Kentukis

Kentukis Samanta Schweblin




Resenhas - Kentukis


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Maíra Marques 15/11/2022

É um livro com capítulos curtos, leitura fluida, muitos enredos e uma única amarração entre eles: os bichos de pelúcia com câmeras nos olhos que são controlados por um usuário, num mundo em que você vigia e/ou pode ser vigiado.

Gostei da experiência e das reflexões que o livro provoca sobre a necessidade de compartilharmos nossas experiências e até que ponto isso é válido. E também da nossa "necessidade" de olhar o outro e ter um certo controle sobre isso: quanto eu quero saber, como, quando...
Dá uma vontade de sair ou dar um tempo das redes sociais.
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Eaisagui 02/11/2021

Ainda bem que a ideia dos kentukis é de uma escritora e não de um bilionário empreendedor.

As histórias são bem ok me pergunto se não é esse mesmo o objetivo.
Kentukis não são muito tecnológicos um celular é muito mais avançado, o próprio livro diz isso. As histórias também,com excessão de uma ou duas são bem plausíveis, nada de enredos mirabolantes ou pessoas fora da caixinha. E isso é terrivelmente assustador.

É uma história principalmente sobre pessoas e não sobre tecnologia. Qualquer coisa pode se tornar perigosa em mãos erradas até mesmo um brinquedo que não pode fazer nada além de chiar.

Além disso, não temos informações do criador dos kentukis, não dá pra saber se ele realmente planejava uma rede de espionagem ou se foi uma consequência não planejada mas isso não importa mais porque a rede existe e continua a crescer.
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Rodrigo1001 22/09/2023

Na mira de olhares alheios (Sem Spoilers)
Título: Kentukis
Título original: Kentukis
Autor: Samantha Schweblin
Editora: Fósforo
Número de páginas: 192

Kentukis chegou até mim por indicação de um amigo livreiro. Me disse o livreiro: "Nessa casa, temos uma regra: se o livro indicado não agradar, aceitamos a devolução sem custo".

Em resumo, satisfação garantida ou seu dinheiro de volta.

Confesso que, depois de meras 30 páginas, eu já sabia que o livro jamais retornaria ao livreiro.

Começo dizendo que Kentukis foi finalista do International Booker Prize de 2020. Obra da escritora argentina Samantha Schweblin, o livro cria um mundo sombrio e complexo que é, ao mesmo tempo, familiar e perturbador (em grande parte, porque o reconhecemos como aquele em que vivemos).

Esse romance extremamente imaginativo revela a beleza da conexão entre almas distantes, mas também expõe a horrível verdade do nosso mundo cada vez mais interligado.

Infiltrando-se em apartamentos em Hong Kong, em lojas em Vancouver, em escolas de Tel Aviv, em casas no Brasil, os kentukis não são animais de estimação e nem fantasmas. São, na verdade, pequenos robôs controlados por pessoas reais.

Sabemos que confiar em estranhos pode levar a amores inesperados, encontros divertidos e aventuras maravilhosas, mas é inegável que essa confiança também pode abrir caminho para um terror inimaginável. E é nessa balança que o livro se equilibra.

Refletindo sobre as fraquezas humanas cotidianas - ciúme, caprichos, inquietação existencial - o livro é uma fábula para uma sociedade em que todos nos sentimos simultaneamente expostos e anônimos, conectados e solitários.

Brilhante e perturbador, Kentukis explora as áreas cinzentas que permeiam os limites da invasão de privacidade, da intimidade e do exibicionismo. Nos fascina e nos machuca ao mesmo tempo, desnudando uma realidade incômoda que bem parece ser o próximo passo das tecnologias que surgiram recentemente - as que foram originalmente criadas para o nosso bem-estar, mas que cada vez mais se viram contra nós causando dor, angústia e dependência. Supõe um mundo e introduz uma pequena coisa nele - uma pequena mudança, um produto, uma aplicação ajustada de uma tecnologia totalmente familiar - e rastreia as ondas de caos que ela cria.

É uma leitura tão frenética quanto angustiante.

Estruturado em capítulos curtos, a leitura é fluída e rapidamente nos agarra pelo pescoço, sufocando-nos sem piedade. Tal como a tecnologia que descreve, cria um senso de urgência que nos faz virar as páginas com dolorosa expectativa. A pressão psicológica é crível - nada do que acontece está além dos limites da probabilidade - tanto que creio ser seguro alçá-lo para o rol dos livros mais opressores que já passaram pelo crivo das minhas resenhas.

