O Ódio Como Política

O Ódio Como Política Camila Rocha




Resenhas - O ódio como política


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Mah 19/04/2024

É uma boa leitura, consegue explicar e exemplificar muito bem como a extrema direita conseguiu tanto apoio nos últimos anos. Não é nenhuma novidade, mas pela qualidade das pesquisas e dados presentes merece uma boa nota.
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pedrocipoli 19/10/2018

Intelectualmente profundo como um pires
“A esquerda ficou preguiçosa”, uma frase que não lembro quem é o autor (Pondé?), mas é o caso aqui. Organizado por Esther Solano, é composto por uma série de artigos curtos que incorporam a mentalidade de que “autores progressistas politicamente engajados” lutam contra “conservadores protofascistas neoliberais nazistas” em favor “das minorias oprimidas contra o grande capital e o autoritarismo religioso”. Mais um livro idêntico a qualquer outro escrito por autointitulados “guerreiros da justiça social”, como a filosofa petista Márcia Tiburi.
Todos o pensamento classista da esquerda está aqui, do “devemos ter diálogo com a direita, mesmo que nós a consideremos retrógrada, fascista, elitista, lgtbfóbia e racista” e “nós pensamos de um jeito. Se você discorda é porque é da ultra-extremíssima-direita que odeia pobre”. O pessoal que considera o PSOL “esquerda moderada”, PSDB “de direita” (chamam o Alckmin de conservador no livro) e o resto de extrema-direita.
Consideram o impeachment de Dilma não apenas como um golpe contra os pobres, mas que aconteceu somente (nada de fraude fiscal, incompetência profissional e etc) pelo fato de ser uma mulher (“presidentA” é uma constante no livro), assim como o assassinato de Marielle. Ambos também são “culpa do patriarcado-que-não-quer-ver-mulher-em-política”, e, segundo os autores, podem ser equiparados dentro de uma mesma categoria de violência:

“dois atos de violência, trágicos e atuais contra duas mulheres que tiveram suas trajetórias políticas interrompidas: o golpe contra Dilma Rousseff e o assassinato de Marielle Franco. Porque o patriarcado branco não quer a mulher no lugar político, e muito menos a mulher negra, impedindo, portanto, a cidadania plena para as mulheres no Brasil.” - mostra mais uma vez que essa esquerda “intelectual” perdeu completamente o senso de proporções. Tudo vale para atacar.

Acham que a classe média não quer ver pobres subindo na vida, que usam a meritocracia (quase um crime, segundo esse pessoal) como medo de perder o poder:

“discurso renovado da meritocracia veio a calhar sobretudo para as classes médias, que se viam às voltas com seu eterno receio de perder a diferença em relação aos mais pobres.”

e ainda: “Ainda mais grave, porém, é o fato de que a paulatina ampliação do politicamente dizível, com a emergência do discurso contrário à solidariedade social propagado pela extrema-direita, permitiu que uma fatia importante das classes médias assumisse de forma clara seu desconforto com a redução da distância que a separava dos pobres.”

Defender a lei é uma coisa conservadora (de esquerda não deve ser mesmo):

“A defesa do Estado de direito como defesa da legalidade é, no fundo, uma reivindicação conservadora, uma vez que a legalidade é uma das manifestações mais específicas da sociedade capitalista.”

Alguns trechos francamente psicodélicos:

“Que tinha que tomar vergonha na cara e parar de roubar trabalhador, tinha que roubar um banco, pra roubar um banco tem que ter um fuzil, um fuzil custa 50 mil, com isso se monta um comércio.”

