Luiza Helena (@balaiodebabados)
12/06/2018Originalmente postada em https://balaiodebabados.blogspot.com.br/De início Torre do Alvorecer seria um conto focado no Chaol, mas Sarah sendo Sarah decidiu escrever toda uma história e eu nem um pouco reclamei. Pode entrar, livro que acabou com minhas estruturas.
Desde o início da série, Chaol Westfall sempre foi um dos meus personagens favoritos por conta do seu senso de lealdade, que é algo que prezo muito nas pessoas. E esse mesmo senso de lealdade (que aqui digo amor encubado) por Dorian e a lealdade (aqui lealdade mesmo) pelo seu reino fez com que ele depositasse sua confiança nas pessoas erradas, fazendo ocorrer a sucessão de acontecimentos que culminou o deixando sem o movimento das pernas.
Junto com a mulherão da porra Nesryn Faliq, ele é enviado a Antica não só pra se curar, mas também conseguir aliados na guerra contra os Valg. Já é de se imaginar que não vai muito bem o lance dos aliados, e o babado fica um cadinho pior com a curandeira designada para o seu caso - Yrene Towers (sim, SJM fez mesmo esse trocadilho) - não sendo nada nada fã da galera de Andarlan.
Ao decorrer da estadia em Antica, os três vão descobrir segredos e informações que podem mudar todo o curso da guerra - além de conhecer a si próprio mais a fundo.
Adorei como a Sarah trabalhou esse processo de cura do Chaol como um lance não só físico, mas também psicológico. Chaol chegou um homem quebrado por dentro, se culpando por uma série de acontecimentos que se sucederam justamente por conta das suas escolhas. Muitos não gostam do Chaol por conta dessas decisões, mas esse é um dos detalhes que mais gosto no personagem. Ele errou? Claramente que errou feio, errou rude, mas isso o faz um ser humano como eu e você. Como já dizia o pagode do Revelação: todo mundo erra sempre, todo mundo vai errar. São nesses erros que aprendemos e evoluímos e foi isso que aconteceu com Lorde Westfall. Mas até que ele entendesse que se culpar não iria levar a nada, haja tempo e teimosia. No final desse livro, temos um Chaol completamente diferente do Chaol que conhecemos em Trono de Vidro: temos uma versão evoluída, que aceitou seus erros, aprendeu com eles e está disposto a deixá-los no passado.
Não vou mentir que levei 84 anos para lembrar quem era Yrene no jogo do bicho. Eis que a personagem já nos foi apresentada em um dos contos presentes em A Lâmina da Assassina, fazendo assim mais uma ressuscitada pela Sarah. Logo de início, vemos que a personagem é dedicada, altruísta, com um espírito bom e de língua afiada e raciocínio tão afiado quanto.
Assim como Chaol, Yrene também foi uma personagem que precisou se curar por dentro, mas por outros motivos. Yrene era uma mulher ressentida com o reino de Adarlan por conta do destino de sua mãe. Então imagina como ela se sentiu ao ser designada a cuidar do então agora Mão do Rei de Adarlan? Pois é… De início, claramente o seu relacionamento com Chaol era na base do desprezo e ressentimento, mas ela fez algo que ninguém havia feito a ele até aquele momento: não o tratou com pena ou completo inválido.
À medida que vai avançando o tratamento de Chaol, os dois vão mudando de opinião um sobre o outro, dando início a uma amizade inesperada, e mais pra frente se tornando algo a mais… Sim, gente.. Cupido Maas ataca novamente, me fazendo mais um ship pra sofrer no próximo livro. Assim como o relacionamento entre os outros casais da série (exceto vocês, Rowaelin), Sarah soube muito bem desenvolver cada sentimento entre ambos, sejam eles desejo, companheirismo, dúvidas…
Mas quem realmente roubou a cena aqui foi a minha guerrerinha Nesryn Faliq. Gente, que mulher… QUE MULHER! Nesryn é uma personagem que nasceu evoluída e madura, mas infelizmente não tendo muita sorte em alguns aspectos da vida. Se eu tivesse 1% da maturidade dela, eu seria uma pessoa melhor e isso eu tenho certeza.
Sendo uma mulher mestiça de duas nacionalidades completamente distintas, Nesryn teve que lutar para alcançar o respeito no reino de Adarlan, mas nunca se sentindo completamente em casa no reino. Desde o primeiro momento que ela pisa em Antica, é como se um peso na costa da personagem sumisse e isso é bem perceptível quando as narrações são focadas nela. O arco dela aqui é um dos mais importantes e trabalhados que li durante toda a série.
Ao explorar a história em outro lugar, Sarah poderia ter bagunçado tudo mas não. A cultura e os modos de Antica foram bem introduzidos e explicados, sem ser naquele estilo jogar um bando de informação na tua cara. São nessas explicações que vemos o quanto Adarlan e esse reino são diferentes em vários aspectos, principalmente no tocante político e religioso. Além de um mundo novo, Sarah também introduz personagens que com certeza vão fazer a diferença na guerra contra os Valgs. Destaco aqui Hasar e Sartaq, ambos filhos do khagan (a maior autoridade política de Antica).
Hasar foi uma personagem que me deu sentimentos conflituosos. De primeira, achei ela muito parecida com a Morrigan (Corte de Espinhos e Rosas) e já daí eu tive um pé atrás. Em certos momentos, eu achei que ela não merecia a amizade de Yrene, mas política é política e algumas pessoas jogam com as cartas que tem. No fim das contas, eu ainda não sei se gosto ou desgosto dela, e isso serão cenas para o próximo livro. Já Sartaq.. Que homem! O cara chegou quieto, como quem não quer nada e conquistou mais de um coração nessa leitura. Ele é leal ao seu pai, porém ele é mais leal a fazer o que é certo, mesmo que isso vá contra as ordens de seu pai.
Os acontecimentos em Torre do Alvorecer acontecem em paralelo com Império de Tempestades. Em alguns momentos, é dito alguns passos de Aelin para Chaol e Nesryn. Porém, foi nesse livro que a Sarah decidiu que a gente não sabia era de mais nada sobre os Valg, chaves de Wyrd e o bagulho todo. São descobertas mais informações envolvendo Maeve e os reis Valg que me deixaram estirada na BR. Gente, sério… são informações que dão uma guinada de 180 graus em tudo que você que sabe da série. Eu realmente não vi isso acontecendo…
Dona Sarah é dona de fazer meu coração sofrer em retas finais de livro e aqui não foi muito diferente. A diferença é que, enquanto em Império de Tempestades ela destroçou meu coração com aquele final, aqui ela deixou um final mais amorzinho e cheio de esperança que tudo vai se resolver. E É O QUE ESPERO QUE ACONTEÇA SENÃO NÃO ME RESPONDO PELOS ATOS OK????????
Você achou que não teria algo sobre Aelin nesse livro? Achou errado, otário! No final do livro, temos um breve vislumbre do que está acontecendo com a rainha de Terrasen, só pra deixar mesmo na curiosidade e agonia pelo desfecho de tudo isso.
Uma única reclamação desse livro são os 13 primeiros capítulos, motivo pelo qual tirei meio gatinho. Sim, esse número exato mesmo. Eles são bem longos, o que me deixava um pouco cansada já que estava lendo de noite. Mas a partir do 14, os capítulos diminuem bastante de tamanho, se tornando mais curtos e fazendo a leitura fluir melhor.
Torre do Alvorecer foi um livro que mereceu sim entrar na linha de tempo da série. Ele trouxe informações cruciais para a história, personagens que irão fazer a diferença e esperança que tudo vai acabar bem para todos.
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