eriksonsr 22/09/2020
O poder da arte sequencial
Fazia tempo que estava afim de ler este quadrinho, as críticas, comentários e resenhas que lia sobre só me deixavam mais ansioso! A expectativa estava lá em cima e foi devidamente atendida!
A história desta obra é ótima, os personagens, o pano de fundo... mas a arte do Manu Larcenet se sobressai, ela te salta aos olhos, te deixa vidrado admirando e te passa as emoções ali presentes, a arte deste quadrinho é simplesmente INCRÍVEL! Logo, você já sabe a jóia que é isto, pois os dois pilares que sustentam um quadrinho estão presentes aqui, uma história ótima e uma arte incrível.
Sobre a história, ela mexe contigo, te mostra quão suja as pessoas podem ser (especialmente em grupo), como muitas pessoas vestem uma "máscara" e suas reações ao encararem seus rostos nus... aqui vamos ter contato com um vilarejo com pessoas "cinzas", que fizeram coisas terríveis, que querem manter as aparências e vamos ver um pouco de sua história e suas atitudes com quem é de fora, com quem é diferente, com quem os faz lembrar de coisas que queriam esquecer e que ficassem escondidas no passado...
Por último um aspecto que precisa ser comentado, a qualidade do quadrinho, do material em si. O formato widescreen valoriza demais a arte que contém, isso e a capa dura da vontade de abrir sobre algo plano e apenas ir folheando e admirando cada página. O acabamento é ótimo! Ele vem com uma luva de proteção bem legal. Só de pegar isso na mão você já sabe que está diante de algo único e que não vê todo dia.
Bom, acho que ficou claro que esta é uma obra ótima, diferenciada e que vale a pena...
Alguns trechos interessantes:
"Os homens são mais perversos do que as piores feras selvagens... Eles perpetram o pior muito facilmente, e depois são incapazes de viver com a realidade dos seus atos! As memórias deles, Brodeck, aquelas escondidas mais fundo, bem protegidas, elas não mentem. Eu sou aquele em cuja mente eles despejam todas as suas sujeiras, suas imundícies, para se aliviarem... Depois vão embora, limpinhos, prontos para recomeçar na primeira oportunidade. Eu sou o esgoto, Brodeck."
"Escrevendo estas palavras, subitamente me dou conta do perigo que isso representa. Ser inocente em meio aos culpados... é, em suma, muito parecido com ser o único culpado entre os inocentes."