Enfim, um livro escrito por pessoas que estão dentro de uma bolha tão grande que enxergam luta de classes até na Bíblia (não é força de expressão: “Jesus Deus se fez carne e classe. Deus se fez carne porque nós cristãos afirmamos que Ele é o próprio Deus, assumindo plenamente a beleza e as contingências da condição humana.” e “Não tenho como objetivo neste breve texto aprofundar toda a beleza revolucionária que vejo na Bíblia. Compartilho o argumento que a melhor maneira de interpretar a Bíblia é a partir da experiência dos oprimidos, pois esta é a ambiência prevalente de seus textos.”).
Basicamente, um conjunto de “textões de Face” preocupadíssimos com uma possível vitória de Jair Bolsonaro (ué, esse pessoal não vive falando em democracia? Goste-se ou não, parece ser a preferência do povo que eles tanto dizem representar). "O Ódio Como Política” é um livro bobinho, fraco e militante escrito por uma massa amorfa de autores indistinguíveis entre si.
Aparentemente é de uma coleção chamada “Tinta Vermelha”, assim como “Por que gritamos Golpe?”, um livro igualmente bobinho que não responde a pergunta do próprio título em suas 174 páginas. Li a versão eletrônica de "O Ódio Como Política” pois foi disponibilizado gratuitamente pela Boitempo até o segundo turno das eleições. Mesmo assim, e mesmo se tratando de uma leitura que pode ser completada por quem tem insônia e está entendiado, é caro mesmo sendo gratuito e longo mesmo sendo curto.
Samyle 19/10/2018minha estante
Engraçado como vc sempre resenha livros com viés de esquerda só pra poder dizer que é ruim...


Fernando 21/10/2018minha estante
Pois é, o título do livro responde bem a sua análise. Continua a ler Pondé, deve ser bem melhor.


pedrocipoli 22/10/2018minha estante
Não entendi. Mencionei Pondé pois (acho que) a frase é dele. Pondé tem livros bons (Filosofia para corajosos, Filosofia da adúltera) e medíocres (Amor para corajosos, por exemplo). É uma questão de ler os lados e chegar a conclusões. Dizer que o "título responde bem" não contribui em nada, em especial quando vários dos autores ainda insistem na narrativa do "Golpe de 2016" e que o outro lado é tudo de ruim (e os autores, tudo de bom).


Fernando 22/10/2018minha estante
Cara, eu li o livro e não vi essa narrativa de mocinhos contra vilões. Tem uma narrativa abrangente e até com análises mais críticas sobre o PT. O livro foi escrito por pesquisadores e intectuais de esquerda, como se propôs desde o início. Não é "um conjunto de textões do Face", pois você mesmo percebeu que possui inúmeras referências de livros, pesquisas, dissertações e teses.


Julio Alessio 27/11/2018minha estante
Pondé acha que se jogar um gordo e um magro de uma varanda o gordo chega primeiro ao chão...


Claudia Cordeiro 02/08/2019minha estante
Parabéns pela paciência de ler uma droga esquerdista destas, para fazer uma resenha mais que merecida, pois eu não tenho essa paciência. E menos ainda, ouvir esquerdopatas esperneantes reclamando.




bibliotec.comunitaria 13/09/2020

Necessário
Uma leitura urgente e necessária diante dos retrocessos dos dias atuais.

O livro é um conjunto de artigos e ensaios organizados no período anterior a eleição da direita conservadora que chegou ao poder pelo viés do ódio e da intolerância. A esquerda fragilizada pelo golpe de 16 e pelos escândalos de corrupção não conseguiu se organizar e se viu vítima de ataques seguidos.

Este livro é um trabalho primoroso de seus autores, renomados em suas áreas, que nos convida a refletir, entender e reorganizar pensamentos e estratégias contra o fascismo.

Hoje vivemos sobre um governo inimigo da democracia e das liberdades que agora usa a máquina para perseguir as pautas educacionais, culturais, LGBTs, negras e feministas. Um governo que dissimula e que faz forte uso de notícias falsas e discursos ao seu nicho para conseguir o apoio que o mantém em alta mesmo não tendo maioria.

Um livro para todos: os que não o elegeram, para os arrependidos compreenderem como apoia minram tal projeto político e para todos que prezam por uma democracia plena.
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Bi Sagen 27/07/2020

Durante as últimas eleições presidenciais, eu me questionava como tínhamos chegado aquele ponto. E desde então, frequentemente, me fazia a mesma pergunta. Até que encontrei esse ebook, que faz parte da coleção Tinta Vermelha, e que a editora Boitempo disponibilizou de forma gratuita.

Organizado em artigos curtos e de linguagem relativamente simples, o livro trata sobre o ressurgimento das (extremas) direitas e como podemos compreender nosso novo panorama.

