Leonardo1263 23/09/2023
Tenso, tenso e tenso!
Tive o prazer de devorar o quadrinho alternativo, O RELATÓRIO DE BRODECK. Uma adaptação de @manularcenetestamour da obra de Philippe Claudel. Edição fantástica trazida pela @pipocaenanquim
Por aqui o leitor é jogado em meio a um vilarejo entre as montanhas, lugar pacato e afastado, algum lugar próximo da Alemanha pós 2ª Guerra para ser suficientemente afetada por esse momento. Brodeck funcionário do vilarejo é responsável por registrar tudo sobre a fauna e a flora do local, um trabalho muito tranquilo.
No dia errado, na hora errada, Brodeck vai até a mercearia local e encontra todos os homens reunidos, após um acontecido... Agora, intimidado e encurralado pela massa de homens nervosos, Brodeck é encarregado de fazer um relatório do acontecido, um relatório conveniente, um relatório da "verdade" sobre o que aconteceu naquela noite.
Brodeck se sente ameaçado, se sente perseguido, as palavras possuem poder, e se manipular da forma errada isso pode comprometer sua vida. Ser o único inocente no meio dos culpados, é tão ruim quanto o inverso.
Além da verdade desconfortável que o protagonista carrega, as indiretas, os olhares e intimidações, Brodeck em meio ao relatório narra a história de sua vida, os 2 anos que passou no campo de concentração e todas as atrocidades que o ser humano é capaz de fazer.
Além da história por si só ser algo fantástico, Manu Larcenet trabalha com uma narrativa gráfica como poucos. Em muitos quadros sem diálogos, o silêncio incômodo e o sentimento de perseguição e um sentimento de certa claustrofobia atinge o leitor direto no peito. Tudo tem muita significância, todos os olhares, todo aquele silêncio em meio ao frio e a neve, é tão acusador e vigilante quanto qualquer discurso... E tudo porque o novo incômoda, o outro, o diferente, sendo ele bom ou não.
Tê-lo por perto causa desconforto e se torna inconveniente. Faz com que comparemos a nós mesmos e deixa nossa consciência mais pesada.