Ramon 17/04/2021
O deserto dos Tártaros: Em busca de sentido
O romance O Deserto dos Tártaros, escrito pelo italiano Dino Buzatti, revela a universal busca pelo sentido da vida.
Nele, o personagem Gionanni Drogo, cadete recém formado, é designado para servir num longínquo forte, próximo ao deserto, local onde esperava ser o início da sua gloriosa carreira como militar.
Ao colocar nossas esperanças no trabalho, somos facilmente frustrados, assim como Drogo, quando percebeu que o forte onde fora designado a servir era praticamente inútil. Ele sonhava com as glórias militares, mas agora estava preso na rotina enfadonha do militarismo.
O romance nos conta que Drogo teve a oportunidade de ir embora, mas percebeu que, após sair de sua casa, a vida de sua família e amigos seguiram normalmente e que sua ausência já não era mais sentida.
A expectativa de uma batalha era a única coisa que trazia sentido para ele e para as pessoas do forte. Algo simplório, mas com uma fagulha de esperança. Como Drogo afirma: "é preciso ter esperança em alguma coisa."
Nos assemelhamos a Drogo quando nos apegamos à expectativas de realizações próprias e quando colocamos a nossa esperança nas coisas perecíveis. Dizemos o tempo todo a nós mesmos: “Quando tiver aquele trabalho tudo será perfeito”, “ quando tiver aquele salário tudo ficará bem”, “ quando terminar a faculdade estarei completo”. Puro engano!
O que tem nos movido? O que nosso coração tem buscado? O que nos faz acordar todos os dias e encarar as dificuldades da vida? Será que apenas as vaidades superficiais são suficientes para satisfazer a nossa alma e a nossa busca por significado? Acredito que não.
Mesmo com o passar de vários anos, o envelhecido Drogo mantinha firme sua esperança na batalha. Aquela centelha de esperança por encontrar um sentido de vida ainda existia.
A batalha improvável enfim chegou, mas Drogo, velho e cansado, já não podia participar dela, e foi enviado para casa. Todos os anos de espera foram em vão.
Assim é a nossa vida. Vivemos com o coração insatisfeito, e buscamos novamente algo para nos satisfazer. Passamos a vida presos num ciclo de ansiedade e insatisfação. Isso acontece porque não fomos feitos para esse mundo; nosso coração aponta para Algo fora dele. "Fizeste-nos, Senhor, para ti, e o nosso coração anda inquieto enquanto não repousar em ti.", diz Santo Agostinho.
Em Cristo temos o ponto onde todas as coisas convergem: A nossa salvação e plenitude de vida. Nele está o sentido da história, da vida e de todas as coisas, principalmente o do nosso coração.
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