Alineígena Alien 27/09/2020
Este livro é escrito por dois cientistas políticos estadunidenses, professores de Harvard. No intuito de demonstrar que a democracia dos EUA está possivelmente fragilizada e corre sérios riscos de desmoronar desde a eleição de Trump, são resgatados vários exemplos históricos de diversos países cuja democracia ruiu seja de forma abrupta, como através de um golpe, ou principalmente de forma sutil, através das próprias instituições democráticas. É sempre claro que uma democracia morreu quando se trata de um golpe violento, tanques nas ruas, fogo no palácio, militares tomando o poder à força, mortes, luta. Mas o livro foca em alertar sobre as democracias que morrem de forma bastante sutil, com os líderes autoritários tendo bastante apoio popular, quase sempre eleitos de forma democrática, e com o uso de sistema eleitoral e outros elementos e instituições democráticas. E tudo isso faz com que muitas pessoas não percebam os comportamentos autoritários, antidemocráticos e inconstitucionais dos líderes desses governos. Ou talvez percebam, mas gostem, pois não enxergam o possível desenrolar disso.
O livro tem foco total na aplicação nos EUA (o que tornou a leitura um pouco difícil para mim em alguns pontos, pois se tem uma coisa que não entendo é o sistema eleitoral dos EUA, e o livro neste sentido não dialoga com leigos), e foi publicado em 2018, antes da eleição de Bolsonaro. O Brasil é citado rapidamente para falar sobre Getúlio Vargas e, mais para frente, como exemplo de uma atual democracia segura e sólida. Porém, usando a análise do próprio livro, a democracia brasileira atualmente corre tanto risco, ou mais, quanto a democracia estadunidense. É angustiante e desesperador o quanto o livro parece querer falar sobre o Brasil, sobre o Bolsonaro, o tempo todo. É assustador.