Maternidade

Maternidade Sheila Heti




Resenhas - Maternidade


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Taissa 08/10/2020

Por que tanta cobrança para engravidar?
A sociedade cobra muito as mulheres. Depois de uma certa idade, tem a cobrança para namorar. Passado um tempo, para casar. Alguns meses depois, para ter filho. E por aí vai...
A discussão deste livro é muito importante, pois trata da escolha da mulher em não querer ter filho. E precisamos normalizar essa escolha!
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@retratodaleitora 19/06/2019

Sempre tive uma curiosidade enorme quando o assunto é maternidade. Não sou mãe e não sei se quero ser, mas não quero que seja um eterno "talvez", ou que seja ditado por terceiros ou pelo meu próprio corpo. Quero poder dizer "sim, quero ter filhos" ou "não, não quero ter filhos" sem dúvida, sem exitar, e com meus motivos na ponta da língua; menos pelos outros e mais por mim mesma. Mas pense em uma questão difícil, essa da maternidade! Enquanto fico nessa dúvida vou lendo tudo o que cai nas minhas mãos sobre o tema... "Maternidade" da escritora canadense Sheila Heti foi desses livros que aparecem de surpresa e, já pelo título (não li a sinopse) sabia que o leria.

Acontece que eu não sabia que era um romance. Ou seja, li 78% do livro acreditando se tratar de um não-ficção. Talvez por ser uma narrativa tão livre, tão pessoal, tão com cara de diário, e com uma protagonista escritora, canadense, na faixa dos quarenta anos, com outros livros publicados.... Só caí na real quando li umas coisas mais surreais e fui ler FINALMENTE a sinopse. E estava lá: romance. Fiquei surpresa, chateada comigo mesma e com o fato de que teria que diminuir a nota, pois avaliando um livro de romance, uma ficção de 300 páginas, não foi a mesma coisa.

"Nós direcionamos nosso amor para trás, para que a vida possa fazer sentido, para dar beleza e significado à vida de nossas mães"

Então aqui conhecemos uma ~personagem~ que não sabe se quer ter filhos e resolve escrever sobre essa dúvida, investigar lá no fundo os porquês, seus motivos, seus relacionamentos, sua relação com sua mãe, ancestralidade, corpo, alma, desejo, mitologia, questões hormonais. É um livro que realmente vai fundo, e gostei muito das reflexões que ele trouxe; acabei me fazendo várias perguntas também e, ao longo da leitura, me surpreendendo com as respostas.


"O tempo está sempre se esgotando para as mulheres. Os homens parecem viver em um universo sem tempo. Na dimensão dos homens, não há tempo - só espaço. Imagine viver no universo do espaço, não do tempo! (...) A vida de uma mulher dura mais ou menos trinta anos. Parece que, durante esses trinta anos - dos catorze até os quarenta e quatro - tudo precisa ser feito. Ela precisa achar um homem, fazer bebês, começar e impulsionar a sua carreira, evitar doenças e juntar dinheiro o bastante, em uma conta separada, para que seu marido não possa detonar as suas economias. Trinta anos não é tempo suficiente para viver uma vida toda! (...) Se eu fizer apenas uma coisa com o meu tempo, certamente essa coisa depois será o meu martírio."

É uma leitura muito fluída, interessante, com temas importantes. Abrange muita coisa, não é tão bem organizado, mas muito inteligente ao fazer o leitor pensar coisas que não são tão abordadas na literatura: menstruação, tpm (ou seria transtorno disfórico pré-menstrual?), feminilidade, relações conflituosas mãe&filha, carreira&maternidade e MUITO mais. É um livro sobre maternidade escrito por uma mulher branca sobre uma mulher branca escritora, seria uma autoficção? Até onde a atora é personagem e vice versa. Fiquei curiosa!

Como eu disse, é um livro que toca em diversos pontos interessantíssimos e sim, leitura muitíssimo válida para quem como eu tem essa curiosidade, se interessa pelo tema e entendam (querem, precisam entender) que existem mulheres que não querem ter filhos, e respeitem isso.

