Lethycia Dias 07/12/2019Preterimento e solidãoGabyanna tem 36 anos e vive na Noruega depois de ter sido convidada pela empresa em que trabalha para assumir uma nova função na filial desse país. Ela gosta de viajar, conhecer lugares e pessoas e aproveitar a vida. Mas tem um sonho que ela ainda não conseguiu realizar: viver uma história de amor.
Ao longo da vida, Gabyanna se relacionou com vários homens diferentes que tiveram uma coisa em comum: não saber valorizá-la ou não querer assumir um relacionamento sério. Como o título do livro já informa, ela é uma mulher negra e gorda, e isso a levou a sofrer com o preterimento.
O livro é dividido em capítulos curtos, em que Gabyanna vai contando suas desventuras, tanto na visa amorosa como profissional. O diferencial dessa personagem é que ela tem uma origem muito privilegiada, e teve acesso a boas condições de vida, saúde e estudos, o que consequentemente a tornou bem-sucedida no trabalho.
Apesar disso, a narrativa do livro é distanciada. A autora não narra cenas, com descrição de lugares, pessoas, sentimentos. A personagem vai relatando o que lhe aconteceu de forma bem resumida, como se conversasse com uma amiga. Isso torna o livro curto e rápido de se ler, mas depois de um tempo, a leitura fica muito monótona. Gabyanna vai falando do que viveu com cada homem que conheceu, como nas páginas de um diário. Também há poucos diálogos, e esse relato de Gabyanna é poucas vezes interrompido.
Em certo ponto, a personagem cita livros que leu sobre experiências parecidas com as suas, e aí o capítulo deixa de parecer um texto literário e se assemelha mais a um resumo ou resenha desses livros, o que achei bem estranho. Durante toda a leitura senti falta de um trabalho maior com o texto e a narrativa. Não é possível mergulharmos na história, nós apenas observamos de longe, e por isso, acabei não gostando como esperava.
Apesar disso, é um livro curto e rápido, que trata de temas importantes. Foi muito legal encontrar uma personagem negra bem-sucedida no trabalho, independente e disposta a enfrentar o racismo, a misoginia e a gordofobia diariamente.
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