Isabella.Wenderros 19/09/2020Um privilégio conhecer essa história.‘Um adolescente italiano que acaba entrando para o Partido Nazista e atuando como espião’: pronto, capturou minha atenção. Eu sempre tive um interesse profundo sobre esse período histórico, mas por algum motivo, não estava conseguindo me conectar com nenhum livro que falasse sobre o assunto. Decidi deixar ‘Sob o Céu Escarlate’ para outro momento e agora só consigo me perguntar por que não fiz essa leitura antes.
Não vou falar muito sobre o enredo do livro, acredito que a sinopse já diz o suficiente para despertar a curiosidade dos leitores que gostam desse tipo de narrativa. Nem sei muito bem se isso que escrevo pode ser considerado uma resenha ou outra coisa, mas eu sinto necessidade de falar sobre Giuseppe ‘Pino’ Lella e a escrita envolvente de Mark Sullivan.
Existem muitos heróis de Guerra, pessoas que atuaram bravamente contra os nazistas e fascistas e merecem todo o reconhecimento. Entretanto, também existiram pessoas que arriscaram suas vidas em prol de uma causa maior sem nunca falarem sobre o assunto e esses – também – merecem aplausos. ‘Sob o Céu Escarlate’ não é uma biografia, mas também não é um livro completo de ficção. Como o autor diz logo na apresentação, ele tentou contar o mais fielmente possível a história desse rapaz milanês que acabou infiltrado entre os alemães, mas na falta de lembranças ou fatos que pudessem comprovar algo, ele criou cenas que na sua mente faziam sentido com o enredo. O jeito de escrever de Mark é incrível, transporta e prende. Eu consegui sentir a angústia que ele desejava passar em algumas cenas, enquanto relaxava nos momentos em que narrava o florescer da paixão entre Anna e Pino. A conclusão dessa obra, com o autor contando o destino dos ‘personagens’ no pós-guerra foi um ponto alto para mim. Gostei muito de ter um vislumbre sobre essas pessoas depois daquela época aterrorizante e fiquei emocionada com a sensibilidade que Mark tratou Pino em sua velhice. Ao final da leitura, fiquei pensando no alto preço cobrado de todos que vivenciaram a 2ª Guerra Mundial, o quanto tudo foi injusto e em vão. Milhares de inocentes mortos e muitos diretamente responsáveis por aquela desgraça saindo livremente e voltando para suas vidas, como se nada tivesse acontecido.
Por último e não menos importante, quero falar sobre Pino. Nunca ouvi falar sobre sua história, nunca ouvi seu nome e me pergunto como isso aconteceu. Fiquei inspirada por sua trajetória, por sua determinação de encarar seu medo amparado na fé em Deus e na crença de que estava fazendo o certo. Ele se viu jogado no meio de uma situação inimaginável e seguiu adiante, apavorado quase o tempo todo, mas enfrentando todos os desafios. Precisou abandonar sua adolescência para amadurecer e sobreviver, perdendo pessoas amadas e sua própria ingenuidade no caminho. Não sei se ainda está vivo, não consegui encontrar a informação, mas lembrarei sempre da sua vida.
Anna, também nunca irei esquecer você.