A escrita Sheila Heti vai estar presente na FLIP 2019 e gostaria MUITO de conhecê-la, saber mais sobre seu trabalho, entender melhor esse livro estranho, e muito bom (como não ficção rs) sobre um tema que adoro.

Recomendo a leitura? Se se interessa pelo tema, sim. Só recomendo que comecem tendo em vista que é um romance com toques de autobiografia... até onde entendi. Foi um livro confuso? Foi. Acho que ficou bem claro nessa resenha/desabafo, e o porquê de ser importante as vezes passar os olhos por sinopses e pegar umas palavras-chave que podem fazer total diferença.


"Eu sei que quanto mais eu trabalho neste livro, menor se torna a possibilidade de que eu tenha um filho. Talvez seja por isso que o escrevo - para conseguir atravessar até a outra margem, sozinha e sem filhos. Este é um livro profilático. Este livro é a fronteira que estou erguendo entre mim mesma e a realidade de um filho. Talvez o que eu esteja tentando fazer, ao escrever isso, seja construir um bote que me levará até certo ponto por certo tempo, até que as minhas perguntas não possam mais ser feitas. Este livro é um bote salva-vidas para me levar até lá. Por mim, isso é tudo que ele precisa ser - não um grande transatlântico, só uma balsa. Ele pode se despedaçar completamente depois que eu desembarcar na outra margem."

"A minha falta de experiência maternal não é uma experiência da maternidade. Ou é? Posso chamá-la de maternidade também?"

"Viver de um jeito não é uma crítica a todos os outros jeitos de viver. Será que essa é a ameaça que a mulher sem filhos apresenta? Ainda assim, a mulher sem filhos não está dizendo que nenhuma mulher deveria ter filhos, ou que você - mulher empurrando carrinho de bebê - fez a escolha errada. A decisão que ela toma para sua vida não é um discurso sobre a sua. A vida de uma pessoa não é um discurso político, ou geral, sobre como todas as vidas devem ser. Outras vidas deveriam correr paralelamente à nossa sem qualquer ameaça ou juízo."

site: https://www.instagram.com/mydearvangogh/
Ana 19/06/2019minha estante
também gostei de vários trechos, mas no geral achei a "personagem" basicamente chata. rs. As reflexões sao relevantes, mas a "personagem" ... nao morri de amores pelo livro, enfim.


@retratodaleitora 19/06/2019minha estante
Também não morri de amores, Ana. Mas as questões são bem pertinentes e valeu a leitura. Acho que ia aproveitar bem mais se fosse um não ficção confesso, e não um romance...


Monique 15/07/2019minha estante
Também fiquei em dúvida sobre essa questão de ser um romance. Parece muito ser um diário autobiográfico... Vou pesquisar


Cleide 09/09/2019minha estante
Nossa, ainda bem que não sou a única a achar a personagem chata. Chatíssima.


Olaf 02/03/2020minha estante
Estou quase terminando e confesso que as metáforas com o lançamento de moedas ao longo do livro me confunde muito.




Caroline 28/08/2022

Reflexões
O livro trouxe perguntas sobre a decisão de ter ou não filhos, não necessariamente as respondendo, mas trazendo reflexões sobre o assunto.

"Talvez, se eu pudesse de alguma forma descobrir do que é
feita a experiência de não ter um filho ? conseguisse transformar isso em uma ação ativa, em vez da ausência de
uma ação ?, eu saberia qual experiência estou tendo, e não
sentiria tanto a sensação de que estou esperando para agir. Eu seria capaz de decidir a minha vida e segurar a minha decisão
em minhas mãos, mostrá-la para os outros e chamá-la de
minha".
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Maíra 17/05/2021

