Pandora 05/10/2020Eu tinha uma certa curiosidade por este livro porque na época em que ele foi distribuído pela TAG as opiniões foram muito diversas. Na contracapa, ele é assim descrito: “Nada é um livro inesquecível. Escrito em 1944, quando a autora tinha apenas vinte e três anos, e vencedor da primeira edição do prêmio Nadal, é considerado uma das obras espanholas mais importantes do século XX. Segundo Mario Vargas Llosa, é um romance composto com maestria, e, para o New York Times, ainda hoje “o charme peculiar do livro continua inalterado”.”
O problema foi que eu não encontrei esse charme. Não me senti envolvida. Não fui fisgada. A história de uma moça que sai do interior para viver em Barcelona com parentes disfuncionais falidos vivendo numa casa decadente após a Guerra Civil Espanhola é o tipo de tema que me interessa. Mas não sei se, de propósito, a autora coloca uma espécie de filtro, uma película que nos deixa tão apáticos quanto Andrea, a protagonista, diante dos acontecimentos.
Eu tentei não julgar a personagem, e entendo que quando ela estava na casa de Ena, a amiga rica, num ambiente civilizado, confortável, abastado, ela se desligava de sua vida real, se esquecia momentaneamente das dificuldades, da pobreza, da fome. Mas foi difícil lidar com a preocupação excessiva que ela tinha com cada detalhe da vida de Ena, enquanto não era capaz de se comover ou auxiliou a uma avó que não só lhe deu abrigo, mas passou fome por ela.
Aliás, nem a fome de Andrea, que deveria me parecer angustiante, conseguiu me comover.
Enfim, é um livro bem escrito, premiado e tal, mas que não me encantou.