O Relatório de Brodeck

O Relatório de Brodeck Manu Larcenet




Resenhas -


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Marcello Becrei 20/12/2018

Quadrinho escrito nas pedras!
Senhoras, senhores, meus diplomatas. Estamos diante dos maiores lançamentos do ano, e olha que não foi um ano fácil para entrar em disputa.
É quase clichê. O Pipoca & Nanquim ainda não errou na escolha dos seus quadrinhos. O Relatório de Brodeck, no entanto, é um dos pontos altos da editora. Sendo sincero, pelo menos ao meu gosto, ele está empatado com Charlie Chan na disputa cabeça a cabeça por melhor lançamento da editora. Mas acabemos com as disputa, não?
O Relatório de Brodeck é uma aula de narrativa. A história, um misto de suspense e relato histórico, depende muito da qualidade de Manu Larcenet em contar uma história. E sim, o artista está a altura desde obra prima contada em preto e branco.
É uma ebulição de nanquim que por muitas páginas prescinde das palavras. Emocionante, assustador, reflexivo. Um baita lançamento da editora, que mais uma vez apresentada uma alta qualidade no tratamento do material.
Em um ano de Mort Cinder, Charlie Chan, Um Pedaço de Madeira e Aço - e estou sendo injusto com os ótimos lançamentos da Nemo e Sesi-, O Relatório de Brodeck é um dos grandes destaques.
Parabéns a editora e aos leitores que adentrarão ao Relatório de Brodeck. A questão que fica é, sairão do mesmo modo que entraram?
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@Spreadthereading 30/12/2018

Espetacular
Uma obra-prima em forma de HQ ??
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Arthur Sayão 06/01/2019

O frio da intolerância
Num vilarejo isolado de tudo, frio, marcado pela presença de um invasor autoritário (nazistas) durante a guerra recentemente encerrada, um viajante exótico chega. Diferente de todos, excêntrico. Um assassinato e um pedido compulsório de um relatório ao morador mais marcado pela presença nazista no vilarejo. São pequenos retalhos dessa narrativa fria, comovente e intrigante. Começando bem o ano com esse #gibi adaptação do livro de Philippe Claudel, com a arte incrível do, também francês, Manu Larcenet. Traços originais que passou a crueza gélida de um lugar, amostra do mundo, onde a sensibilidade traz incompreensão, medo e violência. A história é muito mais que isso. Vale o desfrute dos lindos desenhos. As paisagens e animais foram os preferidos.
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Jivago 15/02/2019

Chegou a era pós-HQs
"O relatório de Brodeck" nos força a pensar numa era pós-historia em quadrinhos. Estamos diante da diluição de fronteiras entre o romance, a pintura e a narrativa gráfica. O horror do pós-guerra e as marcas da barbárie dos Campos de concentração são retratados com esmero que talvez não encontre paralelo precisamente pela proeza da diluição dos gêneros. It's a must!
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Dhiego Morais 05/03/2019