Bom
Em geral eu gostei do livro. Traz uma temática muito importante, que me representa e que é uma vivência real das mulheres que decidem não ter filhos. Muitas vezes me identifiquei com os pensamentos e questionamentos que ela faz. Marquei vários trechos do livro para reler. Mas também achei muito repetitivo. Por ser uma narrativa introspectiva, acaba sendo muito cansativo ver a personagem lidando todos os capítulos com os mesmos dilemas e questionamentos, como se não saísse do lugar. Mas acho também que é natural pela escolha de narrativa que ela propõe. Afinal, todo mundo é cansativo dentro da sua mente.
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Toni 26/08/2019

Uma das razões para eu conseguir escrever comentários com certa prolixidade por aqui é porque durante as leituras mantenho um bloco de notas onde anoto quaisquer impressões, ideias ou sentimentos despertados pelos livros. Daí, quando chego à última página já tenho umas quantas linhas que “só” precisam de revisão e umas boas doses de coerência. Duas ou vinte leituras depois, textinho pronto para publicar no Instagram.
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“Maternidade” destruiu esse sistema, me deixou desamparado encarando o bloquinho em branco, chateados um e outro. Não porque o livro seja ruim ou não tenha despertado várias reflexões, mas muito mais pelo susto de estar diante de uma leitura inusitada, espécie de romance-ensaio sobre os sentidos da memória e da herança (ou seja, um olhar sobre o passado e sobre o futuro). Dentro dessa chave, o livro ganha muitos pontos: não apenas por seu conteúdo digressivo contra a cultura da gravidez compulsória, mas principalmente como possibilidade de encarar a forma do romance, sua gestação e absorção cultural como um “filho que não morrerá — um corpo que falará e continuará falando, que não pode ser baleado ou incinerado” (p.219). Heti descende de vítimas e sobreviventes do holocausto. À luz desse fato, o trecho acima e o romance como um todo adquirem matizes muito mais complexos.
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Vale deixar claro: se à altura da página 50 o leitor de “Maternidade” ainda não houver abandonado suas expectativas por tudo aquilo que caracteriza um romance de enredo—ação, reviravoltas, desenvolvimento de personagens etc—sairá frustrado e perderá uma boa leitura. Heti não constrói uma história com início meio e fim, mas uma longa reflexão sobre compulsoriedade cultural e o “destino biológico” das mulheres—destino que tradicionalmente associa a não-gravidez ao fracasso, à incompletude, à interrupção da linhagem.
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Lais da Mata 20/12/2021

Um dos melhores livros que li em 2021
Sabe aquele livro que vem de encontro com o que você vem vivendo? Pra mim foi esse. 30 e poucos anos, cobrança social para ser mãe, indecisão, vida corrida, enfim...
Pode parecer que a mensagem era: não tenha filhos. Mas na verdade foi: tá tudo bem ter e tá tudo bem não querer ter. Não existe demérito em nenhuma das opções. Deu uma aliviada por aqui!
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Aline T.K.M. | @aline_tkm 19/07/2022

Uma leitura para todas/os/es
Este livro me esperava na estante há muito tempo, e nunca me passou pela cabeça que eu acabaria lendo-o neste momento, grávida.

O romance com cara de autobiografia trata essencialmente dos questionamentos que envolvem a escolha — ou não — de ter filhos. A protagonista, uma escritora perto dos 40, sempre teve certeza de não querer ser mãe, só que uma série de dúvidas e inseguranças passam a inundá-la, e ela já não está tão convicta de sua escolha.

Ao percorrer sua relação com os demais e com a própria vida e trabalho, a história das mulheres de sua família, o sofrimento da mãe (e o dela própria), os ciclos de seu corpo e diversos aspectos que envolvem gerar e criar um novo ser, a protagonista revela um grande sentimento de medo. Um medo que está presente de diversas formas e em diversos âmbitos de sua vida. Um medo que não é apenas ou necessariamente da maternidade em si e de suas consequências; antes de tudo, é o medo de fazer uma escolha e de bancar essa escolha perante tudo e todos.