Por fim e explicando a razão do livro não ter levado 5 estrelas, eu só preferiria que tivesse havido um pouco mais de positividade para equilibrar melhor as partes sombrias. É um livro que deixa você bastante deprimido com a humanidade.

Por outro lado, entendo que qualquer livro que faça você sentir algo é um livro eficaz. Tudo depende do que você deseja sentir, mas, para mim, a natureza pessimista me deixou cabisbaixo. Como sei que muitos gostam de temas mais obscuros, tenho certeza de que muitos vão gostar dos elementos que me desanimaram. De modo geral, olhando para o todo, definitivamente é um livro excelente, que vale a pena ler.

Leva 4 de 5 estrelas

PS: Palmas para essa edição da Editora Fósforo. Capa e contracapa agradáveis ao toque, papel de qualidade, revisão impecável. Meu primeiro fósforo foi um incêndio :)
edu basílio 22/09/2023minha estante
sempre inspirador, este rods... ^^




Pandora 19/09/2021

Já li de Samanta Schweblin Distância de Resgate e Pássaros na boca e amei. Estava extremamente curiosa em relação a esse Kentukis e de como ela apresentaria esta história de ser um espião na casa alheia ou de ser espionado, tudo de forma consentida. A ideia é realmente fantástica e há alertas importantes nesta narrativa.

Não entrarei no mérito se é um bom livro ou não: vou elencar o que teria feito de Kentukis uma leitura mais cativante para mim: menos personagens e mais aprofundamento sobre eles. Se Samanta tivesse se atido a três casos, que poderiam ser as de Marvin, Emília e Alina e se pudéssemos nos apegar um pouco mais a esses personagens, acho que eu teria gostado mais.

Porém, entendo que talvez o foco da autora fosse sobre situações e não indivíduos. Fosse sobre a humanidade como um todo. Esta outra perspectiva não deixa de ser bastante relevante: de como estamos nos portando como sociedade, de como nossas carências e nossa solidão nos levam a caminhos que a tecnologia facilita, mas que nos expõem a situações insólitas que podem ter consequências as mais variadas, algumas vezes embaraçosas, outras chocantes, às vezes perigosas.

Pode nos parecer, em certos momentos da narrativa, que é absurda a ideia dos kentukis, mas pensemos que no início dos anos 2000 pensávamos muito antes de trocar uma foto com um desconhecido na internet; há não muito tempo acharíamos uma insensatez a ideia de uma super exposição nas redes sociais e hoje alguém do outro lado do mundo sabe de intimidades nossas que o vizinho de porta desconhece, caso não esteja conectado a nossa rede de amigos e (des)conhecidos virtuais. Hoje colocamos alguém na agenda do nosso celular e ao abrir o Facebook ele nos sugere adicionar essa pessoa como amiga. Estarmos expostos não nos aflige o suficiente para abandonarmos uma tecnologia da qual já somos reféns e de onde também tiramos benefícios.

O problema, para mim, aqui neste Kentukis, é que ao trazer várias histórias que não se desenvolveram e fragmentar outras, meu interesse nem sempre se manteve ativo. Exatamente o contrário de Distância de Resgate, que eu não conseguia parar de ler.

Ainda assim, continuo fã de Samanta Schweblin e recomendo seus livros.

P.S.: Mais alguém, ao ler Kentukis, lembrou dos tamagotchis??
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Cassionei 09/03/2019

É SOMENTE UM BRINQUEDINHO INOFENSIVO...
A argentina Samanta Schweblin, no romance Kentukis (Literatura Random House, 224 páginas, disponível em e-book), recém-publicado no mundo hispânico, traz para a literatura uma temática parecida com a abordada na maioria dos episódios de “Black Mirror”: a exposição da privacidade por meio de aparelhos de alta tecnologia. Assim como na série, não estamos diante de histórias de ficção científica, mas sim de terror, provocado não pelas máquinas, mas por quem as controla.

Os kentukis são bichinhos de pelúcia com câmeras e microfones acoplados e que, como os tamagotchis, brinquedinhos virtuais famosos nos anos 90 (relançados recentemente, mas sem grande repercussão), servem como mascotes dos seus “amos”, em lugar dos bichos de estimação. Coelhinhos, toupeiras, dragões, corujas e outros animaizinhos, acompanham seus donos pela casa e respondem a algumas ordens, mas sem poder se comunicar. Quem controla os movimentos é um desconhecido usuário de outra parte do mundo com um tablet, através do qual vê e ouve tudo o que acontece na casa onde está o mascote. Há quem escolha “ser” um kentuki e há quem deseja ter um.

