enfrentando depoimentos falsos, ameaças e obstrução de provas, a equipe de White descobria um plano maquiavélico envolvendo empresários e criminosos para herdar terras, concessões e até apólices de seguros dos indígenas.

Essa trama era facilitada pela política xenofóbica dos EUA, que determinava que os indígenas, considerados "selvagens", não podiam administrar seu próprio dinheiro. Assim, eram curatelados por homens brancos que exploravam essa situação, aproveitando-se da falta de interesse do país em proteger e preservar esses povos da corrupção.

O preconceito era inevitável; todos desejavam uma parte das riquezas dos Osages e criticavam sua cultura. A mídia desempenhou um papel importante na propagação desse preconceito, uma vez que era inaceitável para muitos que os indígenas tivessem tanto dinheiro e, ao mesmo tempo, mantivessem seus costumes culturais. Isso sustentava os discursos limitadores sobre a capacidade dos indígenas de usufruir de sua renda.

David Grann demonstra que o plano de extermínio dessa população começou muito antes, com migrações forçadas e doenças introduzidas pelos colonizadores, como a varíola, além de mortes por desnutrição, já que o governo os alimentava com ração.

O autor faz um trabalho notável contextualizando a história principal, explorando as histórias dos indígenas, comerciantes, investigadores e criminosos, além de citar fontes da época e historiadores. Ele resgata as memórias não apenas da população, mas de toda a região, que um dia foi um dos principais polos de desenvolvimento e hoje é quase uma cidade fantasma.

O caso de Mollie, uma osage que perdeu toda a família, é assombroso. As descobertas da investigação são chocantes, com reviravoltas dignas de um filme, revelando o quão mesquinho o ser humano pode ser em busca de dinheiro e poder. David Grann documenta essa história de forma cativante, mantendo o suspense e entregando um desfecho surpreendente.

Assassinos da Lua das Flores" registra uma mancha vergonhosa na história dos EUA que nunca será apagada. Embora esses eventos tenham ocorrido no século XX, é um lembrete de que atrocidades semelhantes podem ocorrer até hoje, como o caso dos Yanomamis no Brasil.
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André Vedder 23/10/2023

Cheguei ao livro por intermédio do filme, ao qual pretendo assistir, e gostei muito da obra jornalística do autor.
David Grann fez um trabalho de pesquisa impressionante e nos trás a tona uma história pouco conhecida até então, sobre um verdadeiro massacre da tribo indígena dos Osage, ocorrido principalmente por volta da década de 1920.
O autor conduz muito bem a narrativa, mesclando o mistério por trás das mortes juntamente com o surgimento do FBI. É um livro que prende o leitor devido sua escrita fluída e principalmente pela barbárie que nos apresenta. Perturbador e real, realmente perturbador.
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Raquel 27/12/2023

Assassinos da lua das flores
Esse livro é perfeito pra quem não está acostumado a ler não ficção.

Eu amo true crime, mas na literatura eu sempre passei longe, porque não tenho costume de ler não ficção, é um tipo de leitura que não rende pra mim.

Mas tudo mudou com esse livro, estava ansiosa para ver o filme, e alguns dias antes vi um vídeo da Paloma Lima, onde ela dizia que não seria uma boa experiência assistir o filme e depois ler o livro, então arrisquei começar a ler, e eu adorei!

É bem profundo em relação a investigação, quem gosta desse tema vai amar esse livro, ele é cheio de fotos e referências que ajudam a entender a cultura dos osages, e toda a ambientação da época.

Espero gostar do filme, mesmo sabendo que ele não é 100% fiel ao livro.
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Paulo Jorge 12/10/2023

A Tragédia dos Osages
Ao contrário do que o título pode dar a entender, este não é simplesmente um livro de true crime, mas sim uma longa reportagem sobre o genocídio e a violência contra minorias nos Estados Unidos desde a sua fundação.