Muito mais do que a maternidade desromantizada (tema que por si só me atrai), o livro assume um caráter mais subjetivo quando nos apresenta uma mulher com todas as suas vulnerabilidades diante de uma escolha que impactará o resto de sua vida. Uma escolha que vem acompanhada de memórias e de uma imensa bagagem (muitas vezes inconsciente), e que sempre esbarra na relação da mulher consigo mesma.

Percebo que Maternidade é um livro com o qual todas as mulheres, em maior ou menor grau, vão se identificar; é também um livro que vale ser lido por todas/os/es.

No fim das contas, fiz essa leitura no momento certo: se eu planejava ler quando eu mesma era só dúvidas, foi uma boa surpresa notar que extraí tanta coisa dele (talvez muito mais) agora que a minha escolha já está estabelecida. Recomendadíssimo!

site: https://www.instagram.com/aline_tkm
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paulofonsecamj 27/01/2021

O tapa na cara de Maternidade
Foi um desafio, acho nada mais justo do que começar essa resenha exatamente com essa frase pois de fato foi: um desafio! Este livro me foi dado a partir da proposição de leitura conjunta feita pelo clube de leitura da livraria do Belas Artes e mais uma vez um desafiador presente!

Inicialmente me propus a lê-lo única e exclusivamente de forma empática e no meu não-lugar, uma vez que na figura de maternidade de fato eu não tenha lugar de fala. Confesso que demorei alguns dias e alguns debates pra poder ?engolir? melhor essa leitura e trazer conceitos e ideias mais amplos pro meu discernimento e entendimento da mesma, como disse brilhantemente bem Bruna, uma de nossas livreiras: para alguns livros é necessário se ler de peito aberto, sofrer e chorar junto; e agora eu com um pouco mais de clareza e um pouco mais de tempo tenho noção de como foi me aventurar nessa aventura proposta como diário/livro aberto de Sheila Heti e de fato foi incrível.

O livro vem contar como uma espécie de confessionário o que na visão da autora vem a ser os últimos meses da sua fertilidade e o quanto a decisão por ter ou não filhos com esse cronômetro final ligado vem a ser uma grande questão em sua vida. Por meio de uma narrativa que por vezes coloca as decisões importantes à mercè do destino, por vezes se confabula com seus pesadelos e por outras vezes em suas ligações e conversas com diversas pessoas, Sheila vai traçando seus dias e suas decisões, nos deixando a par de cada angústia e de cada peso pela decisão entre o sim ou não tomada, conseguindo grandiosamente nos fazer por tantas vezes sofrer, se entediar ou reprimir por esse questionamento: ter ou não filhos?

O que era pra ser um assunto amplamente pessoal se transforma em grandes questionamentos e proposições quase que universais, principalmente no que se diz respeito ao corpo das mulheres e ?papeis sociais? impostos às mesmas, tirando o leitor da voz passiva e o trazendo junto as suas angústias e delírios em voz ativa, fazendo-o participar do jogo de culpas e redenções dessa escolha que deveria ser única e exclusivamente pessoal mas, que tantas vezes é carregada de peso sobre esta decisão, como se essa mesma fosse uma dívida da mulher como ser humano para a sociedade.

Os questionamentos vão muito além do fato da escolha de ser ou não mãe, eles encontram com as condenações da educação encontradas na infância, com os desejos condenatórios de cumprir certos papéis sociais como casar, ter um bom emprego, ganhar bem, garantir sucesso profissional, emocional, afetivo e de fato ser mãe, em uma visão ampla sobre os caminhos nos quais escolhemos para as nossas vidas e quais os caminhos nossa própria vida os escolhe.

Este livro abriu de fato e sem retorno minha cabeça sobre a questão da escolha entre escolher se ter ou não um filho, do quão ampla e angustiante esta mesma questão pode vir a ser. Podendo em partes ser uma escolha egoísta, onde se há ainda que involuntariamente a decisão de um novo ser humano em continuar sua existência ? com o desejo de deixar algo de si no mundo que contemple a sua imagem, semelhança e idealismos. Por outras vezes um desejo de completude e parceria, naqueles que desejam filhos por sempre terem um falso ?pertencimento? de alguém no mundo. E por vezes até mesmo um papel social, onde a sociedade entende que um casal hetero normativo jamais tem a sua completude se não tem filho (papel social esse que nunca ? ou quase ? é imposto a um casal LGBTQIA+, uma vez que para estes casais o fato de não se ter filhos é aceito e não dado como uma necessária falta no relacionamento ou mesmo distinção de alegria e completude).