O romance é composto por diferentes histórias paralelas, que vão se desenvolvendo de forma intercalada ao longo do livro. Não há, portanto, um protagonista apenas, assim como os ambientes são muitos: uma casa de um casal peruano, um apartamento na Alemanha, um lugarejo na fronteira do Brasil com a Venezuela onde há mais cabras que pessoas, etc.
Os personagens são envolvidos nesse jogo virtual que tanto pode ser inofensivo como pode ser perigoso. No primeiro capítulo, por exemplo, que serve como uma espécie de prefácio, garotas expõem seus corpos ao animalzinho controlado por um sujeito com más intenções. Essas personagens não retornam no decorrer da narrativa. O capítulo, portanto, serve para dar o tom do que podemos esperar daqui por diante.

Vamos acompanhar então o pai que não imagina que seu filho possa estar sendo vigiado por um pedófilo. Ou a mulher que controla um kentuki com seu tablet observando sua ama ser roubada por um namorado e não sabe como alertá-la. Por outro lado, um kentuki pode ajudar seu dono a lembrar-se da hora da remédio e outro pode proporcionar que seu amo conheça lugares diferentes ou faça com que um solitário se sinta menos só. Tudo depende, portanto, de quem está do outro lado. E nunca se sabe quem pode estar lá.

Autora do livro de contos Pájaros en la boca e Sietecasas vacías, já resenhados aqui no blog, e do premiadíssimo romance Distancia de rescate, Samanta Schweblin vem se consolidando como um dos grandes nomes da literatura da Argentina, país que já nos deu Borges e Cortázar, entre tantos outros.

site: https://cassionei.blogspot.com/2018/11/e-somente-um-brinquedinho-inofensivo.html
Nayane46 01/07/2021minha estante
Interessante. Isso me faz pensar nas redes sociais. O instagram, por exemplo pode facilitar esses mesmo problemas que você relatou na sua resenha. Tudo vai depender da indole da pessoa que está do outro lado. Fiquei interessada no livro


Jubi já leu 09/07/2021minha estante
Acabei de pegar para ler


Jubi já leu 09/07/2021minha estante
Aparentemente é bom


Cassionei 15/07/2021minha estante
Obrigado pelos comentários. O livro agora edição no Brasil.




Helder 12/04/2022

De que lado está a perversão?
Kentukis da autora argentina Samanta Schweblin lançado no Brasil pela Editora Fosforo é um dos livros mais hypados da atualidade e foi uma leitura realmente surpreendente.
De que lado está a perversão? Quem condena é condenável? O quanto seguimos nossa vida guiados por nossos preconceitos. O mau está realmente naquilo que vemos ou está entranhado dentro de nós? O que é máscara, o que é real e o que é puro preconceito?
Kentukis são pequenos robozinhos em forma de bichinhos de pelúcia que as pessoas compram para ter um amigo em casa. Eles têm forma de coelho, pandas, toupeiras e até dragões. São fofos e amigos. A diferença é que eles são bichinhos controláveis, porém o controle não está aqui deste lado com seu “amo”, mas sim em algum lugar onde existe uma pessoa que compra uma licença e passa a ver através dos olhos daquele bichinho e fazer com que ele ande, corra e interaja com seu amo.
Dono e controlador do Kentukis não se conhecem. Não é possível escolher quem irá controlar seu Kentukis, nem escolher um Kentukis para ser controlado. O processo é totalmente aleatório. O Kentukis pode estar na Rússia e ser controlado por um peruano. Outros costumes, outra cultura, outra geografia e principalmente: Outra língua!
Esquisito?
Com certeza.
Em uma ideia completamente Black Mirror, Samanta Schweblin potencializa a experiencia de um Big Brother, permitindo que as pessoas possam escolher entre terem suas vidas espionadas “Tendo” um Kentukis, ou serem espiãs da vida alheia, “Sendo” um Kentukis, mas diferente do tão famoso programa de televisão, sem ganhar nada para representar qualquer um deste papeis.
E assim, através de diversas micro histórias, a autora vai nos mostrando esta “experiencia” por diversos pontos de vistas. Bons e ruins. E quem decide isso é o leitor, pois a autora simplesmente vai nos apresentando possíveis configurações de uso desta “tecnologia” sem realizar julgamentos se aquilo é bom ou ruim. Assim temos desde garotas se exibindo sem roupa para uma câmera até velhinhos ajudando jovens a desenvolver talentos musicais, tudo em um mundo anônimo e protegido por telas.
Muito diferente de nossos celulares em redes sociais?
É sabido por todos que a internet trouxe um escudo para a humanidade, que por se ver protegida por trás de um teclado, vê-se no direito de falar e fazer coisas sem medo, já que é como se ninguém fosse conhecer sua identidade. Este é um dos pontos discutido em Kentukis, já que o controlador do Kentukis pode estar fazendo coisas com aquilo que está vendo em sua casa sem você ter a mínima ideia.
Outro ponto de discussão que achei sensacional é o problema de comunicação que não pode ser resolvido pela tecnologia, algo que vejo constantemente na rede em discussões via WhatsApp , onde digo uma coisa e você subentende outras quinze e a “conversa” se torna uma torre de Babel, simplesmente por não haver o “olho no olho”.
Aqui o livro mostra que se houver interesse o ser humano pode encontrar ajustes para possibilitar que os dois lados se entendam e assim a tecnologia pode encontrar seu uso para o bem. Mas é preciso que haja empatia e vontade de entender o outro lado, algo que parece estar cada vez mais escasso.
Por fim, é incrível como este livro mexeu comigo e minhas certezas e preconceitos. No meu mundo, eu digo que não vejo ganho nem em “ser” nem em “ter” um Kentukis, mas nada me preparou para o sensacional final deste livro que veio para mim como um enorme soco no estomago e me mostrou que talvez o que julguemos nos outros seja na verdade aquilo que simplesmente está dentro de nós.
Nos julgamos santos, mas na verdade temos um preconceito tão arraigado que acaba nos transformando em algozes e é duro quando a literatura chega e esfrega isso na nossa cara.
Ser ou Ter um Kentukis?
Novo dilema Shakespeareano!
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Norberto 07/02/2023

