Aquele que é digno de ser amado

Aquele que é digno de ser amado Abdellah Taïa




Resenhas - Aquele que é digno de ser amado


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Toni 18/04/2024

Aquele que é digno de ser amado [2017]
Abdellah Taïa (Marrocos, 1973-)
Nós, 2018, 136 p.
Trad. Paulo Werneck

Taïa é autor de 9 romances, além de contos e escritos autobiográficos. Nascido no Marrocos e radicado na França, sua obra tem se mostrado profundamente marcada por questões de transculturação, trânsitos migratórios, homossexualidade e colonialismo. “Aquele que é digno…” foi o 1º livro do autor a chegar ao Brasil: nele, quatro longas cartas que cobrem duas décadas compõem um complexo mosaico afetivo de um marroquino de 40 anos, gay e emigrado em Paris.

A primeira dessas cartas é escrita pelo protagonista, Ahmed, a sua falecida mãe, descrita como uma ditadora que nunca aceitou a homossexualidade do filho mais novo. Em seguida, um amante de Ahmed chamado Vincent lhe escreve na tentativa de compreender porque foi abandonado pelo jovem marroquino. Na terceira carta, Ahmed elabora sua vivência com Emmanuel, seu parceiro francês de muitos anos, responsável direto por sua mudança para Paris e por quem nutre um ressentimento ao se dar conta de que abandonara cultura, idioma e memórias na tentativa de se tornar cada vez mais parecido com seu colonizador. Por fim, a última das cartas é uma fantasmagoria, uma mensagem de um amigo e confidente de Ahmed, também homossexual, com quem dividiu segredos e descobertas em um país que discrimina e humilha pessoas lgbts.

Tratei romance e autor da forma mais descritiva possível porque este livro não é de fácil absorção, e acredito que serão necessárias algumas releituras para fazer justiça ao que a obra representa para mim. Ao longo de apenas 4 cartas, Taïa promove muitos acertos de contas, todos eles profundamente marcados por rejeições internas e externas de um personagem em luta para perdoar a si mesmo e compreender as relações que o determinam. No romance, a alteridade assume muitas faces: familiar, cultural, afetiva, erótica, fraterna, colonizadora, identitária, acadêmica, linguística. Todas e nenhuma delas, no entanto, capazes de reparar identidades migrantes e lgbts socializadas pelo medo, pela vergonha e pela injúria.
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Alê 04/09/2019

Aquele que é digno de ser lido
um livro lindo que vai além da discussão sobre gênero.
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Cris 16/09/2021

Cartas em anos decrescentes
A proposta de mostrar a vida do personagem através de cartas, em anos decrescentes, foi bem inovadora. E faz o leitor entender enfim as angústias do personagem.
O livro também dá amostras dos efeitos da colonização francesa na cultura árabe
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Allan 06/09/2021

"Essa pele é a minha verdade, para além de mim mesmo. Não a aceito completamente, mas sei que só existo por ela, apesar de minhas múltiplas tentativas de fuga, de emancipação."

Já ouviu que não se pode julgar um livro pela capa? Então, você pega essa edição na mão e pensa que o livro é curtinho. Mas ele é de uma profundidade tão grande, que vira um livrão. São quatro cartas que nos permitem acompanhar a história de um migrante gay e marroquino na França. O livro aborda a questão da sexualidade, da religião, relacionamento familiar e colonialismo. Aliás, é um refresco ver um autor que não romantiza o colonialismo europeu.
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Nayara 27/08/2021

" O amor não se vive unicamente com as pessoas que compartilham exatamente de todas as nossas opiniões, as nossas escolhas "
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Galardo 22/05/2021

Superou minhas expectativas
Trás uma narrativa forte em quatro cartas que abarcam muito mais do que homossexualidade que é uma possível impressão pré leitura. Um livro potente que consegue trabalhar, sexualidade, religiosidade, colonialidade e outros elementos de forma precisa, partindo da vida de Ahmed é possível refletir sobre um todo, uma realidade triste e arrebatadora. O título aqui acaba por ser uma grande reflexão sobre quem é "aquele que é digno de ser amado".
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Marcelo 16/05/2021

Um livro de sentimentos conflituosos
O marroquino Abdellah Taïa foi o primeiro escritor árabe a se assumir homossexual publicamente, em 2006. Para muitos homossexuais vivendo no mundo árabe sob opressão político-religiosa, seu rosto é o único com o qual se identificar, a única inspiração visível. Em seus livros, Abdellah Taïa exibe a dignidade do homossexual árabe. Aquele que é digno de ser amado é seu primeiro romance publicado no Brasil. O livro toma a forma de quatro cartas. Nas duas primeiras, o personagem principal, Ahmed, homossexual marroquino de 40 anos residente em Paris, escreve à mãe, Malika, morta faz cinco anos, e ao amante francês, Emmanuel, que conheceu no Marrocos aos 17 anos e com quem partiu para a França. As outras duas cartas são dirigidas a Ahmed por Vincent, um amante do passado, e Lahbib, um amigo de infância. Merecidamente,como autor, ele se tornou um ícone de resistência, e sua obra está entre as mais relevantes no que se produz na literatura atualmente. Essa correspondência se estende por vinte e cinco anos, de 1990 a 2015. Nas cartas, Ahmed questiona e é questionado sobre sua homossexualidade, sua relação com a mãe, seus vínculos com o Marrocos e sua identidade como árabe na sociedade francesa. Ao partir para a França com Emmanuel e adotar a língua e o modo de vida do colonizador, Ahmed ganhou liberdade para expressar sua sexualidade, mas perdeu suas raízes e sua identidade. Aquele que é digno de ser amado é um livro que fala de vários temas: da relação difícil entre mãe e filho, da dor da homossexualidade, do exílio no estrangeiro, da ilusão de emancipação e da submissão cultural. No entanto, sobretudo, é um livro que fala do colonialismo e das relações de poder, e de como eles se refletem na vida afetiva de um homossexual árabe de 40 anos radicado nos dias de hoje em Paris.
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Joabe Vieira 29/12/2020