O foco de Grann são os assassinatos sistemáticos de membros da tribo osage nos anos 20, mas ele não perde de vista a tragédia maior: o cenário de violência e apagamento da cultura dos nativos americanos.

Como toda boa obra jornalística, a pesquisa do autor foi formidável. Após anos reunindo informações de fontes primárias, ele passou a limpo as histórias das vítimas, dos criminosos, dos investigadores e da própria sociedade americana no início do século XX.

Desde a resistência dos osages, passando pela constatação de que os crimes eram uma política de Estado, até a formação do FBI como uma instituição de controle social nas mãos de J. Edgar Hoover, em nenhum momento Grann deixa a peteca cair. O ritmo do livro é impecável e os fatos vão sendo revelados de um jeito prazerosamente orgânico.

A história por trás dos crimes é realmente brutal e revoltante, mas Grann a embala com uma narrativa competente, fluida e concisa. Não existe o menor resquício de espetacularização do sofrimento alheio, ele trata com bastante profissionalismo cada pessoa real envolvida nos anos do “Reinado do Terror”, como o período ficou conhecido.

O livro se divide em três crônicas, focadas em diferentes “personagens” profundamente envolvidos com o caso: Mollie Burkhart, onde a perspectiva da comunidade e das vítimas é explorada; Tom White, onde nos aprofundamos nos investigadores e investigados; e o próprio David Grann, onde ele explica que a motivação para seu trabalho foi uma resposta ao processo de apagamento histórico dos crimes contra os osages e as profundas cicatrizes que marcam aquele povo até os dias de hoje. Essa narrativa intensa acompanhada das instigantes fotografias da época transformam o livro numa experiência forte e impactante.

Esse é um daqueles livros que precisa se lido devagar, com reflexão e debate. Boas obras são assim, nos provocam a ficar pensando neles por muito tempo, talvez a vida inteira.

A leitura vale muito a pena.

site: autorpaulojorge.com
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Alessandro232 14/10/2023

Uma história impressionante que virou filme
"Assassinos da Lua das Flores" tem uma história tão impressionante que tornou-se um filme dirigido por Martin Scorcese. Se você ler o livro, vai entender porque o diretor se interessou pela trama.
Trata-se de um livro reportagem, mas narrado como um romance policial, com mistério, suspense, altas doses de tensão e reviravoltas inesperadas e surpreendentes. O autor e jornalista David Grann tem uma escrita bem elaborada e muito envolvente. Já nas primeiras páginas, o livro prende a atenção do leitor ao relatar o desaparecimento e morte de uma índia da tribo Osage.
A partir desse evento, Grann descreve com detalhes o auge e a inesperada ascensão econômica dos Osage. Sendo assim, o que aparentemente é uma dádiva, gradativamente, se revela uma maldição para Osage, uma vez que seus membros misteriosamente desaparecem e são encontrados mortos.
Paralelamente, a essa série de crimes misteriosos e brutais, Grann narra o surgimento do famoso FBI, o departamento de investigação do Governo Norte-Americano, cuja criação está diretamente relacionada com o trágico destino dos Osage.
O autor descreve esse processo de estruturação do FBI minunciosamente, destacando a participação de seu principal chefe J. K. Hoover , uma figura um tanto polêmica, mas que contribuiu de maneira significativa para seu sucesso e sua permanência a ponto de incorpora-lo no imaginário popular.
Dessa forma, o livro de Grann demonstra que as ações do FBI são essenciais para elucidar uma trama sórdida que revela segredos sinistros. É realmente uma história impressionante, com eventos inacreditáveis. "Assassinos da Lua das Flores" tem a história que já nasceu cinematográfica, tanto é que seus elementos dramáticos chamaram a atenção do cineasta Martin Scorcese que transformou-a em seu mais recente longa metragem.
"Assassinos da Lua das Flores" é o tipo de livro que quanto menos se souber sobre ele, melhor é a leitura. Ele relata um episódio lamentável na história americana, que nos faz refletir até que ponto chega a ganancia e a maldade humana. É um livro impactante, trágico e chocante em algumas passagens, mas com uma narrativa que prende atenção do leitor do começo ao fim.
Tornou-se um dos meus livros favoritos este ano e, provavelmente, deu origem também a um dos melhores filmes de 2023.
Sobre a edição: é formato brochura, mas com uma diagramação confortável. Além disso, tem várias fotos que ajudam o leitor a entender melhor alguns detalhes da trama.
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romulorocha 27/10/2023

