Gilberto Alves 21/07/2022
Ruim
Vamos lá.. Antes de mais nada, distopia é um de meus estilos preferidos.
Eu poderia apenas classificar este livro como ruim, mas a questão não é apenas esta, vai além disso. Eu respeito todas as classificações ótimas que este livro recebeu, mas pra mim, não deu...
Estava a muito tempo em minha fila de leituras, e confesso que a premissa era muito interessante e promissora para mim: um cenário onde as mulheres têm uma cota diária de 100 palavras, ao passar disso; choque! Isso mesmo! Punição para cada palavra dita além da cota!
Minha mente vai a mil pensando em tudo que pode ser explorado em torno desse conceito! Como chegou a isto? Pra onde isso vai? Como são as relações? E a sociedade, como lida? E a família? E as sequelas? E a política? A economia? E a ..... enfim, vai longe!
Pensei que um livro como tal poderia até emplacar como aquelas distopias que são tão assustadoras, que deveriam ser consideradas como alertas para dizer-nos: "Vejam para onde estamos indo, com essa sociedade toda esculhambada que vivemos, e só piorando" (vide 1984), mas infelizemente... , o livro não passou de uma coisa mal escrita, agarrada a esteriótipos, tentando emplacar plots alucinantes, com um final corrido sem pé nem cabeça, e tudo isso montado sob os mesmos clichês tão rasos que mal impactam um leitor de 12 anos...
Sendo um pouco mais claro (spoilers ->): Assumo aqui que você já leu ao menos a sinopse, entao sabe do que o livro se trata.
O livro até começa bem. A narrativa é em primeira pessoa. No começo não me agrada muito, mas depois até que engrena. Logo no começo, somos bombardeados com as "consequências" de um mundo onde mulheres são permitidas a uma cota diária de 100 palavras. Até aqui, fascinante! Causa aflição, ódio, medo, paranóia, e o pacote completo de uma boa distopia. Porém, logo começa a descambar.. No "por que" do negócio, vira meio que uma ficção tosca, fraca, mais parecida com aquelas teorias da conspiração ruins que estão cheias pela internet. O livro flerta com questões como "cristianismo tão fervoroso que defendem uma classe pura".... Se você souber trabalhar a questão, sai realmente coisa muita boa, mas a execução neste livro foi uma lastima.
Sabe aquela discussão com fanáticos que a pessoa não tem argumentos e fica só repetindo um monte de asneira que recebeu em alguma rede social qualquer? Então, o nível de profundidade do argumento neste livro é por aí...
Tem: EUA querendo dominar o mundo; religião é a causa da merda toda; gays e lébicas em campos de concentração ou mortos; casal de amantes que vai salvar a humanidade... ai, que canseira, sério.
Com um cenário catastrófico destes, pra que (sério!) um drama romantico, com traição, gravidez, amantes, paixões adolecentes... pqp! Antes fosse algo bem escrito, mas relacionamentos com o mesmo gosto de um pedaço de isopor.
O livro tinha um potencial incrível! Mas se perdeu em clichês, em teorias loucas, em plots corridos, em dramas desnecessários, em personagens com o mesmo carisma de uma porta, em um final tão apressado que parece que o autor tava de saco cheio e alguém escreveu qualquer merda lá só pra fechar.
Tenho um certo preconceito com estes livros escritos em ritmo frenético, 1 mês, 2, sei lá.. Se orgulham disso como se fosse algo incrível. Eu apenas acho que faltou foi muita análise crítica em cima disso aí..
2 estrelas talvez ainda seja muito..