Danilo Andrade 19/07/2021All they are is dust in the windA maestria com que Rovelli enlaça as sendas da ciência com a poesia, é inspiradora. Imagino ser fruto das décadas de pesquisa, com o olhar de constante maravilhamento que o move na busca por vestígios da realidade; e não há algo mais belo que essa forma pueril, doce, e encantadora de transmitir aos outros a beleza inebriante que a existência nos revela como humanidade.
O tempo é um daqueles temas no qual sempre nos arrasta de um insight passageiro para o nada em segundos, e tonteados por imprecisos fragmentos, não conseguimos cristalizar a sua concepção, apesar de, esta propriedade dizer muito sobre uma de suas muitas facetas, a da impermanência, que paradoxalmente, torna-se uma constante ontológica. Por vezes, para a "praxis" acadêmica e escolar, nos apegamos à conceitos superficiais sobre o tempo, seu funcionamento, e a relação dele com o que nos cerca, e graças à mentes inquietas como de Carlo, Einstein, Kant, Spinoza, Heidegger, e tantos outros, podemos deslindar minimamente a esfinge do tempo, e concilia-las com nossas perspectivas demasiadas humanas.
A beleza deste livro reside na forma sutil e elegante que o autor busca aliar a cultura humana, sua perspectiva biológica, filosófica, e artística, que o tempo em seu desvanecer invariável, inflamou nos espíritos pertubados pela questão que essencialmente nos une... que um dia morreremos, e portanto, como apaziguaremos o embate das marcas do passado e das sombras do futuro? Este livro nos situa de forma enriquecedora, sobre o desfoque que nossas percepções são submetidas, e inversamente, como essa nova leitura e reconhecimento de nossa efemeridade pode transformar a forma como agimos como humanidade.