O Relatório de Brodeck
O frio do inverno açoitava o seu rosto. Recolhido contra o próprio corpo e abraçado pelos agasalhos esfarrapados, ele seguia pelas vielas sombrias do vilarejo inóspito a estranhos. Mesmo sozinho, havia algo naquele lugar, naquele momento que não o fazia se sentir só. Ainda que não pudesse vê-los, ele sabia que estavam por ali. Estavam o observando, monitorando, o acompanhando passo a passo. E num lugar tão pequeno quanto aquele, em que todos se conheciam um pouco, as informações vazavam mais rápido do que a água que escorre pelos dedos. Sabia o que tinha que fazer; haviam sido muito claro. O passado deixa um gosto amargo na boca de algumas pessoas, mas são as tormentas da guerra, os percalços do medo que resgatam tudo o que há de enterrado na alma dos homens. Ele sabia muito bem o que deveria fazer. Mas o modo, o modo ele decidiria. A verdade às vezes precisa ser escrita com sangue. E dessa tinta todos tinham um pouco.
O Relatório de Brodeck foi o último lançamento da editora Pipoca e Nanquim em 2018, e, assim como foi veiculado pelos editores e pelo público fiel, é facilmente a melhor HQ do ano, de fato.
“É preciso entender que a guerra ainda estava dentro de nós. Ela destilara nos sobreviventes uma feroz desconfiança que agitava seu sangue e tripas.”
Adaptado do romance e obra-prima de Philippe Claudel por Emmanuel Larcenet, em dois tomos entre 2016 e 2017, aqui conhecemos a história de um vilarejo empobrecido e de seus moradores, pouco tempo depois dos eventos de uma grande guerra. Embora nada seja dito explicitamente, não fica difícil ao leitor calcular a época como sendo pouco tempo depois da Segunda Guerra Mundial, em um ambiente que pode se estimar como o antigo Império Austro-Húngaro, entre uma fala ou outra das personagens. Claro que é tudo muito proposital. Tanto Claudel quanto Larcenet mantêm os ares de dúvida, e é justamente isso que atribui o caráter não somente atemporal da obra, como também o de adaptabilidade à época e espaço.
Brodeck é o nosso protagonista, um tipo de escrivão, responsável por produzir relatórios que são enviados à administração de outra vila, responsável pelo vilarejo humilde. Por sua condição alfabetizada, Brodeck é intimado a redigir, talvez, o relatório mais importante de sua vida: após voltar do armazém com a manteiga solicitada, ele se dá conta de que um assassinato foi cometido; um estrangeiro foi morto e cabe a Brodeck transcrever um relatório que assegure a necessidade de o vilarejo ter ceifado a vida do homem. Assim, ele passa a ser o advogado de todos. O tempo é escasso e logo a demora por detalhes para a composição do relatório promove a ebulição de inúmeros medos nos mais variados moradores, que transformam não somente as pessoas, mas o vilarejo como um todo.
Em O Relatório de Brodeck, Manu Larcenet reconta por meio de suas ilustrações espetaculares uma série de momentos que envolvem a pequena vila. Por meio das memórias do protagonista, o leitor mergulha nos eventos que antecederam a guerra e suas consequências para com o vilarejo. A forma como os soldados são retratados ao aportarem ali, como monstros — ainda que de início não se apresentem assim —, lembra muito a maneira figurada utilizada em Maus, outra importante história em quadrinhos sobre o período da guerra. Entre os flashbacks, o leitor também tem vislumbres do horror dos campos de concentração, das barbaridades impostas aos “estrangeiros sujos”, a raça inferior, e dos momentos finais da guerra, do abandono, da letargia da liberdade e das transformações incutidas na mente dos camponeses, encorajados a denunciar estrangeiros, inimigos da pátria e mulheres, muitas delas e deles somente para arrefecer a sede de sangue dos soldados.
“Sou o único inocente em meio a todos. O único. Escrevendo essas palavras, subitamente me dou conta do perigo que isso representa. Ser inocente em meio aos culpados... É, em suma, muito parecido como ser o único culpado entre os inocentes.”
Aproveitando que falamos da arte de Manu, é imprescindível comentar sobre o impacto de suas ilustrações na mente de quem lê. Utilizando-se apenas do preto e branco, o autor dá vida a uma obra dolorosa e que reconstrói os pesadelos que se acometeram contra os mais humildes, aqueles mais afastados das capitais e dos eventos mais famosos da guerra. Foram essas pessoas que sentiram as mudanças em corpo e mente intensamente. Com um realismo que impressiona, o nanquim esconde as feições quando assim são necessárias, dão corpo a um clima que mescla a tristeza e a soturnez próprias do enredo. Toda a desconfiança é habilidosamente tingida nas personagens, que as vestem e dão singularidade a cada personagem. É assombroso o que Larcenet faz com o pincel, como traduz magistralmente a essência do romance de Claudel.
A chegada do estrangeiro é narrada em O Relatório de Brodeck, bem como o reflexo que a figura corpulenta e de poucas palavras, mas muitos sorrisos e notável curiosidade promovem no vilarejo. Nesse ponto, a metáfora do medo do desconhecido, do que não é nativo é visível.
Temerosos pela consequência de seus atos, o vilarejo vê na oportunidade do relatório de Brodeck a chance de se esquecer de todo o carma e do ocorrido. É a confissão de homens marcados pelos horrores da guerra. Mas cabe ao protagonista produzir o relatório certo. E certo pode adquirir muitos significados ali.
“Eles estão todos os domingos na minha igreja, e eu vejo o rosto impassível daqueles hipócritas! Vejo a sua fachada de humildade, forçada, exagerada, e conheço todas as indignidades deles, seus segredos mais asquerosos... Também sinto o cheiro do suor deles, Brodeck, acre e rançoso... Não é água benta o que lhes escorre do cu, pode acreditar em mim! É o medo.”
Com diálogos impecáveis, como a conversa entre Brodeck e o padre, bem como de cenas sem qualquer fala, mas igualmente impressionantes, O Relatório de Brodeck é certamente um dos melhores quadrinhos que já tive a oportunidade de ler e, tão certo de como o romance do qual foi adaptado é uma obra-prima, seria imperdoável não estender tamanho elogio a obra de Larcenet.
Dotado de toda a carga emotiva e angustiante de que se encontra em Maus, por exemplo, além de uma composição quadro-a-quadro pensada com maestria, O Relatório de Brodeck é facilmente uma das melhores adaptações em quadrinho em muitas décadas, uma obra que deve se manter imortal, ainda que a memória de quem leia se esvaia.