Achei interessante demais a ideia, mas fiquei na expectativa o tempo inteiro de um desenrolar mais.... desenvolvido? Acho que a forma que o livro foi construído me chamou atenção mas não conseguiu me prender muito no final das contas. Gostei das histórias e das relações que foram acontecendo "no mundo inteiro" e gosto de histórias que terminam um pouco mais em aberto, mas no fundo fiquei esperando um desfecho mais definitivo.
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Mariana Dal Chico 26/12/2021

Seguindo minha lista de leituras de literatura argentina indicada por vocês, peguei o livro Kentukis, de Samanta Schweblin, no dia 17/12 e não consegui deixar o livro de lado até chegar ao fim no dia seguinte.

A premissa não poderia ser mais atual: um adorável dispositivo doméstico de pelúcia, que pode ter a forma de um dragão, coelho, corvo e outros, controlado por outra pessoa.

Isso mesmo, uma pessoa fica na casa dela, com o computador/tablet, controlando esse robô capaz de ouvir, ver e se locomover, e que tem acesso à sua casa. Essa conexão é feita com pessoas do mundo todo de forma aleatória e uma vez desfeita, o dispositivo perde sua utilidade.

Os pontos de vista se alternam em cada capítulo, alguns parecem contos dentro desse universo e são permeados por outras histórias que perpassam o livro todo.

Alina, comprou um corvo por se sentir solitária enquanto o namorado artista trabalha o dia todo; Emília é o Kentuki de Eva e acabou substituindo o vazio que seu filho deixou pela preocupação com sua nova ama; e Enzo que comprou uma topeira para o filho por insistência ex-esposa e da psicóloga que indicou o Kuntiki como um suporte emocional para o garoto durante o processo de separação dos pais.

Essas foram as que mais me chamaram atenção, mas há outras mais curtas que também me impactaram, como a que abre o livro, a de Cheng Shi-Xue a de Claudio.

O livro levanta questões sobre solidão, afeto, generosidade, esperança, mas também de perversão e oportunismo.

A forma como a comunicação deficiente, onde apenas um fala e o outro não tem voz para responder, emula nossas relações pessoais atuais. Mostra como as pessoas podem se relacionar melhor com um robô - ainda que tenha outra pessoa em seu comando, ela é desconhecida para o dono desse robô -, do que com pessoas do seu convívio social, como por exemplo: companheiro/a, mãe, pai, filho/a.

Emília, na página 107, traz o questionamento mais importante e que vai me perseguir por muito tempo: “(…) Ele preferia “ter” a “ser”? E o que isso revelava sobre seu próprio filho?(…)”.

