Analuz 13/04/2020
Um misto de fábula e realismo
Se você soubesse da existência de uma criança mimada, egoísta, cruel e birrenta, o que pensaria sobre ela? Provavelmente acharia que a convivência com ela seria complicada, culparia a sua criação e diria que ela se tornaria uma pessoa adulta difícil de lidar, não? Mas e se eu lhe dissesse que a criança em questão é uma das maiores super-heroínas da ficção?
E assim nos é apresentada a princesa Diana, comumente conhecida por Mulher Maravilha, nascida da areia esculpida após uma canção proferida pela rainha Hipólita, em sua melancolia por não poder ter filhos. Os deuses, então, se compadecem desse profundo desejo e dão vida ao bebê moldado às margens da praia.
A garotinha não se trataria apenas da filha da rainha (o que já lhe daria motivo suficiente para ser mimada), mas também seria a única criança da ilha inteira, fazendo com que todos a quisessem agradar e cedessem aos seus caprichos.
A mimada Diana cresce com quase nenhum tipo de represália, e nos breves momentos em que a mãe chama sua atenção por agir de modo tão cruel e egoísta, logo a princesinha usa de seu charme para se desvencilhar de broncas. Porém, não demorava muito para que logo voltasse a aprontar com todas as amazonas de Themyscira.
Nesse ritmo, Diana passa por todos os estágios evolutivos até se tornar uma jovem adulta acostumada com a idolatria de todos. Ou quase todos, como ela logo descobre ao conhecer Alethea, uma amazona que preza pela humildade das pessoas e confessa à princesa que não se rende aos seus feitos e títulos.
Competitiva, Diana passa a fazer de tudo para conquistar o amor e a admiração de Alethea, como se fosse uma disputa consigo mesma de que seria possível fazer com que absolutamente todas da ilha a amassem. Porém, como uma criança mimada no corpo de uma adulta, Diana não mede muito bem as consequências de seus atos, que levarão a resultados que ela sequer imaginaria, pois só foca no alvo de sua conquista, ignorando qualquer mal que sua busca cega pela aprovação de Alethea pudesse causar.
Falar mais que isso é spoiler. Se é que já não forneci uma quantidade muito grande de informações até o momento, considerando a pouca quantidade de páginas do encadernado. Com roteiro e arte de Jill Thompson (o grande nome dos quadrinhos com técnica de aquarela), o material mostra belas ilustrações sobre o universo das amazonas, os deuses, a criação de Diana e muito mais. É uma boa história de origem, que apesar de contada em formato de fábula, nos dá um panorama mais realista do que de fato aconteceria com a jovem Diana como a única criança e princesa de toda Themyscira.