Gil 22/10/2018
O melhor que Tahereh Mafi já escreveu
"Maybe I could try letting go of my anger—maybe I could try being kinder for a change—but I knew that even the most optimistic attitude wouldn’t change the structure of the world we lived in."
Ano de 2002, um ano depois do atentado terrorista de 2001. Esse é o nosso ponto de partida para a história de xenofobia, rascismo e, principalmente, uma história de amor.
Shirin é americana, mas tem descendência iraniana. Devido ao trabalho do pai, um iraniano que se mudou para os EUA quando tinha apenas dezesseis, Shirin muda constatemente de cidade e consequetemente de escola. Com isso, a garota não te tempo de se adaptar a nova cidade, a escola, aos alunos, aos vizinhos.
Na nova escola, Shirin vivencia tudo o que aconteceu com ela nas outras, desde ofensas xenofóbias até jogarem comida no seu rosto. Mas não é só na escola que a Shirin é vitima das ofensas causadas pelas pessoas.
"I made my way down the quiet stretch of sidewalk that would carry me home—trying to shake this heavy, sad fog from my head—when a car slowed down just long enough for a lady to shout at me that I was in America now, so I should dress like it, and I was just, I don’t know, I was so goddamn tired I couldn’t even drum up the enthusiasm to be angry, not even as I offered her a full view of my middle finger as she drove away."
No decorrer da leitura, Shirin vai narrando situaçõess passadas e presentes, que você fica horrorizado com a capacidade das pessoas serem tão intolerantes e desrepditosas com a cultura alheia. Dá uma agustia ler tudo o que ela narra, algumas partes eu cheguei a quase gritar quando lia as atrocidades que fizeram com ela. Mas tem uma cena que é muito, muito impactante, que me deixou com uma raiva enorme.
Shirin diz para si mesma que não vai ligar para os que as pessoas pensam ou dizem, mas ela sabe que está engando a si mesma, porque sabe que não é forte o bastante para deixar pra lá as palavras que a atingem com uma bala toda vez ela ouve.
É bastante triste.
Não sei o que a Tahereh passou na vida dela por ser muçulmana, mas um dia desses, ela postou no instagram uma situaçao bastante constrangedora que aconteceu quando ela estava no elavador. Um cara fez um comentário totalmente xenobófico achando que estava sendo engraçado. Por causa desse acontecimento, eu consigo imaginar a Tahereh contando a própria história através da Shirrn. Fico pensando o que essa mulher passou - e passa - por ser mulçumana depois do atentando terrorista de 2001.
"People were always looking at me, and when I looked back they often took it as an invitation to speak to me, and when they spoke to me they nearly always said something offensive or stupid or both and I’d decided a long time ago that it was easier to pretend they just didn’t exist."
Quando Shirin conhece um garoto branco com o nome totalmente estranho, talvez ela possa pensar que existam pessoas boas, que entendam que ela não merece tanto ódio por algo que ela não fez.
O primeiro contato do Ocean com a Shirin acontece quando ele bate sem querer o livro nas costas dela. Ele tente pedir desculpa, mas ela está bastante culpada escutando música, porém de tanto cutucá-la, Ocean finalmente consegue pedir desculpas formalmente. Depois desse primeiro "encontro", os dois passam a se encontrar, como se o destino tivesse brincando com a cabeça da Shirin.
"His name was Ocean. People took one look at my face and they expected my name to be strange, but one look at this dude’s very Ken-Barbie face and I had not expected his name to be Ocean."
O romance dos dois é algo totalmente difícil de se acompanhar, porque você fica torcendo pro dois ficarem juntos, mas tantas coisas impedem o casal, porque Shirin tem muito dos que as pessoas irão achar de um garoto branco está junto de uma garota muçulmana, o que isso vai impactar tanto na vida dela quanta na dele. Shirin fica com um pé atrás com as atitudes do Ocean porque uma pessoa branca nunca tinha sido legal com ela, porém Shirin começa a descobrir que ele está sendo totalmente verdadeiro.
Eu não gosto muito de romance, principalmente quando o foco é totalmente no personagem masculino (olá, Augustus Waters!), só que em AVLEoS é totalmente diferente. Ocean não rouba o protagonismo da Shirrin sendo um cara maravilhoso e tal, o que é totalmente signifcante para a história que a Tahereh está dividindo conosco.
Em muitas cenas dos dois, eu fiquei com o meu coração murcho porque a dor deles parecia tão real. Só não chorei porque aguentei bastante.
"I pushed him away because I was afraid to be even remotely close to someone who, I was certain, would one day hurt me. "
O romance é essencial para o livro, mas é no breakdancing que a Shirrin esquece que existem pessoas que associam a sua imagem ao atentando terrostista de 2001. Ela conhecou o breakdancing com o seu irmão, Navid, através de um filme chamado Breakin'.
Quando Navid cria um grupo de breakidancing na escola, Shirrin não perde tempo, ela entra. No grupo, ela conhece os amigos de Navid: Carlos, Bijan e Jacobi.
"I wanted to become a b-girl in the full sense of the word. It would be so much better to be called a b-girl, a breakdancer, than the Girl Who Wore That Thing on Her Head."
Fiquei totalmente quebrado por causa do final porque é sastifatório e de partir o coração em mil pedaçinhos.
A Very Large Expanse of Sea é um livro forte sobre xenofobia e racismo, amor e força, que Tahereh Mafi conta de forma brilhante com a sua escrita deliciosa que nós já conhecemos.