Luliane.Machado 21/08/2022
Vox é um livro que te causa raiva pela forma como as mulheres são tratadas! Fato.
Jean, sua filha e todas as mulheres só podem falar 100 palavras por dia! Ultrapassar essa quantidade de palavras significa punição. A punição significa choque.
Jean não suporta essa situação, nunca imaginou que isso poderia acontecer, mas aconteceu. Antes dessa determinação, imposta pelo governo, todas as mulheres trabalhavam, eram livres e falavam o quanto queriam. Jean era médica atuante que estava prestes a ajudar uma paciente a voltar a falar. Mas tudo foi interrompido...
Sua vida agora é ouvir seu esposo e filhos homens falarem sobre qualquer tipo de assunto sem limitação. Jean e sua filha ocupam o papel de ouvir e responder de forma monossilábica as perguntas feitas por eles. Jamais ultrapassado 100 palavras/dia.
Um dia o irmão do presidente sofre acidente e precisa de um médico especializado no trauma que sofreu, a pessoa ideal para isso é Jean. O governo lhe procura e propõe retirar o seu contador de palavras para que ela ajude o irmão do presidente. Jean se recusa. Se fosse uma mulher, tudo bem, mas o irmão do presidente, ela não quer ajudar.
O presidente pessoalmente solicita que Jean ajude. Ela se recusa e um contador mais severo lhe é colocado no pulso. Dias depois o presidente manda uma carta para Jean perguntando o que ela quer em troca para salvar o seu irmão. Jean quer a remoção do contador do seu pulso, do pulso da sua filha e de uma outra colega médica que ela precisa de ajuda para o caso. Além disso pede que a filha não seja mais obrigada a ir para a escola e que seja educada em casa por ela mesma.
Jean parece ter conseguido o que queria, porém, sua filha revolta-se e fica triste pois estava prestes a ganhar a competição da escola de quem menos fala. Isso pois, no dia anterior ela já havia sido premiada por ter pronunciado apenas 3 palavras. Jean se vê num cenário em que é preciso mostrar a sua filha que ela pode falar livremente, coisa que sempre foi impedida. Além disso, Jean tem mais três filhos homens, sendo que um deles acredita piamente no que o governo impõe, que as mulheres devem servir, ser submissas. Ou seja, Jean tem em casa um filho que sofreu a lavagem imposta pelo governo.
Até esse ponto o livro é muito curioso, te deixa ansiosa pelo final, para saber o que vai acontecer. Mas o final deixa um pouco a desejar, além de alguns fatos não ficarem claros os seus motivos. Como por exemplo: por que a maioria das pessoas aceitaram esse tipo de regime de submissão das mulheres? Como toda a força feminina foi tirada do mercado e a economia não sofreu um colapso? Como os demais países enxergavam o que estava acontecendo nesse lugar?
Agora penso que a autora se inspirou na segregação que Hitler fez para pensar essa história e mostrar uma segregação de mulheres.????
O livro também provoca questionamentos: a religião pode cegar as pessoas? Existem pessoas que acreditam mesmo que a mulher deve ser submissa a tal ponto como o narrado nesse livro? Enfim, questionamentos necessários sempre...
Faltou a autora esclarecer alguns pontos, mostrar como foi possível tamanho retrocesso, o que aconteceu com os chefes durante a reunião final, descrever com detalhes o que Patrick fez, se encontraram o Morgan no laboratório... enfim... mais algumas páginas poderiam ter rendido estrelinhas a mais da minha parte!