site: http://skullgeek.com.br/resenhas/resenha-o-relatorio-de-brodeck-manu-larcenet/
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30/07/2019

Nada incomoda mais o ser humano do que ver a própria podridão refletida de volta.
Num certo dia, aparece um visitante num vilarejo distante. Não se sabe nada sobre ele, nem seu nome. Ele passa os dias desenhando, na dele, sem incomodar ninguém. Mas nada disso conta quando você carrega a maior ameaça de todas: o desconhecido.

E é aí que o ser humano se revela. A podridão vem à tona. Os habitantes desse lugar acabam matando o estrangeiro e pedem para que Brodeck, o escrivão, altere a história em seu relatório oficial. Ele passa a sofrer ameaças constantes e só vamos entendendo aos poucos o motivo. Brodeck também tem a sua história dolorosa.

A HQ não menciona lugar nem data, mas sabemos que se passa durante e depois da Segunda Guerra Mundial, num vilarejo afastado em algum lugar da Europa. Os nazistas estão presentes também, retratados como monstros, literalmente. Pode parecer que o que ocorreu durante a ocupação nazista influenciou o comportamento daqueles habitantes, mas tem gente que precisa só de um empurrãozinho para fazer coisas abomináveis. Infelizmente a crueldade é algo inerente ao ser humano.

HQ incrível com uma das artes mais lindas que eu já vi.
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Gárgula 03/12/2019

O Relatório de Brodeck, de Manu Larcenet
Talvez as melhores leituras sejam aquelas que te perseguirão pelo resto de seus dias. Não, a palavra talvez encerra em si uma dúvida e por isso é a palavra errada. São as melhores leituras, com certeza. Cabe a nós o fardo de suas mensagens.

O Relatório de Brodeck é uma dessas leituras, que nunca mais esqueceremos. Ela nos lembra apenas que o horror da alma humana, dormente e terrível, está esperando seu momento de despertar. Se não estivermos atentos sempre, será de nossas almas que os monstros sairão. Somos sim, os portais do inferno.

O Relatório de Brodeck, traz a arte e argumento de Manu Larcenet, inspirados no romance de Philippe Claudel. Sua arte é tão rica que enreda o leitor de uma maneira impossível de não se ver imerso na sinistra situação que nos é apresentada. A tradução fica ao encargo de Pedro Bouça, enquanto a publicação é responsabilidade da Pipoca & Nanquim, que vem fazendo um trabalho ímpar no mercado nacional.

