Gabriel 01/01/2019
Em busca de uma Cultura de Paz
Vivemos em uma sociedade que já busca, em teoria, encontrar a Paz. Entretanto não percebemos essa busca na rotina individual do dia a dia, pois ainda não está enraizada no sentir do ser humano. Torna-se então, uma busca cenográfica. É preciso que se transformem os corações das pessoas para que, reflexivamente, se transforme a convivência em sociedade.
O livro decorre em forma de um diálogo entre o professor Karnal e a monja Coen, sendo, assim, uma leitura fácil e aprazível. Os conceitos abordados, mesmo que superficialmente pela casualidade da conversa, são estritamente sábios e necessários a qualquer um que busque a vivência da procura por essa Cultura de Paz.
É uma ótima leitura.
CITAÇÕES:
"Estamos sempre defendendo e protegendo posições, papéis, personagens e objetos materiais. Quando tudo isso deixa de ser o essencial, o que sobra?" (Coen, p.18)
"Fazer o que se quer é o conceito hedonista ou infantil de liberdade. Fazer o que não se quer é o exercício maior de dizer à nossa vontade que ela tem um desejo, mas que não vamos atendê-lo." (Karnal, p.36)
"Estou tendo essa emoção, essa sensação agora. Esse aspecto também faz parte de mim. O que faço com isso? Para que serve?" (Coen, p.39)
"'Essa maneira de pensar também existe. Eu nunca pensaria dessa forma. Que interessante, como a mente humana pode pensar de formas diferentes'." (Coen, p.44)
"'Aquela pessoa é estranha, ela é diferente de mim. Não vou me aproximar dela porque não deve ter a mesma sensibilidade que eu'. Como não teria? É um ser humano! Precisamos romper essas barreiras para poder chegar a pessoas, que, como nós, também foram educadas com barreiras de medo." (Coen, p.52-53)
"Uma cultura de paz é uma cultura de tolerância ativa, mas também é, acima de tudo, uma cultura de conhecimento de si." (Karnal, p.56)
"A cultura de paz já está na maioria dos textos; ela ainda não está é na maioria dos corações." (Karnal, p.58)
"O Caminho não é difícil quando não se escolhe ou seleciona." (Coen, poema zen, p.60-61)
"Buda falava: 'Sem apego e sem aversão, o caminho é fácil'. Como fazer para não ter nem apego nem aversão, que são os dois grandes problemas da mente humana? Se nos apegamos àqueles que são parecidos conosco e formamos grupos, podemos sentir aversão aos que são diferentes de nós e talvez tenhamos o desejo de exterminá-los. Mas, se não tivermos nem apego nem aversão, poderemos lidar com pessoas muito diferentes com respeito e dignidade." (Coen, p.64)
"O professor que não lê, por exemplo, não conseguirá estimular o aluno à leitura. Já o professor que lê provoca o aluno a ler e estudar." (Coen, p.69)
"... como ensinava Buda, não há nada fixo, nada permanente. É o eu 'não eu'. Não temos um eu fixo ou permanente. Nós somos assim? Não. Somos um processo em transformação. E podemos escolher, aí sim, aquilo de que queremos nos alimentar e aquilo que queremos nos tornar." (Coen, p.69)
"Porque sempre vão existir pessoas que pensam de modo contrário ao seu, que não compreendem, que agridem. Mas se você conhece a si mesmo, sabe que não é aquilo que alguém possa estar falando que é." (Coen, p.84)
"Se nós precisamos de coerção, é porque não somos éticos." (Coen, p.90)
"A dificuldade que temos em construir uma cultura de paz é que fomos criados em uma cultura de violência, de coerção e de limites, sim, e na qual queremos continuar porque a paz só vai existir se for no meu molde e do meu jeito. Abrir mão disso, abrir mão dos próprios valores é alcançar um valor maior." (Coen, p.94)
"Tudo o que nos aparece e nos confronta é um aspecto de nós mesmos. No momento em que acolhemos isso, nós nos transmutamos, porque somos seres em transformação." (Coen, p.96)