Geórgea 27/02/2019A Viúva SilenciosaA psicóloga Nikki Roberts perdeu o marido Doug há mais de um ano e esse fato tornou-a muito diferente da mulher que todos conheciam. Agora, ela é mais dura, fechada e fria. Sua lista de pacientes está limitada a pessoas muito específicas e com problemas pontuais. Ela os vê como eles realmente são e, diferente do que é esperado, os julga o tempo inteiro.
“Não tenho medo da morte. Nunca tive, ainda que, como psicóloga, já tenha tratado inúmeros pacientes que têm medo de morrer. É basicamente uma questão de controle. Medo do desconhecido. O que estou prestes a fazer é o ato derradeiro do controle, penso eu. Deixar o mundo da forma que você deseja é um luxo.”
Após o brutal assassinato de sua paciente Lisa Flannagan e de outra pessoa próxima a ela, as suspeitas recaem sobre a psicóloga. Seria ela a ligação para esses crimes? Ela sabe de algo? Ou seria ela a culpada? Uma investigação se inicia e a verdade pode ser ainda mais reveladora do que se espera.
Mas, o que a polícia não esperava, era que fossem encontradas células mortas nos corpos assassinados. O que fazer quando os indícios apontam que o assassino já está morto? Essa estranha pista levará os detetives para um mundo sombrio onde as drogas e as mentiras parecem ser a lei.
Minha Opinião
Você já imaginou o quanto uma mentira pode impactar a vida de uma pessoa? Quando eu era jovem Sidney Sheldon era um dos meus autores favoritos. Cada livro de investigação policial que ele lançava, era como música para os meus ouvidos. Por isso, não é de admirar que eu estivesse tão empolgada para conhecer essa história. No entanto, senti falta daquele escritor que conheci e da genialidade das suas obras. Ele pecou no quesito originalidade aqui. A autora, Tilly Bagshawe era uma total desconhecida para mim e creio que houve grande interferência das suas ideias aqui.
Mesmo assim, um ponto que me agradou, foi a mocinha não ser tão mocinha assim. Ela não está tentando ser uma vítima que todos sentem pena e que sofre a perda do marido em silêncio. Nikki é ácida, julga os outros e fala o que pensa. Com o tempo, vamos descobrindo mais sobre a sua relação com o marido e o que pode estar por trás da morte dele. Durante um período da história, eu já estava desconfiando inclusive dela. Tive muitas dúvidas quanto ao seu caráter.
“O rosto por baixo do capuz não era humano. Era o rosto de um monstro, verde e podre, com pedaços de carne literalmente enroscados e pendendo dos ossos, como se fosse a pele de uma fruta rançosa. Ela abriu a boca para gritar, mas o som não saiu.”
Quando vi a possibilidade de termos um “assassino morto”, imaginei que teríamos algo extremamente bem elaborado e interessante, mas saquei qual era o segredo em pouco tempo. Infelizmente, os autores entregam muitas pistas durante o texto. Enquanto deixam de explicar outros tantos detalhes. Além disso, a narrativa apresentava alguns saltos temporais no meio da história para explicar algo que não era necessário no momento. E na ânsia de mostrar quem era o culpado, acabaram incrementando demais as justificativas.
Conforme os detetives vão investigando, as evidências surgem e uma alucinante corrida em busca da verdade tem início. Novos personagens são inseridos no contexto, mas nem todos realmente possuem algo a acrescentar. A maioria das pessoas duvida de Nikki e ela precisa lutar para provar sua inocência, mas, até o leitor duvida da sua palavra. Não sabemos em quem confiar, por isso cada revelação é uma surpresa.
“Ela não costumava ser assim. Intolerante. Arrogante. Crítica.”
O que me deixou bem incomodada foram as ligações dos personagens. Foi tudo muito oportuno, na minha opinião. Ao invés de casar o passado de cada um de forma coesa e satisfatória, as ligações foram atiradas de qualquer jeito, sem fazer sentindo nenhum. Ficou tudo muito forçado e fiquei decepcionada com o que me foi apresentado. Sei que as pessoas falam que o mundo é uma ervilha, mas não precisava exagerar assim.
Os segredos são maiores do que imaginamos e existe um emaranhado de informações. Mas a vasta gama de personagens, a variedade de histórias contadas e interligadas e as quebras abruptas na linha temporal, contribuíram para a história ser cansativa e previsível. Esse exagero de coincidências quebrou o natural.
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