O livro passa por vários temas: relação entre neoconservadorismo e liberalismo, a ascenção de discursos nazistas e fascistas, o histórico da direita desde a redemocratização pós ditadura, o que motivou a adesão em massa, a relação da periferia com o conservadorismo, a produção de um inimigo a se combater, o fortalecimento de uma direita jurídica, os problemas do discurso de austeridade, a relação com a internet, fundamentalismo religioso, perseguição a grupos LGBT e feministas, e debate sobre escola sem partido.

A esquerda, de modo geral, acaba simplificando a direita a pessoas ricas interessadas em mais lucro e pessoas pobres sem consciência de classe. Perdendo assim os matizes, e os variados interesses que levam alguém a defender um posicionamento político. Eu considero o livro excelente justamente por quebrar essa perspectiva, e principalmente fazer uma auto crítica sobre como os governos de esquerda acabaram por abrir espaço para esse crescimento.
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Adriana Scarpin 25/10/2018

Primeiramente parabenizo quem está conseguindo ler no presente erigir das trevas, eu, outrora uma leitora compulsiva, estou à beira da indigência, sem conseguir focar em nada, excluindo coisas necessárias ao momento como este livro O ódio como política, uma junção de artigos organizada por Esther Solano, que é uma leitura fundamental sobre como a movimentação política da última década chegou nesse ponto tenebroso em que estamos hoje.
Apesar de ter sido amplamente difundido como ebook gratuito, também vale a pena comprá-lo, especialmente tendo em vista a campanha de levarmos um livro na votação de domingo - acho-o especialmente adequado para o momento.
Aliás, qualquer livro publicado pela editora Boitempo seria bem vindo no domingo, já que ontem mesmo a Ivana Jinkings declarou que a editora sofreu ameaças por telefone de um bolsominion raivoso dizendo que a editora veria quando o cramulhão tomasse o poder. Portanto, levar um livro da editora é uma afronta dupla.
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Dude 08/06/2022

A política em 2018
O livro traz alguns acontecimentos e visões do passado. Pode soar datado em alguns aspectos, mas ainda é uma boa fonte de consulta para entender onde estamos.
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Ricardo Santos 21/10/2018

Um alerta urgente a favor da democracia
Nesses tempos de ameaça à democracia (e mesmo que o sempre afiado Vladimir Safatle diga que vivemos, na verdade, numa república oligárquica), O Ódio como Política é um livro que convida para uma reflexão urgente. Composto de textos curtos, introdutórios para obras de maior fôlego, o livro serve muito bem como um alerta sobre quem comanda de fato o destino do país. A esquerda errou, o PT errou. Mas o que os neoliberais e protofascistas sempre pretenderam foi criar uma manada de consumidores ávidos e eleitores confusos. Em nome da ordem e do progresso investem numa visão de mundo excludente e rasa, na qual o livre pensamento tem limite e os preconceitos são combustível para a prática de barbaridades institucionais, psicológicas e físicas. O Ódio como Política não trata os conservadores de maneira simplista. A simplicação apenas joga uma cortina de fumaça que retarda uma melhor compreensão de quem são os eleitores de Bolsonaro, por exemplo. Há os extremistas que estão fechados com seu líder, dispostos a derramar sangue nas ruas por uma ideologia nefasta. Há os oportunistas, que buscam ganhar dinheiro, cargos em empresas e eleitores. Mas há também muita gente frustrada com os rumos da política tradicional, que perdeu o emprego, o poder de compra, o status social, inclusive petistas de carteirinha, convertidos ao bolsonarismo. O eleitor protofascista do Coiso é coerente em seu discurso do ódio. O eleitor médio dele, não, tornando-se uma contradição ambulante. Há gay, negros e mulheres que o apoiam. Porém há evangélicos que o desprezam. Bolsonaro é um avatar de forças econômicas maiores. Institutos neoliberais com um verniz democrático, de livre mercado, como Mises e Ethos, promovem sistematicamente uma doutrina falaciosa, enaltecendo a meritocracia e o esforço individual, contrários à organização coletiva da sociedade. Ao mesmo tempo, políticas governamentais de austeridade fragilizam os serviços públicos, levando a população, acuada, a recorrer às alternativas oferecidas pela iniciativa privada. As estruturas judiciárias mantêm, desde a escravidão, seu ranço histórico de “naturalização da desigualdade e da hierarquização das pessoas”, produzindo decisões midiáticas e populistas, geralmente, contra o direito do cidadão “comum”. O problema não é só Bolsonaro. Ele é um sintoma de nossas injustiças e mazelas jogadas para debaixo do tapete por décadas e que agora veio cobrar o preço pelo o que não fizemos, não corrigimos, sob a forma de uma espécie de “ditadura voluntária”.
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João Moreno 13/08/2020

