malu334 30/01/2023
“There she is, a human being, diving into the unknown, and she is wide awake."
Sendo sincera eu demorei um tempo pra pegar o ritmo desse livro, esperava algo mais como “A redoma de vidro”, e de certa forma recebi. De início é difícil não debochar de como a protagonista usa dos seus privilégios, fora não entender as motivações pra uma vida tão vazia; como que nos anos 2000, sendo loira, alta, magra como Kate Moss e com uma boa condição, não a levou a lugares melhores? Não posso dizer que mesmo no fim da leitura entendi suas causas, mas acredito que isso é parte da proposta desse livro: só observar.
Não vejo lição de moral, muito menos como um alerta do que não fazer — pelo contrário, a exposição do uso exagerado de remédios sedativos é irresponsável, quase como se não tivesse perigo nenhum em fazer uso—, vi apenas uma história de alguém, que te mostra o quão diferente a depressão pode agir em cada um. Além de mostrar outra problemática bem presentes nos anos 00’s, como a bulimia. É uma leitura expositiva, não dá pra assumir nada da protagonista sem ser o óbvio, e pra mim isso é muito interessante.
Os personagens são desgostáveis, principalmente a (péssima) terapeuta dela e o seu ficante. Não existe uma relação familiar e em alguns pontos é triste vê-la buscando isso. Ela também não é muito agradável, não é uma boa amiga e muito menos uma boa companhia, inclusive pra ela. A protagonista não ter nome e o livro ser narrado em primeira pessoa me deixou entender que ela não queria ser reconhecida — talvez parte do plano de não existir e só descansar por muito tempo.
Todo mundo já passou por momentos que dá vontade de pausar o tempo, e a Ottessa mostrou isso em prática, pausando a vida dela e continuando a do resto do mundo. É sem dúvidas uma leitura interessante, mas não me cativou tanto quanto esperava e me deixou um tanto quanto insatisfeita com o final. Recomendaria pra quem gosta de literatura melancólica e pra quem quiser ter uma outra visão sobre a vida.