Natalia 13/04/2023
Lançado em 1997, o disco Sobrevivendo no inferno foi uma verdadeira revolução na cena do rap nacional, e alcançou a marca de 1,5 milhão de cópias vendidas, mesmo sendo lançado por uma gravadora independente. Com referências bíblicas, começando pela capa com a imagem de uma cruz e alguns versículos, e no caso do livro a questão do corte dourado como algumas bíblias, e até mesmo em trechos das letras, as músicas tão marcantes e reais tornaram o disco um dos mais importantes para o país. Em 2022, foi eleito o 9° melhor disco brasileiro já lançado na história. "Sobrevivendo no inferno é a imagem mais bem-acabada de uma sociedade genocida que se tornou humanamente inviável, e uma tentativa radical, esteticamente brilhante, de sobreviver a ela." Em 2018 a companhia das letras lançou esse livro, que na minha opinião, deveria ser lido por todos. Ele é composto por um texto inicial de apresentação, algumas fotos inéditas, e as letras de todas as canções do álbum. Eu já conhecia o disco, cresci ouvindo Racionais por influência do meu pai (obrigada pai ??), e continuo ouvindo até hoje, e ler esse livro me trouxe uma visão mais ampla do que é a periferia, e como os moradores tentam sobreviver lá. "A atuação do grupo foi decisiva para fazer do rap muito mais que uma simples representação da periferia. Sua radicalidade e seu senso de ?missão? (afinal, ?rap é compromisso?, já dizia Sabotage) ajudaram a desenvolver um espaço discursivo em que os cidadãos periféricos puderam se apropriar de sua própria imagem, construindo para si uma voz que, no limite, mudaria a forma de enxergar e vivenciar a pobreza no Brasil." O livro também foi incluído, em 2020, nas leituras obrigatórias de alguns vestibulares do país, tamanha a sua importância cultural e como documento histórico. "O termo ?periferia? passaria a designar não apenas ?pobreza e violência? ? como até então ocorria no discurso oficial e acadêmico ?, mas também ?cultura e potência?, confrontando a lógica genocida do Estado por meio da elaboração coletiva de outros modos de dizer."