Kris Monneska - Conversas de Alcova 14/09/2018Um Thriler surpreendente e arrebatador *** Tô toda me tremendo Rosana ***A história começa nos mostrando um crime aterrorizante, nesse momento conhecemos o antagonista da história - O Execultor e essa cena se inicia preparando o caminho, mas não os nossos corações para tudo o que a trama nos reserva.
Na sequência, somos apresentando a uma protagonista extremamente forte e decidida, a detetive Barbara Castelo. Uma jovem filha de um americano com uma brasileira, que passou parte de sua vida no Brasil e que voltou para os EUA para morar com o pai, após a morte de sua mãe. Barbara é uma personagem extremamente completa e complexa, ela carrega uma forte carga dramática e também fortes conflitos, como traumas da infância, problemas familiares e a descoberta de que a vida dos seus país não era bem como ela imaginava. Esse ultimo torna-se o motivo dela decidir se afastar da vida que estava acostumada e partir para a cidade de Barrow, no Alasca. Lugar muito diferente do que ela está habituada, pois além do frio glacial, em determinados momentos do ano o sol se esconde durante cerca de 30 dias.
Surpreendentemente, para uma cidade pequena, após pouco tempo de sua chegada um crime brutal é cometido e seu modus operandi apresenta uma ritualística estranha, que leva barbara a desconfiar de que aquele assassinato tenha uma mensagem ainda pior do que a policia imagina. Suas suspeitas podem não ser muito bem recebidas pelo seu novo chefe e sendo assim ela passa então a investigar por conta própria, em partes com a ajuda do seu novo parceiro de quem ela não gosta muito e a cada nova descoberta, eles percebem que o inferno está próximo.
Inferno no Ártico é um thriller maravilhoso que nos prende do início ao fim da leitura. Tudo na trama é intenso, desde a apresentação das personagens, até a maneira que elas interagem entre si.
Para a Cláudia não é suficiente escrever sobre um assassino macabro e cruel, ela precisa criar a trama mais completa e profunda possível, com uma protagonista tão intensa quanto o serial killer, talvez até mais. Como sempre a Cláudia se sobressai na criação de personagens, intensos, e fodidamente reais, não houve como não me conectar com eles e a dinâmica da parceria que os envolve.
O enredo de Inferno no Ártico é extremamente rico, ao optar por protagonizar a sua história com uma mulher a autora, não se abstém de apresentar na trama as batalhas contra o machismo, que uma mulher em posição de poder precisa enfrentar todos os dias durante a sua vida, como assédio, mansplaning, perseguição e etc. E tudo isso enriquece o enredo e nos aproxima mais ainda dessa personagem.
Outro fato que pra mim é uma característica forte da escrita da Cláudia Lemes, é o minucioso processo de pesquisa pelo qual suas obras passam, não só em termos que envolvem a investigação do caso, mas também do local onde a trama se passa. Tanto é que a trama se desenvolve numa cidade afastada do EUA, mas é tão bem descrita e ambientada em detalhes que podemos praticamente visualizar as ruas de Barrow. Vale salientar que a trama não se desenvolve no exterior por mero capricho da autora, o lugar tem importância direta com o desenvolvimento da história.
Eu devorei o livro e só não o fiz mais rápido porque estive bastante envolvida com a eleição (e tive que parar um pouco a leitura pra tretar no Facebook), mas completei a leitura em cerca de três dias. E nossa cheguei ao final do livro com várias interjeições na cabeça, em forma de palavrões, que tentavam exprimir a minha surpresa e excitação com a conclusão da leitura.
Inferno no ártico é Cláudia Lemes, sendo Cláudia Lemes. A trama é intensa e brutal, daquelas que bota o dedo na ferida e gira, variadas vezes. Não é uma história fácil, pelo contrário, toca em pontos extremamente delicados, envolve tabus e é permeada de gatilhos.
Porém aborda pontos que devem ser pensados, questionados e debatidos. É um livro que nos faz pensar na vida e na loucura do mundo.
A Escrita da obra é limpa e de precisão quase cirúrgica do tipo que te empurra pra próxima página, e para a próxima consecutivamente até o fim. Se não fossem as tretas politicas eu teria o lido de um só fôlego. Mesmo assim terminei leitura sedenta por mais. E com vontade de abraçar a Cláudia e dizer: "Obrigada por me deixar ler esse livro, foi por finais assim que me tornei leitora".
Inferno no Ártico marca o retorno da Cláudia Lemes ao mercado independente e olha não há maneira melhor de definir esse retorno do que dizendo que ela voltou metendo o pé na porta. O livro está incrível, desde o trabalho gráfico, que não deixa em nada a desejar pra nenhuma editora, até o seu conteúdo fabuloso. A matéria prima do livr é de primeira qualidade, a capa ficou deslumbrante, a impressão do livro está impecável e a revisão deixa no chinelo muita editora grande por ai. A obra sem dúvida valeu cada centavo que as pessoas que a compraram em pré-venda pelo projeto do Cartase empregaram e sem sombra de dúvidas mostrou que vale a pena investir e apoiar os próximos projetos da autora, pois a gente não vai se arrepender.
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