Sobre as tramas discursivas da direita (brasileira) radical, cristã e conservadora

Primeiro de tudo eu preciso afirmar que gostei muito do trabalho. Apesar do nome ruim, contestado até por pesquisadoras do livro (PINHEIRO-MACHADO e SCALCO, 2019, p. 58), o 'Ódio como política: a reinvenção das diretas no Brasil' traz um panorama interessante sobre a conjuntura política, mas não só, pois também apresenta um contexto histórico que chega a abarcar o surgimento do Neoliberalismo [1] e as suas implicações, em todo o mundo.

É óbvio que tais contextualizações são limitadas, mas acredito ser necessário analisar 'O ódio' por aquilo que ele propõe, não por aquilo que eu gostaria que fosse. Nesse sentido, e entendendo que o 'O ódio' faz parte de uma coleção - 'Tinta Vermelha' - a qual tem como objetivo incentivar o debate público sobre temas específicos, a obra tenta formar um amplo retrato, ainda que difuso e insuficiente, sobre as direitas brasileiras a partir de várias perspectivas.

A partir de artigo introdutório do professor doutor Luis Felipe Miguel, o qual faz um bom resumo sobre as gestões petista e identifica a extrema-direita como um 'agregado' entre o libertarianismo, o fundamentalismo religioso e o anticomunismo, outros trabalhos perpassam a discussão entre 1) o neoconservadorismo e o liberalismo, entendendo que durantes as crises capitalistas o liberalismo se aproxima, sem pudor, do reacionarismo e de práticas reacionárias, uma vez que o Estado liberal (e o Direito) existe para assegurar a propriedade, a propriedade privada dos meios de produções e as relações jurídicas que permitem a livre troca de mercadorias, nada mais; 2) a aproximação dessa 'nova direita', a qual bebe da alt-right norte-americana, com o nazismo, principalmente num mundo em que, com o "fim da história", as lutas sócio-políticos se desvincularam da 'batalha' por um novo modo de produção e se concentraram em questão identitárias, desvinculando raça e gênero da questão de classe. É assim que determinados setores podem se apropriar de autores marxistas (como Escola de Frankfurt e Gramsci) para insinuar um "marxismo cultural", alheio à luta de classes, o qual se utilizaria do Estado, das instituições e das escolas para propagar o .. comunismo! O tal "marxismo cultural" seria o elo com o nazismo, uma vez que, assim como a defesa da propriedade privada e do conservadorismo moral, o anticomunismo e o seu "bolchevismo cultural" foi um pilar da ideologia nazista; os artigos 3) e 4) se entrelaçam, pois tratam da organização burguesa no país na construção de aparelhos privados de hegemonia, os quais buscam criar consensos (como o da austeridade fiscal ou da demonização do Estado) e criar hegemonia (think tanks como Instituto Mises ou Instituto Millenium, por exemplo). Rocha (2019, p. 47-52), entretanto, quebra um mito ao demonstrar como as direitas brasileiras não se resumem ao alto financiamento empresarial: identificação, formação de identidade, conjuntura e contexto político, além do uso inteligente das redes sociais, foram fundamentais para a sua ascensão, diz; os artigos 6) e 7) exploram os valores "conservadores", mas também "liberais" na periferia do país. A partir de estudo de caso, Pinheiro-Machado e Scalco (2019, p. 53-60) demonstram o esgotamento da política petista (inclusão pelo consumo) na formação das subjetividades dos atores analisados: dos 'rolezinhos' - em que consumir também significava, de forma limitada, "ser alguém" - à crise econômica que explodiu em 2014 com as suas consequências políticas. Para além dos aspectos sócio-econômicos, dizem as autoras, a mudança cultural, com as pautas LGBTQI+, feministas e dos movimentos negros, foi importante para o recrudescimento de parcela da população (Quem não tem um amigo que virou 'conservador' como reação às pautas e conquistas feministas?). Tais fatores, associados à violência da periferia e a apropriação desse tema pela(s) direita(s), explicariam o sucesso de Bolsonaro, à época candidato; o texto 7) se propõe a falar de militarização e Estado e o 8) de como o Direito - ou a "direita jurídica" - é "conservador". E notem: ao falar de "conservador", o autor não se apropria da definição orwelliana de Scruton, mas do sentido real, brasileiro, daquele que, inserido num país de origem escravocrata, reproduz os preconceitos, os estigmas e as materialidades dessa 'instituição'. Em tempos de 'Vaza Jato', a formulação sobre o direito e o neoliberalismo é meio que um 'soco no estômago'; 9) é o texto mais "saboroso" da coletânea, pois põe abaixo o discurso fiscalista e de austeridade apregoados o tempo todo, em todos os lugares: da comparação escrota entre economia doméstica e administração pública à infelicidade do mantra dos ajustes necessários aos investimentos estrangeiros, o texto é didático e um exemplo prático sobre como se opera a luta de classes; o décimo artigo (10) faz um balanço sobre a organização das direitas nas redes sociais e o 11), 12) e 13) discutem sobre o fundamentalismo religioso e a comunidade evangélica e os projetos de poder de líderes religiosos reacionários, a comunidade LGBTQI+ e os feminismos nessa disputa política (parlamentar). É interessante notar como os temas se entrelaçam quando a Frente Parlamentar Evangélica (FPE) registra, desde 2003, crescimento de 20% no número de seus parlamentares, totalizando 198 deputados e 4 senadores até a legislatura 2014-2018 (BULGARELLI, 2019, p. 99). Dialogando com o texto de Vieira (2019, p. 91-96), entendemos que o fundamentalismo extremista de certos setores evangélicos, não todos, nega qualquer outra possibilidade de existência social que fuja de uma interpretação específica, a-histórica e anacrônica do texto religioso (bíblia); no Congresso Nacional (CN), a atuação parlamentar dessa Frente será direcionada a tais propósitos, que excluem, obviamente, a emancipação feminina.

