spoiler visualizarAdeline1 23/02/2023
Penelope Douglas me cansa demais
Esse foi o quinto (contando com a série Devil's Night) e último livro que li dessa autora.
Nunca vi uma autora conseguir escrever personagens masculinos tão desprezíveis. Tudo bem que quando digo que não gostei dos homens desse livro, isso não chega nem perto de quão horríveis são os protagonistas de Devil's Night, mas ainda são ruins.
De novo, a Penelope Douglas fazendo personagens femininas aturarem comportamentos desprezíveis de homens, perdoarem super rápido quando eles cometem erros e ainda pedirem desculpas.
O Cole é péssimo. Eu tive tanta raiva dele e da forma como ele tratava a Jordan. Fico irritada, com um sentimento de injustiça perante ao fato do Cole ter feito toda a merda que fez com a Jordan e não ter sofrido nenhum pouco as consequências de tudo o que ele fez. Que ódio.
O Pike não é péssimo, mas também não é bom. Ele tem uns comportamentos machistas ridículos, tem umas falas horríveis dele para a protagonista (alerta de spoiler: o dia em que ele deixa ela esperando por horas, depois de ter pedido para ela estar em casa no horário que ele chega do trabalho...Nossa que ódio). A verdade é que a Jordan merecia muito mais, e não alguém que a fizesse duvidar do seu valor.
Após falar sobre os péssimos personagens masculinos dessa autora, posso prosseguir para as outras questões do livro.
Esse livro é cheio de temas polêmicos: age gap e "pai do namorado".
O age gap por si só não me traz grandes desconfortos. Não é um tipo de história que eu super curto, mas acho que é ok (com limites, claro). Apesar de eu achar que 20 anos é uma diferença muito grande. O "pai do namorado" é um pouco mais complicado, não gosto muito.
Mas o maior problema do relacionamento desse livro é a relação de poder.
Jordan mora de favor na casa do pai do seu namorado. Continua morando lá depois que terminar com o namorado. Com um cara 20 anos mais velho. Existe uma relação de poder entre as duas partes, porque uma depende dos recursos materiais da outra. E isso é muito perigoso e precisaria ser muito bem trabalhado para funcionar. O que obviamente a Penelope Douglas não faz. Aqui preciso citar o maravilhoso "A hipótese do amor", que é um livro que, por se tratar de um romance com um professor e uma doutoranda, também envolve relação de poder. E a Ali Hazelwood trabalha brilhantemente essa problemática.
É incômodo para mim ver uma menina de 19 anos, que está morando de favor, que não tem lugar para ir, que nunca teve uma família para
cuidar dela (que nunca teve um pai), se apaixonar por um cara 20 anos mais velho e de quem ela depende. Freud adoraria esse caso heim. É muito claro que Jordan estava procurando por um "pai". E realmente tem momentos da história que essas funções, pai e interesse romântico, se misturam um pouco.
Eu vejo que a autora mostra como os dois tem química e interesses em comum, como conversam e cuidam um do outro, para além dessas questões. Mas eu fico pensando que para ter um age gap saudável, colocar negligência parental e abandono não é um bom caminho... É esperado que as pessoas procurem isso e se apaixonem por aqueles que podem fornecer o cuidado que elas nunca tiveram.
Enfim, espero que as minhas próximas leituras sejam melhores. Penelope Douglas me deixou exausta no pior dos sentidos.