@pequenasdicasliterarias 13/08/2020Fique comigo - 5/10Esse livro veio tomado de tantas pautas e reflexões que eu apenas não me prendi ao mesmo. Traz tanta coisa que a gente fica lendo e totalmente confusa quanto aos sentimentos que surgem ao decorrer da historia contada pela autora.
Ayobami Adebayo traz a historia de Yejide, uma mulher nigeriana, nascida em Lagos, da qual foi casada com Akin. Alguns capítulos são contados por Yejide, outros por Akin.
Inicialmente, temos Yejide em Nova York, se preparando para retornar à Nigéria, em razão de pedido feito por Akin, para que ela comparecesse ao velório do pai dele. Esse capítulo se passa nos dias atuais.
Dai já se conclui que ambos se separaram. No próximo capítulo, somos transportados para alguns muitos anos antes, ao momento em que Yejide se vê confrontada pela família de Akin a aceitar uma segunda esposa para o marido, uma vez que ela, à época, ainda não conseguira engravidar e ter um filho dele.
A partir dai somos apresentados às angústias de Yejide por se sentir insuficiente para a sociedade e dentro de seu próprio casamento.
No entanto, tanta coisa acontece desde esse momento que a história acaba se tornando cansativa, sofrida e perturbadora.
Eu entendi que esse sentimento é proposital, principalmente para que nós, ocidentais, tenhamos um choque relacionado à cultura daquele país, em como eles conduzem as próprias relações sociais e religiosas e como uma coisa sempre tá ali, se entrelaçando na outra.
Questões como os papéis de gênero muito bem delineados e o sofrimento dos envolvidos quando tais papéis não são suficientemente desempenhados. No caso de Yejide, a frustração por não conseguir engravidar e a pressão sofrida por ela pela família e a sociedade, como um todo, como se isso a tornasse menos digna de um marido, de uma casa, de um casamento, de uma família, de uma vida.
Por outro lado, vemos a perspectiva de Akin, que também não consegue desempenhar o papel da qual lhe é exigido como homem, dentro dessa mesma sociedade cruel, o que acaba por lhe subjugar a uma masculinidade frágil e tóxica, por mais que ele seja extremamente apaixonado por Yejide e pela relação dos dois.
A medida que as coisas vão acontecendo, tal qual um efeito dominó de coisas ruins, o leitor fica atordoado no meio de tanta coisa ruim, desgraça, sofrimento... esse foi o meu sentimento. Tanto que quase não conseguia concluir a leitura, por não saber se valeria a pena.
Essa sensação de confusão foi tão persistente que, ao final da leitura, no ápice da emoção do livro, eu não consegui me conectar aos personagens e perdi completamente o instante de clímax que foi trazido pelo capítulo final.
Apesar de aclamado, esse livro, para mim, foi um atordoado de emoções. Por isso, para aqueles que ainda não leram mas tem vontade de assim fazerem, minha dica é se prepararem para o misto de emoções que ele propõe.
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