Rafael.Gomes 09/01/2023
Denso e relevante
Segue a linha do "Pequeno manual antirracista" da Djamila Ribeiro, mas esta obra é bem mais profunda, mais difícil de ler e (talvez por tudo isso) ainda mais interessante. Aqui o "Estrutural" ganha contornos bem mais claros e em todos os aspectos sociais, econômicos e culturais. O despertar para esta realidade é fundamental para o conhecimento e "evolução" da sociedade. Gostaria de indicar para milhares de pessoas, mas acho que o "Pequeno manual antirracista" é mais relevante como leitura inicial para o tema e se adapta melhor à introdução, sendo esta obra uma leitura de aprofundamento posterior.
Trechos:
(?) o racismo é sempre estrutural (?) integra a organização econômica e política da sociedade. Em suma, o que queremos explicitar é que o racismo é a manifestação normal de uma sociedade, e não um fenômeno patológico ou que expressa algum tipo de anormalidade. O racismo fornece o sentido, a lógica e a tecnologia para a reprodução das formas de desigualdade e violência que moldam a vida social contemporânea.
(?) o racismo é uma decorrência da própria estrutura social, ou seja, do modo hormal" com que se constituem as relações políticas, econômicas, jurídicas e até familiares, não sendo uma patologia social e nem um desarranjo institucional. O racismo é
estrutural. Comportamentos individuais e processos institucionais são derivados de uma sociedade cujo racismo é regra e não exceção. O racismo é parte de um processo social que ocorre "pelas costas dos indivíduos e lhes parece legado pela tradição". Nesse caso, além de medidas que coíbam o racismo individual e institucionalmente, torna-se imperativo refletir sobre mudanças profundas nas relações sociais, políticas e econômicas.
O que nos é apresentado não é a realidade, mas uma representação do imaginário social acerca de pessoas negras.
(?) uma pessoa não nasce branca ou negra, mas torna-se a partir do momento em que seu corpo e sua mente são conectados a toda uma rede de sentidos compartilhados coletivamente, cuja existência antecede a formação de sua consciência e de seus afetos.
Assim como o privilégio faz de alguém branco, são as desvantagens sociais e as circunstâncias histórico-culturais, e não somente a cor da pele ou o formato do rosto, que fazem de alguém negro.
Não existe ?consciência de classe? sem consciência do problema racial.