Bruno Pinto 19/08/2013
Por que li esse livro?
Um das mais conhecidas obras de Thomas Mann, A Morte em Veneza foi minha escolha para conhecer o autor. No entanto li primeiro Tônio Kröeger, que veio junto no livro que comprei, o qual me impressionou e me criou grandes expectativas.
A história
Um escritor em idade avançada, Aschembach, decide viajar para espairecer e se inspirar. Acaba numa praia em Veneza onde descobre um belo jovem, Tadzio, pelo qual fica obcecado.
Os leitores mais conservadores vão se assustar com a leitura que parecerá mais um tratado de voyeurismo homossexual - e que não deixa de ser, de certa forma. Mas é mais que isso: é um tratado sobre arte, beleza, juventude, envelhecimento e comportamento.
Assim como em Tônio Kröeger, aqui há uma boa pitada de autobiografia, sendo que há relatos consistentes da existência de um Tadzio real que lembra de ter sido perseguido por Mann durante uma temporada em Veneza. A propósito, não seria demais criar uma ligação direta entre Tônio Kröeger e Aschembach, representando o artista diferentes fases da vida.
Vale a pena ler?
Me frustei um pouco com A Morte em Veneza, creio que pela expectativa criada com Tônio Kröeger. Aqui a leitura é mais arrastada, meio cansativa. Mas ainda assim é um bela obra, com temas tratados de forma única e uma narrativa cheia de cores, cheiros e sabores que têm o poder de transportar qualquer um para a pele do personagem. É um Bom livro.
Trechos do livro A Morte em Veneza, de Thomas Mann
"As observações e os acontecimentos do solitário calado são ao mesmo tempo mais difusos e mais penetrantes que os do sociável, seus pensamentos são mais pesados, estranhos e nunca sem um traço de tristeza. Imaginações e percepções que poderiam facilmente ser postas de lado com um olhar, um sorriso, uma troca de opiniões, ocupam-no sobremaneira, aprofundam-se no silêncio, tornam-se importantes, acontecimento, aventura, sentimento. A solidão acarreta o original, o ousado, o estranhamente belo, o poema. Mas a solidão também acarreta o errado, o desproporcional, o absurdo e proibido."
"Amava o mar por motivos fortes: por um anseio pelo silêncio do artista que trabalha muito e que, perante a exigente multiplicidade das aparições, deseja acolher-se no seio do simples e imenso; por uma tendência proibida, oposta à sua tarefa e, justamente por isso, tentadora; para o desligado, desmedido, eterno, para o nada. Descansar ao lado do perfeito é o anseio daquele que se empenha pelo esmerado; e o nada não é uma forma do perfeito?"
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