É necessário lembrar que a decisão de se ter filhos implica num desejo de se tornar mãe (ou pai) mas apenas no papel que lhe cabe, o desejo deve ser ao pertencimento dessa figura, que educa, que entende, que ensina e acima de tudo: que acolhe, e não no pertencimento da outra pessoa (o filho) uma vez que essa outra também sendo uma pessoa terá seus próprios desejos, escolhas e suas próprias decisões diante do mundo..

Por fim, cito uma das passagens que mais me marcou do livro, finalizando essa análise a partir da brilhante fala em entrelinhas dita por Sheila: ?Em um certo dia depois da consulta caminhei pela rua e liguei para Tereza, conversei com ela a respeito das minhas inquietações a respeito dos caminhos que escolhi ou não trilhar e ela disse que: todo mundo passa por isso mas, quase sempre quando olhamos nossa vida em retrospectiva de forma amorosa vemos que as escolhas que fizemos e os caminhos que trilhamos foram os certos, ela disse que não era uma questão de escolher uma vida no lugar de outra mas, perceber qual vida te escolheu?.
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Vivian.Naiara 10/04/2021

A história é sobre uma mulher que se questiona sobre ter ou não um filho. Ela chega na fase ?decisiva? do relógio biológico feminino, na qual a decisão sobre a maternidade deve ser tomada. A personagem apresenta vários questionamentos favoráveis e contrários sobre ser mãe. O foco é sobre a mulher tornar-se mãe e suas consequências. Leitura interessante a todas as mulheres, na casa dos trinta, que se fazem a fatídica pergunta: devo ter um filho ou não!
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Thalita Gama 17/09/2020

Leitura ?obrigatória? para todas as mulheres
A autora relata angústias e dilemas que toda mulher se depara ao longo da vida sobre ter um filho. A escrita é sensível e desmistifica a maternidade compulsória que tantas vezes a sociedade insiste em normalizar. Acredito que todas as mulheres devem ler e refletir com as questões desse livro.
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Debora.Bueno 27/10/2020

Reflexão importante sobre a questão da maternidade como escolha da mulher, diante de uma sociedade que cobra e atribui compulsoriamente o papel de mãe às mulheres.
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AnnaFernani (@maeefilhaqueleem) 05/05/2020

P/ a maioria das pessoas a maternidade é algo q vai acontecer na vida de uma mulher... ela foi criada e educada p/ isso, p/ se sentir completa com a chegada do filho. Acontece q p/ muitas mulheres, o se sentir completa chegou antes da maternidade e assim foi feita a decisão de não ter filhos.
P/ muitos pode parecer loucura, porém, não para quem tomou essa decisão e se sente bem e satisfeita com ela.
Sheila Heti nos trás uma personagem q passa por esses questionamentos ao chegar próximo dos 40, em um relacionamento estável. Ela é cobrada quanta a chegada de filhos, porém, ela se questiona, pois não quer filhos, já q se sente completa com a dedicação q dá a sua arte, e não se vê dividindo o seu tempo cuidando de uma criança.

"Viver de um jeito não é uma crítica a todos os outros jeitos de viver. Será que essa é a ameaça que a mulher sem filhos apresenta? Ainda assim, a mulher sem filhos não está dizendo que nenhuma mulher deveria ter filhos, ou que você - mulher empurrando um carrinho de bebê - fez a escolha errada. A decisão que ela toma para sua vida não é um discurso sobre a sua. A vida de uma pessoa não é um discurso político, ou geral, sobre como todas as vidas devem ser. Outras vidas deveriam correr paralelamente à nossa sem qualquer ameaça ou juízo."Pág.148.