A resenha/resumo, como sempre, ficou maior do que eu desejava. Por fim, gostaria de deixar registrado um fenômeno engraçado, o qual tem a ver com o 'O Ódio' e o contexto que ele propõe a narrar. Por mais insuficiente que possar ser, e ser insuficiente não pode ser uma qualidade negativa do livro, porque ele se propõe a tanto, a ser um pontapé, um início, a polarização retratada nos artigos se apresenta também nos comentários sobre... a obra! Se você procurar por aqui - mas mais especificamente na amazon.com -, vai notar que algumas resenhas insistem em desqualificar 'O ódio' a partir de denominações como "lixo esquerdista" ou generalizações que, de fato, não dizem respeito ao trabalho, como se todos os artigos fossem frutos de 'textões' de Facebook, escritos por um "bando de militantes" (notem como, para certos setores à direita, "ser militante" é visto como algo desonroso, ruim, coisa de desocupado e vagabundo, rs) preocupados com a eleição de Bolsonaro, como se ele, Bolsonaro, não fosse parte do processo que os autores analisam há tempos e tentam explicar (A professora Camila Rocha ganhou o prêmio de melhor tese da Associação Brasileira de Ciência Política com tese sobre a 'nova direita' e o Instituto Mises; Rosana Pinheiro-Machado e Lucia Scalco fazem pesquisa de campo desde 2009; Flávio Casimiro tem outros livros sobre os aparelhos privados de hegemonia burgueses etc etc etc).

Certamente que o texto de abertura do Gregório Duvivier é um lixo e um desperdício de papel, mas não dá pra resumir o 'O Ódio' a ele, né?

[1] Se você acha que "neoliberalismo" não existe ou que se trata de um "adjetivo pejorativo" adotado por "professores esquerdistas" para "falar mal do capitalismo"... eu tenho muita pena de você. Muita mesmo.


site: https://literatureseweb.wordpress.com/2020/08/16/para-entender-um-pouco-as-direitas-um-resumo-de-o-odio-como-politica/
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DaniM 24/10/2018

Livro essencial pra entender todos os atores e ações envolvidos nessa situação que eu defino como “que porréssa que estamos vivendo”?
Importante entender que uma sociedade não chega ao ponto em que chegamos por culpa de um só fator. A orquestra tá tocando há muitos anos, as pessoas só não entendiam a música. E pelo que podemos perceber, ainda não entenderam. Triste será o momento do “eu avisei”, torço muito pra que ele não chegue.
Este livro ainda está grátis para kindle na Amazon. Corre que dá tempo.
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Rafael.Martins 02/11/2018

Essencial
Os textos de "O Ódio como Política" são, de maneira geral, excelentes. Nos traz reflexões importantíssimas com True News (ou True facts) com diversas fontes.

