Fran 20/10/2023
O final de Anne of Green Gables já dava uma boa noção de como a história seguiria, mostrando Anne deixando a infância para trás e assumindo uma personalidade mais contida, reservando até mesmo sua grande imaginação apenas para momentos específicos e controlados. Apesar de ser normal, e talvez até mesmo esperado, é um acontecimento que afeta bastante a história. Uma parte do dinamismo do enrendo se perdeu com a maturidade de Anne — sua tendência a sempre se envolver em confusões era o que movimentava a história, sendo algo que praticamente deixou de acontecer. Com isso, temos um livro com ritmo bem mais lento e arrastado, com poucos eventos importantes e dignos de destaque.
Como exceção, temos a introdução dos dois novos órfãos, que é um tanto contraditório. Davy, o único que tem um destaque notável, ajuda a trazer de volta a atmosfera de Anne of Green Gables, mas é bem pouco — as semelhanças que tem com Anne se resumem a enorme curiosidade, e seu comportamento maldoso o torna uma figura complicada. Dora, um exemplo tão grande de bom comportamento que quase nem se nota a presença, é praticamente excluída do enredo. Servindo como alvo das travessuras de Davy e das conversas entre Anne e Marilla, que repetem várias vezes como ela é sem graça e que gostam mais do irmão, ela se torna uma personagem muito injustiçada.
Ainda que não seja tão divertido e cativante quanto o anterior, é interessante acompanhar o amadurecimento e desenvolvimento de Anne enquanto envelhece.