Livro excepcional que indico para quem quer ser incomodado por uma boa leitura.

Editora Fósforo obrigada pelo envio do exemplar.

site: https://www.instagram.com/p/CX1xX7aPkCN/
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Isis Maat 28/02/2022

O livro me prendeu a atenção, li no mesmo dia, gostei da narrativa. A reflexão contida nas histórias é muito válida, nos mostra até que ponto as pessoas chegam, incluindo no que se refere à privacidade, para manter algum tipo de contato e convivência com outros humanos, seja de uma forma sadia, ou de um forma doentia.
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André Vedder 08/12/2022

Uma ideia genial...mas pouco aprofundada.
É a impressão que tive ao ler a obra que até funciona melhor como um livro de contos, pois são pequenas histórias em volta de um mesmo assunto: os tais "Kentukis", que por sinal achei uma ideia sensacional da autora, pois através dessa temática, consegue-se abordar muitos temas contemporâneos importantes relacionados ao mundo virtual/real e suas consequências.
Em contrapartida, por se ter um teor tão rico em mãos, achei que faltou um melhor desenvolvimento e aprofundamento da escritora sobre as histórias e personagens.
Ao fim a obra mostrou-se oscilante em sua narrativa, mas no geral vale a leitura.
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Samu 28/04/2023

Black Mirror, corre aqui
Estava procurando por livros que se assemelhassem a histórias de black mirror e da produtora a24, e achei Kentukis em meio às indicações.
Além da capa ser LINDA, ser de uma autora latino-americana que não conhecia, e a editora fósforo também ter um trabalho incrível em todas as suas edições, ele foi uma escolha que nem precisei pensar muito, E QUE LIVROOOO!!!!!
Não entendo o motivo de tantas avaliações relativamente ?baixas?, pois o livro não promete nada, um enredo simples, com um objeto que não existe, mas que vejo muito próximo a nossa realidade e entrega tudo o que precisamos, superou minhas expectativas!
A escrita de Samanta é incrível, capítulos curtos e envolventes, conhecemos os personagens aos poucos, alguns capítulos a frente um personagem de alguns capítulos atrás volta e continuamos a saber cada vez mais acontecimentos de sua vida, como se estivéssemos ouvindo uma fofoca.
Fiz muuuitas marcações e com certeza leria de novo, é um livro para refletir, e apesar de ser algo que ainda não existe, podemos relacionar muitos acontecimentos por todas as frases do livro com nosso dia a dia e relação com a tecnologia num contexto geral?
Laura 30/04/2023minha estante
Eu tbm acabei de instalar ele só pq a sinopse parece Black mirror JANNDNDNNDF




Aegla.Benevides 20/03/2022

O título faz referência aos kentukis, bichos de pelúcia que são os protagonistas da história. Diferente dos bichos de pelúcia ?normais?, os do livro possuem câmeras instaladas nos olhos e humanos controlando-os à distância. Ainda que possa parecer esquisito ter um bichinho que te espiona, os kentukis tornam-se uma febre ao redor do mundo, conquistando tanto os ?amos? ? ou seja, os que compram a pelúcia ? quanto os que preferem controlar os bichinhos.

Devo confessar que criei uma expectativa imensa sobre o livro porque essa premissa central é de tirar o fôlego, mas a execução não me prendeu tanto quanto imaginei. A história, ou melhor, as histórias são contadas em terceira pessoa, e cada cena (ou capítulo, que dura no máximo 10 páginas) mostra um personagem diferente e sua conexão com um ou mais kentukis. Alguns desses personagens aparecem mais de uma vez ao longo do livro, mas nenhuma das histórias se conecta.

A parte mais legal desse formato é que a autora mostra as particularidades de cada indivíduo durante a experiência tendo/sendo um kentuki ? enquanto alguns apegam-se emocionalmente, outros fazem dinheiro. Porém, como eu sou o tipo de leitora que foca muito nos personagens, acabei não curtindo muito esses focos diversos (preferia uma quantidade menor de personagens ou, pelo menos, algum tipo de conexão entre eles).

Unindo a originalidade do tema e a escolha do formato da narrativa, acredito que ainda é um livro muito bom, e indico a leitura pra quem curte enredos mais intrigantes e conspiratórios.
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Marcelo 23/05/2022

Resenha publicada no Booksgram @cellobooks ?
Não é novidade falar em uma sociedade vigiada. No final da década de 40 George Orwell sua famosa distopia 1984 abordando uma sociedade vigiada pelo Big Brother. Nessa linha também tivemos outros títulos de distopia importantes como Farenheit 451, Admirável mundo novo... Foucaut também falava disso na década de 70.

