EmillyLuna 05/06/2021
Importantíssimo e reflexivo
As coisas não se encaixariam tanto quanto se encaixam nem se o Mbembe tivesse previsto a pandemia. Ele faz uma análise incrível sobre a discrepância da presença do Estado no que se refere ao alto dos prédios ou ao alto dos morros, a forma como a política de morte se faz presente de tantas formas diferentes, dizimando populações mais vulneráveis. É uma leitura que, se conhecemos pelo menos um pouquinho do que o país está passando agora, dói e muito.
É um dos meus primeiros contatos com leituras mais políticas. Já tinha como base meus estudos e reflexões em sociologia e filosofia, mas acho que a comparação não pode ser tão grande assim, conhecer a obra em si tem um valor muito diferente. Por isso, não sei dizer se meu posicionamento está sendo colocado da maneira mais correta possível ou se não. Talvez minha opinião no âmbito geral mude com o tempo, até a avaliação que dei ao ensaio, entretanto, creio que eu possa ter certeza ao declarar que é uma leitura necessária, importante de ser feita.
Ajuda muito a entender como a classe tende a determinar quem somos e como seremos tratados, ajuda a entender como as relações raciais ainda estão no início de uma caminhada longuíssima por equidade. Prova, mais uma vez, a importância do movimento negro em busca dos seus direitos e em busca de direitos básicos, que não deveriam precisar de tantas e tantas reafirmações, mas continuam precisando e precisando.
É exatamente o que a Eldemes, o Joaquim e o Silas, meus professores, trouxeram para debate em sala. A necropolítica se faz presente nas mais variadas situações. A pandemia veio para tornar isso ainda mais evidente, é o que está acontecendo agora e sempre aconteceu: o Estado está deixando morrer, escolhendo quem morre, negligenciando, reproduzindo o racismo, exercendo uma das piores faces do capitalismo. É mais do que absurdo.