Gramatura Alta 03/06/2019
http://gettub.com.br/2019/06/03/samurai-shiro/
Akemi é filha de japoneses, perdeu os pais quando criança e, recentemente, também perdeu o avô. Agora, ela vive sozinha em São Paulo. Ao mesmo tempo, um homem acorda em um hospital sem memória de quem é ou de seu passado. Seu único pertence é uma katana, espada típica japonesa. Na busca para saber o que aconteceu, por que perdeu a memória e de quem é a espada, ele acaba chegando até Akemi. Então, eles precisam lidar com samurais, a yakuza, vinganças de clãs, códigos de honra, enquanto desvendam o motivo da vida dos dois estar ligada.
Akemi é uma garota corajosa, destemida, que anseia por descobrir porque querem matá-la e quais os segredos de sua família. E também como uma espada, que deveria ser sua, foi parar nas mãos de um desconhecido. Sua parceria com o homem sem memória, que acaba pode descobrir que se chama Shirô, até convence, eles combinam, da mesma forma que acontece em muitos filmes de lutas marciais, onde um americano faz dupla com uma garota japonesa. E é nesse ponto que a HQ decepciona, na falta de criatividade, de algo que a torne diferente, ou que lhe dê algum destaque.
Se você assiste filmes de ação, principalmente de karatê ou judô, vai ver que várias partes, inclusive os trechos de ação, são cópias desses filmes. O comportamento dos vilões, a relação dos dois personagens principais, até mesmo as mortes, tudo você já viu em outro local. Não existe uma surpresa, algo que faça o leitor ansiar, porque você tem quase certeza do que está por vir. E conforme lê, confirma que está certo.
O mesmo se pode dizer dos diálogos, que são todos reativos ao que acontece. Ou seja, os personagens não estabelecem conversas dedutivas, ou explicativas, eles apenas trocam frases de acordo com o que fazem e o que veem. Isso torna a história superficial, com um pouco de canastrice, falta personalidade. E essa canastrice está bem presente no personagem Shirô. Ele poderia ser, perfeitamente, uma representação das atuações de Schwarzenegger e Stallone, naqueles filmes dos anos de 1980.
SAMURAI SHIRÔ possui algumas características próprias de mangás, embora seja uma HQ ocidental, por causa dos desenhos em preto e branco, dos traços dos personagens e, é claro, do pano de fundo ser a cultura japonesa. As feições dos personagens e suas atitudes são outros fatores que contribuem para essa semelhança. As lutas são bem desenhas, de uma forma sequencial, com quadrados claros e limpos, o que permite compreender o que está acontecendo, ao contrário de alguns mangás que utilizam um excesso de traços retos para passar a sensação de velocidade e poluem a página demais.
Ela não chega a ser uma HQ ruim, mas não traz nada de novo, perde a chance de ser algo diferente, algo criativo, e decepciona exatamente por isso. Fica a dúvida sobre o porquê comprar algo que você já conhece, ainda mais pelo preço da edição, apesar de ser de luxo, capa dura, estilo padrão da Darkside Books. Vale a compra como incentivo, uma vez que é de autor nacional, mas apenas por isso.
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