Erika Neves.1
04/01/2020Em Black Hammer de Jeff Limere, acompanhamos um grupo de super heróis extremamente atípico e fora dos padrões. Isso pq depois de salvarem o mundo da destruição, por alguma motivo, que ninguém sabe, eles se veem presos em uma fazenda situada em uma cidadezinha dos EUA. Literalmente presos, pq uma espécie de campo de força impede que eles saiam dos perímetros da cidade.
Pra piorar ainda mais a situação, eles não são uma família de heróis, como o Quarteto Fantástico, e nem mesmo um grupo de heróis que trabalham juntos como Os Vingadores, ou os X-Men. Eles simplesmente estavam todos juntos ao enfrentar o perigo que ameaçava o mundo e assim permaneceram até hoje. Por 10 anos.
Inclusive ao iniciar a HQ está completando exatos 10 anos desse lamentável infortúnio. Pouco a pouco vamos conhecendo os personagens, suas dores e angústias e da mesmo forma que Jeff Lemire fez em Condado de Essex, vamos criando uma enorme empatia por todos eles.Em cada capítulo, Lemire se dedica a fazer um pequeno FlashBack de cada um. Abraham Slam, é uma espécie de “Capitão América” do grupo, já que é quem mais se esforça pra manter tudo de uma forma minimante normal. Até mesmo pq ele é o único que não tem super poderes, ele é um ser humano normal, o que torna fácil pra ele se adaptar ao mundo. O mesmo não se pode dizer de Gail, a Menina de Ouro, que é uma mulher de 55 anos presa no corpo de uma menina de 10 anos. Barbalien, é um marciano, que consegue assumir a forma humana, mas que por conta de sua orientação sexual, sempre se sentiu uma aberração tanto na Terra, como em Marte. Madame Libélula, é uma bruxa que vendeu a alma na tentativa de ressuscitar o filho morto. E por fim temos o Coronel Weird, que ficou completamente maluco ao cruzar para uma dimensão chamada Parazona e sua fiel escudeira, a robô Talky-Walky, que tenta de todas as formas construir uma sonda para sair de lá.
E assim vamos acompanhando essa trupe disfuncional. Sem dúvida, pelo menos pra mim, a que está na pior situação é Gail que se vê presa no corpo de uma criança. Ela é amarga, raivosa, revoltada, sempre sendo desagradável, fumando e falando palavrão. Mas ao mesmo sempre eu senti uma enorme empatia por essa mulher presa em um corpo de criança o que a impede de levar uma vida minimamente normal, como os outros.
A história se passa em uma época não determinada, mas fica subtendido que está situada em meados dos anos 50 e Lemire aproveita pra homenagear os filmes desse período, como os filmes de monstros e super-heróis que passavam nas matinês.
A arte ficou a cargo de Dean Ormston, mas Jeff Lemire fez a arte das capas que separa cada parte das histórias. Não sei quantos volumes terá mas com certeza continuarei lendo pq fiquei curiosa com o desfecho.
Recomendo a todos, principalmente aos fãs do estilo melancólico de Jeff Lemire.