Yasmin O. 16/07/2023Uma das melhores leituras do ano. Eu já conhecia a Leonora como pintora, de um catálogo de mulheres surrealistas no México (ela é inglesa, mas viveu grande parte da vida expatriada no México) que agarrei num sebo e trouxe pra casa, surtei quando soube da existência desse livro e que ela também era escritora.
É um livro excêntrico, onírico, zombeteiro, subversivo, feminista, com críticas mordazes ao cristianismo, ao patriarcado e à hipocrisia social, permeado pelo surrealismo da autora (sim, tem muita coisa esquisita rolando aqui, com muito significado, amo). Acontece tudo em todo lugar ao mesmo tempo nesse livro, partindo de uma premissa singela: uma senhorinha de 92 anos, vegetariana e com surdez, presenteada com uma corneta auditiva, narra os inusitados acontecimentos do livro em primeira pessoa.
E ainda tem um posfácio da Olga Tokarczuk, que é um espetáculo à parte (ela encontrou até um tempinho para debochar da escrotidão de Joseph Conrad em relação às mulheres 🗣️).
Amei muito esse livro, (quase) sem palavras!! E ainda conversou com outra leitura que tenho feito bem aos pouquinhos, o "Quando deus era mulher" da Merlin Stone.
"(...) tudo o que é excêntrico é como uma Deusa em espírito". - Do posfácio da Olga.