Também não é novidade que o ser humano, por natureza, tem seu lado voyeurista, ou seja, gosta de observar a vida do outro, sua prática, seus hábitos, seus costumes, suas intimas expressões. E nesse contexto há necessariamente o exibicionista e o observador.

Nesse livro, lançado em 2021, Samantha Schweblin, autora argentina, nos apresenta uma sociedade vigiada por robôs. Mas diferentemente das distopias anteriores, quem vigia/observa é o outro, e não o Estado.

Samantha apresenta o lançamento de um inofensivo ?bichinho? (robô) de pelúcia. Há quem queira ser o ?amo?, ou seja, a pessoa dona do bichinho de pelúcia que será observada, e do outro lado o observador. Apesar de ser denominado de ?amo?, esse não tem poder em determinar quem vai observar, quando vai observar, e teoricamente não sabe nada sobre quem está do outro lado da câmera.

Solidão, afeto e generosidade, mas também oportunismo, infâmia e perversão, são alguns dos sentimentos que, atravessados pela virtualidade e pela paradoxal fragilidade da comunicação contemporânea, compõem este romance, dissecando a verdadeira anatomia moral de nossos dias.

Ao mesmo tempo que a novidade encanta, gera curiosidade e desejo, também com o passar dos dias apresenta seus problemas, como extorsão, perda de privacidade, envolvimento em diversos tipos de problemas.

Apesar de não ser uma novidade, o livro é interessante e vale a leitura e foi finalista do International Man Booker Prize. Achei que algumas partes do livro ficaram soltas ? foram abordadas no inicio mas de repente desaparecem.
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ElisaCazorla 27/02/2022

Privacidade costumava ser um bem inestimável
Enquanto lia essa obra não podia deixar de pensar se, dentro daquele universo tão próximo, tão assustadoramente próximo, eu escolheria ser ou ter um Kentuki. Afinal, neste mundo onde vidas são voluntariamente expostas, somos exibicionistas ou voyeurs? Queremos ver ou ser vistos? E, talvez, algo que pouco nos perguntamos, quais são as implicações de cada uma dessas pontas na vida real?

Sim, existe uma vida real e uma vida virtual. Perder os limites dessas vidas têm sido devastador mas suas consequências, embora possam pareçam imperceptíveis, são enormes.

Como atropóloga tendo a acreditar que, por sermos uma espécie social, o olhar do outro é indispensável para nosso desenvolvimento e sobrevivência e para a manutenção de nossa espécie. O que está se perdendo nesse mundo de infinitas possibilidade de relações virtuais é o conceito de olhar.

Ser visto virtualmente não substitui as relações humanas através das quais dependem nossa sobrevivência cultural, emocional, psicológica e física. São construídas outras novas e, talvez, interessantes para pensar e questionar mas não substituem em absoluto o olhar do outro, o toque, o observar.

Nosso cérebro de Homo sapiens se desenvolveu para estar em sociedade. Precisamos do olhar do outro, da voz, do toque, do estar ao alcance. E essas relações são tão complexas e difíceis que, paradoxalmente, criamos um jeito de controlar o incontrolável e, desta forma, atrofiamos milhares de anos de desenvolvimento intelectual em pouco tempo. Essas relações de brinquedo não terminarão bem para nós.

Não consigo enxergar nenhum cenário onde isso seja positivo. Isso vindo de alguém que não gosta de muita gente que não sobreviveria sem os poucos parceiros e parceiras que sao insubstituíveis. Nenhuma outra forma de interação social pode substituir àquela que precisamos para nós manter saudáveis e em funcionamento. Somente em contato com nosso grupo nuclear podemos ser, podemos existir. A experiência de quarentena durante a pandemia provou isso de várias formas. Pode até ajudar um pouco, alivia as tensões e o peso do isolamento durante alguns poucos dias mas acaba se tornando mais um pesadelo do que um conforto muito rapidamente. Aprendemos na pele que ter o mundo dentro da tela é igualmente solitário como estar num deserto.

Precisamos do olhar de alguém ao alcance de nossos dedos, mas não do olhar virtual da multidão.

É isso aí, humanos! Precisamos do olhar e do toque e da companhia uns dos outros mas somente daqueles que estão perto, bem perto de nós! Não tem outro jeito!

Um viva para nossas relações humanas privadas! Aplausos para nossa privacidade.
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