Aline T.K.M. | @aline_tkm 19/07/2022Uma leitura para todas/os/esEste livro me esperava na estante há muito tempo, e nunca me passou pela cabeça que eu acabaria lendo-o neste momento, grávida.
O romance com cara de autobiografia trata essencialmente dos questionamentos que envolvem a escolha — ou não — de ter filhos. A protagonista, uma escritora perto dos 40, sempre teve certeza de não querer ser mãe, só que uma série de dúvidas e inseguranças passam a inundá-la, e ela já não está tão convicta de sua escolha.
Ao percorrer sua relação com os demais e com a própria vida e trabalho, a história das mulheres de sua família, o sofrimento da mãe (e o dela própria), os ciclos de seu corpo e diversos aspectos que envolvem gerar e criar um novo ser, a protagonista revela um grande sentimento de medo. Um medo que está presente de diversas formas e em diversos âmbitos de sua vida. Um medo que não é apenas ou necessariamente da maternidade em si e de suas consequências; antes de tudo, é o medo de fazer uma escolha e de bancar essa escolha perante tudo e todos.
Muito mais do que a maternidade desromantizada (tema que por si só me atrai), o livro assume um caráter mais subjetivo quando nos apresenta uma mulher com todas as suas vulnerabilidades diante de uma escolha que impactará o resto de sua vida. Uma escolha que vem acompanhada de memórias e de uma imensa bagagem (muitas vezes inconsciente), e que sempre esbarra na relação da mulher consigo mesma.
Percebo que Maternidade é um livro com o qual todas as mulheres, em maior ou menor grau, vão se identificar; é também um livro que vale ser lido por todas/os/es.
No fim das contas, fiz essa leitura no momento certo: se eu planejava ler quando eu mesma era só dúvidas, foi uma boa surpresa notar que extraí tanta coisa dele (talvez muito mais) agora que a minha escolha já está estabelecida. Recomendadíssimo!
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