ritita 20/06/2021Que história!Apesar de tudo já lido sobre guerras, sempre falta alguma versão, cada uma mais triste que outra.
O título é uma triste ironia. Ter sorte é continuar vivo depois de tantas quase mortes? Sei não.
Sou covarde quanto a dores físicas, por muito menos já questionei se a morte dói tanto quanto algumas dores, mas o caso em questão não tratou-se apenas do físico - talvez a fome, a incerteza do amanhã e as torturas mentais tenham valido as penas de se manter vivo. O que eu sei sobre isto?
A narrativa contempla todos os horrores da família Kurk e seus aparentados durante a odiosa 2ª guerra. Família esta classe média, judia - claro, e com um forte sentimento familiar.
Todos eles, inclusive crianças passam os piores momentos que um ser humano é capaz de suportar. Sim, aguentamos mais do pressupomos poder.
Eles seguem em frente, com uma inabalável vontade de viver. Uma fé sem limites, uma garra imensa e uma esperança inesgotável.
Um livro onde todos os personagens são importantes para o possível reencontro da família, houve os que foram degradados para campos de trabalho forçado em toda Europa, outros conseguiram fugir antes dos pogrons; enfim, a família distribuía-se por quase todo o mundo.
Ah, Halina, uma das filhas do casal Kurc, a que nunca esmorece nesta tão difícil missão, foi minha predileta.
Apesar da narrativa perfeita, não foi um livro fácil de ler - levei mais de um mês; nos dias em que não estava bem, não lia. Noutros, só lia até o estômago apertar.
Felizmente termina bem.
A ideia do livro surgiu da curiosidade da autora a ouvir histórias contadas pela avó e que ela desconhecia. Não sabia nem que era descendente de judeus.