Poderoso demais ler um quadrinho assim. Algo que precisamos sempre para nos lembrar do quão falhos nós somos. Precisamos ser os nossos próprios vigias, atentos e incansáveis.

Larcenet (e Claudel, obviamente) nos fazem perceber o quão cruel é entendermos que a sociedade só é suportável enquanto vestida pelos tecidos maleáveis das mentiras. A verdade ao final, é uma nudez agressora, terrível e implacável.

Brodeck não só escreve um relatório, mas faz sim um mergulho corajoso no cerce social humano. Ao leitor, cabe no final a pergunta: Você aguentaria se ver despido verdadeiramente em um espelho tão cruel? Não precisa responder nada. Apenas leia O Relatório de Brodeck e tire suas conclusões.

Não tenho como não lembrar de meu velho pai após essa leitura. Ele sempre dizia que, ao final da vida, todos somos obrigados a nos sentar em um banquete de consequências. Ali, teremos de degustar a comida que nós mesmos preparamos e seu sabor estará de acordo com nossos atos.

Uma leitura dura, necessária e atual. Vivemos dias difíceis e cabe a nós decidir se seremos aldeões calados ou se escrevemos o relatório.

Boa leitura.

Essa resenha foi publicada no blog Canto do Gárgula em 03/12/2019

site: https://cantodogargula.com.br/2019/12/03/o-relatorio-de-brodeck-de-manu-larcenet/
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Yago Grassini Prevot 21/02/2020

#ESTANTEPN
Edição, arte e roteiros incríveis.
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Zé Wellington 26/02/2020

Espetacular.
Que baita quadrinho. Curti demais.
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Matheus 10/04/2020

Na natureza humana, a guerra e seus extremos em preto e branco.
A HQ é metalinguística, é a conclusão da construção da própria história. O relatório é frio, cinza e mágico ao mesmo tempo. Ele chega a ser quase uma fábula tamanha a sinceridade que expressa nos atos humanos que estão ali. Fala dos efeitos de um pós guerra em uma terra e período não determinado precisamente, fala também da natureza humana, do conformismo no coletivismo de uma sociedade e do poder de quem controla. Fala do relacionamento com o diferente, com o novo, o incerto. Fala de preconceito. É duro, bastante! Mas é bonito também, o traço de Manu Larcenet brilha em algumas páginas de forma única, poucas obras que vi tem essa qualidade de traço preto e branco, mas em muitas outras apresenta feições muito sujas, cheias de traços, escuras até demais que se não prejudicasse o reconhecimento dos personagens no começo da historia nem seria um problema. Produção PN impecável e roteiro que é de tirar o chapéu. O Livro é ainda melhor que a HQ e vale a leitura mesmo de quem já viu a HQ, porém, mesmo com a dificuldade de se comparar essa obra com sua mídia original a adaptação é primorosa. Vale com certeza ler e guardar com muito cuidado em sua estante. Uma obra de arte, atemporal. Nota 10.
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Danonel 03/05/2020

Como descrever esse livro... Uma obra incrível que mostra que o medo e a ignorância pode aflora o pior da humanidade.
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Jonas (@castelodepaginas) 05/06/2020

O Relatório de Brodeck
Fiz resenha no meu blog dessa obra, por favor visitem e se inscrevam. Obrigado

site: resenhasnonaarte.blogspot.com/2020/06/o-relatorio-de-brodeck_4.html
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joaoggur 27/08/2020

Muito bom, mas se perde no meio
O relatório de Brodeck é um excelente quadrinho! PN de parabéns. A história é muito interessante, os desenhos não são do agrado de todos, mas eu gostei! O final é surpreendente. Senti que do meio para a frente o quadrinho muda um pouco o tema, mas mesmo assim ele é muito bom!
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