Colonialismo da mente e do sexo
Muito se fala de colonialismo e estudos decoloniais atualmente. A escrita de Abdellah sutilmente mostra como isso se estabelece e se desenvolve. Como estamos o tempo todo sendo colonizados por outros poderosos. Entretanto, é preciso de dar conta desse mecanismo que subalterniza e erotiza povos, corpos e culturas do Sul Global. Mais do que cenas eróticas e sensuais, o livro nos traz uma tomada de consciência que surge pouco a pouco no protagonista, levando-o a se libertar, não da sua homossexualidade, mas da sua situação de colonizado.
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Carol 11/12/2020

Impressões da Carol
Livro: Aquele que é digno de ser amado {2017}
Autor: Abdellah Taïa {Marrocos, 1973-}
Tradução: Paulo Werneck
Editora: Nós
144p.

Das coisas que mais me fazem ser uma entusiasta de clubes de leituras é ter a oportunidade de ler um livro que, se não fosse por essa curadoria, provavelmente escaparia do meu radar.

É este o caso de "Aquele que é digno de ser amado", do marroquino Abdellah Taïa, lido para o clube LGBTQ+. Caso queiram conhecer o clube, procurem as arrobas @jamesthiago ou @lendoarte, no instagram.

Trata-se de um romance epistolar, que perpassa um período de 25 anos da vida de Ahmed, um homem árabe, de 40 anos, homossexual, vivendo em Paris. As cartas são datadas da mais recente à mais antiga, o que torna a leitura um mergulho no passado desse homem, numa tentativa de compreendê-lo.

O que leva uma pessoa a ser quem ela é? A agir como age? A amar como ama? Qual lugar esse homem exilado ocupa? O que é ser gay numa sociedade confessional como o Marrocos islâmico? O que é ser o outro numa França laica? Do que falamos quando falamos sobre submissão? E sobre poder?

São ao todo 4 cartas nas quais Abdellah Taïa não alivia pro leitor em momento algum. Sua escrita é direta, dura, seca e cheia de nuances. Ahmed é um homem marcado por suas origens e relações familiares e amorosas, é um homem factível e sua história nos comove porque, afinal, todos somos dignos de sermos amados.

Abdellah Taïa, ele mesmo, nascido no Marrocos e exilado na França, foi o primeiro escritor árabe a se assumir gay, abertamente. Para contextualizar a força desse ato, no Marrocos, a homossexualidade é crime e punida com até 3 anos de prisão e multa.

Se a literatura é esse exercício de se pôr no lugar de outrem, "Aquele que é digno de ser amado", é um belo exemplo do que de melhor a literatura contemporânea pode nos proporcionar. É um livro incômodo, mas pertinente. Recomendo!
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Na Literatura Selvagem 30/09/2020

Leitura formidável... espetacular.
Primeiro romance de Abdellah Taïa publicado no Brasil, Aquele que é digno de ser amado é um livro epistolar. Tendo o formato de quatro cartas; em duas delas, o protagonista Ahmed escreve à sua mãe já falecida, Malika, e ao seu amante francês Emmanuel, pertencente a um passado distante de sua vida atual. As outras duas cartas foram destinadas a Ahmed, tendo sido escritas por Vincent [outro amante do passado] e um amigo de infância chamado Labbib.

continue lendo em

site: http://naliteraturaselvagem.blogspot.com/2019/06/resenha-aquele-que-e-digno-de-ser-amado.html
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Amanda 21/06/2020

O livro é curto e narrado através de 4 cartas, cada uma impactante de seu próprio jeito. O livro traz uma crueza na descrição de sentimentos que torna fácil comover o leitor em poucas páginas. O construção da história me lembrou muito ?Me chame pelo seu nome?, a história tem alguns elementos semelhantes e a sensação geral da história para mim foi a mesma, por mais que a atmosfera dos dois livros seja bastante diferente, acho que quem gostou de um pode gostar de outro
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Eloiza Cirne 08/04/2020

Bela narrativa
"... o amor não se vive unicamente com as pessoas que compartilham exatamente de todas as nossas opiniões, as nossas escolhas."
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Barbara 27/02/2020

Intrigante
Mostra um universo pouco pensado e discutido sobre ser homossexual, negro num país mulçumano. Acho que não consegui entrar muito, mas achei bonito a forma como o autor escreve e coloca algumas questões.
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Wania Cris 26/02/2020

Cartas profundas
A primeira carta já mostrou o quanto esse livro, apesar de pequeno, seria bem profundo. Uma carta avassaladora em sentimentos conflitantes, fortes, definitivos e decisivos. As demais seguiram o mesmo curso. Sentimentos escancarados, jogados violentamente no rosto do leitor, verdades escondidas que se tornam reveladas, decisões que se solidificam em atos. Uma escrita brutal, porém, tão afável.

Um desafio da TAG que se tornou uma leitura memorável.
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