O livro trás vários questionamentos q nos deixam em dúvida se é um romance ou auto-biográfico, já q vc encontra dúvidas tão reais. Cada mulher tem a liberdade de escolher o q fazer com a sua vida e cabe ao restante do mundo aceitar e respeitar a sua escolha. Mas nós, mulheres só temos uma certeza... qualquer escolha será julgada.
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Isabela Zamboni | @resenhasalacarte 21/07/2020

Bom e controverso!
Maternidade, de Sheila Heti, é um livro que divide opiniões. Quando terminei a leitura, fiquei com um misto de sentimentos. Será que eu gostei porque o livro apresenta questionamentos que passam pela minha cabeça? Será que realmente é tão bom quanto a crítica avaliou? Ou será que não passam de divagações cansativas? Será que não é um livro First World Problems? Ou devo tratá-lo como uma espécie de diário de uma mulher que busca incessantemente uma resposta para ter filhos ou não? Difícil dizer.

Maternidade é uma mistura de relato com ficção e ensaio. Acompanhamos a trajetória de uma mulher que, aos 37 anos, se questiona se realmente deseja ter filhos ou se seria somente uma imposição cultural/social. Ela mistura questionamentos pessoais com a história de sua mãe e de sua avó, traçando uma linha entre essas três mulheres e seus sofrimentos pessoais.

Gostei muito do livro por embarcar num tema que é considerado tabu. O que leva as mulheres a serem mães? Como elas chegam nessa decisão? O que as impele em direção à maternidade? Será que toda mulher quer ser mãe? Por que as pessoas acham que sempre podem decidir e/ou opinar nessa escolha? Por que a decisão de não ter filhos assusta tanto?

Durante a leitura, a personagem embarca numa jornada de autorreflexão, introspecção e questionamentos sem fim. Alguns momentos realmente mexeram comigo, fizeram me identificar com a situação da mulher ou concordar com ela. Maternidade sempre será uma escolha difícil para algumas pessoas e fácil para outras. Como saber em qual desses lados você se encaixa?

A narradora parece com Sheila Heti, mas não é um romance autobiográfico. Ele mergulha na ficção e na realidade, faz uma mistura de gêneros. Trata-se de um estilo literário interessante, apesar de alguns momentos serem cansativos; muitas deliberações que parecem chegar a lugar nenhum. Sem contar que a vida da mulher – classe média alta, branca, canadense, escritora de sucesso, em um relacionamento com um homem que parece um cubo de gelo, de tanta frieza – não é tão fácil de se espelhar. Os questionamentos são bons, os diálogos com outros personagens também; mas alguns problemas da personagem chegam a ser meio infantis.

Ler este livro é como adentrar na cabeça de alguém com problemas de autoestima, identidade e profunda tristeza. A personagem tem depressão e até chega a tomar remédios a partir de determinado momento. Portanto, os sentimentos dessa mulher em conflito com si mesma permeiam toda a narrativa, causando uma sensação de intromissão, como se estivéssemos lendo o diário de outra pessoa.

Senti uma frieza muito grande nas relações estabelecidas pela protagonista. O relacionamento com o namorado, as amigas, os colegas de trabalho, a família, são de um distanciamento absurdo. A personagem constrói um muro alto e intransponível. Ao mesmo tempo, é um show de autocomiseração; ela não consegue se amar e projeta diversas frustrações e paranoias nos outros.

Algo que achei bastante interessante no livro é sua construção. Os capítulos são como um ciclo menstrual: folicular, TPM, sangramento, ovulação. Como se o próprio corpo feminino ditasse as regras e a “alma do tempo”. Em cada fase do ciclo, as dúvidas, aflições e felicidades se misturam, se combinam ou se afastam. Só mulheres sabem como o ciclo menstrual pode ser um pandemônio.

{Resenha completa no blog!}

site: https://resenhasalacarte.com.br/resenha/maternidade-sheila-heti/
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