A leitura é empolgante. Cada novo artigo era precedido de grande expectativa e, quase sempre, satisfatoriamente atendida. Diversos trechos são dignos de serem citados e compartilhados. A precisão da escrita, da argumentação e dos fatos apresentados são impressionantes. E a leitura é extremamente simples e fluida, apesar dos temas apresentados possuírem certa complexidade.

A abordagem de questões como o gênero, escola sem partido, feminismo, neofacismo, neoliberalismo (ou libertária istmo) são feitas com muita lucidez e argumentos realmente embasados e convincentes.

Contudo, sinto que, embora explicado no prefácio, que todos os escritores eram de esquerda e que tentariam se manter neutros nos argumentos, esse objetivo não foi atingido com êxito. Os artigos são bastantes parciais, mas isso não diminui o seu valor.

Obra fundamental, em 2018, para entender o cenário político que se estabeleceu.
Daniel 07/03/2019minha estante
Senti a mesma coisa quanto a imparcialidade. Como considero que ela não existe não veria problema em assumirem suas posições como fizeram nos textos. Mesmo os maia tecnicoa e quantitativos apresentam algum posicionamento.




marcooscaioo 25/03/2020

Análise profunda sobre as reinvenções da direita no Brasil
O livro organizado pela cientista social Esther Solano reúne textos de vários acadêmicos: historiadores, sociólogos, economistas, além de artistas. O livro ainda conta com chargistas importantes.

O livro faz jus ao seu subtítulo, "A reinvenção das direitas no Brasil", temos uma profunda análise de autores que se identificam como de esquerda, propuseram a analisar a fundo as direitas brasileiras. Conhecemos um pouco da história e os percursos da "Reemergência da direita brasileira", escrita por Luis Felipe Miguel, assim como o "Neoconservadorismo e liberalismo" brasileiro, do professor Silvio Luiz de Almeida. Além de análises sociopolíticas sobre "a normalização do nazismo e do facismo" pelo podcaster Carapanã.

Nos artigos que se seguem, temos dois que alisam os financiadores dessa guinada à direita, um projeto construído a anos que ganhou maior forças com as tecnologias da informação e internet. Conhecemos um estudo de caso com jovens da periferia, que para surpresa das autoras (Rosana Pinheiro-Machado, Lucia Scalco), de atos insurgentes, os jovens passaram a indolatrar políticos conservadores. Na parte jurídica, conhecemos um pouco de atos de exceção por parte do governo brasileiro, feito por manobras políticas conservadoras. Além da normalização conservadora dos processos jurídicos brasileiros, quando não chega ao ponto de usar o direito como uma ferramenta política.

Perpassamos ainda pela análise econômica da austeridade e os discursos que involvem essa política econômica, escrito por dois autores que já trabalham no tema a algum tempo, Pedro Rossi e Esther Dweck. E uma rica análise de dados, do premiado cientista da computação Márcio Moretto Ribeiro, sobre o cenário político nas páginas de Facebook da direita (marcado por teorias da conspiração e pautas morais). Ainda temos um artigo do teólogo Henrique Vieira sobre o "fundamentalismo e extremismo" nas práticas políticas da camada católica e evangélica da sociedade brasileira. Também conhecemos a análise de Lucas Bulgarelli sobre os direitos LGBTIs nos anos 2010, e a luta por parte de políticos liberais e conservadores contra esses direitos. Na questão dos direitos reprodutivos da mulher, vemos um ensaio com referências históricas sobre o tema e o papel do feminismo no tema. Por fim, temos uma análise sobre o discurso reacionário do projeto "escola sem partido".