Assassinos da lua das flores, de David Grann
Gênero: Não-ficção
País: Estados Unidos
Ano: 2018 / 392 páginas
Editora: Companhia das letras

?Em maio, quando os coiotes uivam sob uma lua enorme, plantas maiores, como o coração-roxo e a margarida-amarela, começam a despontar entre as menores, roubando-lhes luz e água. Os talos das flores se quebram, as pétalas saem flutuando pelos ares e em pouco tempo jazem sepultadas sob a terra. É por isso que os osages dizem que maio é o mês da lua que mata as flores?.

Na primavera de 1921, período conhecido pelos Osages como o da lua que mata as flores, deu-se início a um dos anos mais terríveis da história desta Nação indígena. Protagonistas de um repentino progresso advindo dos lucros de poços de petróleo encontrados em suas terras, os Osages se tornaram, a partir do início do século XX, um dos maiores detentores de riqueza dos Estados Unidos. Aliado a este progresso, as injustiças e a criminalidade também aumentaram consideravelmente, culminando em uma série de assassinatos sistemáticos a famílias Osages. Boa parte deles ainda permanecem na obscuridade, seja devido a causa da maioria das mortes se dar por envenenamento e na época não haver meios de comprovar, seja pela negligência do Estado em buscar os desfechos.

Assassinos da lua das flores é uma tentativa de trazer à memória dos americanos, os quais se dizem tão civilizados, a história de um povo indígena vítima da ganância de brancos selvagens ensandecidos pelo dinheiro e pelas suas pretensiosas convicções de superioridade e preconceitos. A resistência dos Osages é também a resistência de muitas outras nações indígenas ao redor do mundo, os quais merecem mais do que respeito e dignidade, merecem reparação histórica.

Agora em outubro de 2023, o livro ganhou uma versão cinematográfica dirigida por ninguém menos que Matin Scorcese. Ver ao filme tendo lido o livro torna a experiência bem mais visceral.

Para Assassinos da lua das flores, 10/10.

#resenhasdoromulo
#literaturaestadunidense
#assassinosdaluadasflores
#davidgrann
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Erica 28/12/2023

Espetacular
Muito bem escrito! Pesquisa brilhante!
E que história cruel! É doloroso ler sobre o que aconteceu com os osages e como foram tratados com insignificância.
A impunidade e o descaso, tantos crimes orquestrados e, ainda assim, saber que foram considerados apenas uns poucos...
Triste como essa história foi esquecida, mas não é difícil entender como, ainda hoje, acontece o mesmo...
Vale muito a leitura!!
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Del 14/06/2023

Chocante e assustador
Um excelente trabalho de pesquisa pra recontar o horror dessa trágica página da história dos Estados Unidos. Os povos originários sempre sendo disamados pela ganância do homem branco que sente-se de forma superior aos sujeitos não-brancos. Triste ver a quantidade de pessoas jovens que tiveram suas vidas ceifadas devida a ganância. Interessante destacar o quão o governo foi negligente. O sistema de curatela era algo extramemente imoral e absurdo.

?A história é um juiz impiedoso. Põe a nu nossos erros trágicos e nossos tropeços ridículos, expõe os segredos mais íntimos, manipula o poder da experiência como um detetive arrogante que parece saber o fim de um mistério desde o começo.?
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