O livro é rico em análises, de interesses políticos, conservadores, religiosos e de classe. Um livro ideal para compreender o Brasil contemporâneo, assim como para entender melhor as figuras políticas do país. Ideal para os profissionais que analisam os contextos do país, como historiadores, cientistas políticos, sociólogos e jornalistas, assim como estudantes e trabalhadores que busque entender melhor a sua realidade.
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Lethycia Dias 19/11/2018

Para um senso crítico
"O ódio como política" é uma coletânea de ensaios escritos por diversos autores e pesquisadores brasileiros e se propõe a analisar as diferentes facetas sob as quais as direitas se orientam e se articulam hoje em no Brasil. As direitas, porque são formadas diferentes pensamentos e formas de atuação política, não podendo ser classificada numa coisa só. Mas apesar de diferentes, parecem ser movidas por uma coisa em comum: ódio.
Ódio por quem pensa diferente, ódio pela corrupção, ódio por quem não é cristão, ódio por LGBTs, ódio pelos direitos das mulheres, ódio por programas de benefício social, ódio por pobres, por movimentos sociais, por um ou outro partido, pela inclusão no acesso às universidades públicas.
Os textos trabalham temáticas muito diferentes entre si, mas que se interconectam na atualidade e nos debates políticos recentes. Alguns dos assuntos são o crescimento da extrema direita ao longo do tempo, o antipetismo, as semelhanças entre discursos atuais com o nazismo e o fascismo, a forma com que organizações políticas se popularizaram nos últimos anos, os discursos econômicos de austeridade, o fundamentalismo religioso, o combate ao avanço de direitos de das mulheres e de pessoas LGBT, e por fim, o caráter persecutório do projeto Escola Sem Partido.
Eu já estava familiarizada com alguns dos assuntos abordados, mas com outros, como os ligados à economia, foi minha primeira leitura a respeito. Alguns dos textos me proporcionaram várias reflexões novas. Todos são escritos por pessoas que estudam as áreas abordadas, incluindo fontes de referência e alguns são, inclusive, resultado de pesquisas acadêmicas.
O livro proporciona uma boa oportunidade para pensar sobre com que os debates públicos têm se desenvolvido recentemente, além de apontar falhas e indicar novos caminhos para os campos progressistas. Necessário lembrar que numa leitura em busca de senso crítico, os textos devem ser tomados como análises e olhares, e não como uma "resposta" definitiva. Deve sugerir novas leituras.

site: https://www.instagram.com/p/BqTPUcagGq2/
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Rafaele 22/08/2020

Bons e não tão bons
Conjunto de textos que falam sobre diferentes perspectivas e com diferentes enfoques sobre o momento atual da política no Brasil. De acordo com a minha preferência particular achei uns mais interessantes que outros e me surpreendi principalmente com o texto do pastor Henrique Vieira e seus pensamentos progressistas, já fui atrás de mais material dele.
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Lucikelly.Oliveira 04/09/2021

Não achei grande coisa
O livro é uma reunião de artigos de diversos autores mas sinceramente achei muito superficial e mais do mesmo.
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Vinicius Teodósio 17/06/2020

Analisa o hoje e fala sobre perigos que estamos vivendo
O livro, organizada pela cientista social Esther Solano Gallego, reúne 16 textos que buscam entender como a direita se reinventou no Brasil e em como ela avança fazendo uma política que exclui minorias e acaba com direitos.

Permeando por várias vertentes, os textos que encontramos são de um teor bastante lúdico e até mesmo educativo, deixando de lado o linguajar técnico e falando de forma simples, - salvo o texto que discorre sobre a militância da direita no Facebook - mas analisando de forma precisa e assertiva sobre a ascensão das direitas.

Quando publicado, durante a campanha presidencial de 2018, o livro já apontava os perigos desse ressurgimento para a nossa democracia, o qual já estamos vivendo, a prova disso, são os diversos ataques as instituições e incessantes pedidos inconstitucionais.

Para quem é engajado na luta e se atenta aos acontecimentos, adianto que o livro não traz nada novo, ele surge como uma porta inicial para aqueles que querem entender a conjuntura em que vivemos e analisar de forma simples tais fatos, mas ainda assim, é uma leitura válida para todos, serve como um exercício para nossa consciência crítica.

www.marcasliterarias.blogspot.com/2020/06/o-odio-como-politica-analisa-o-hoje-e.html
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