Naondel

Naondel Maria Turtschaninoff




Resenhas - Naondel


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Gramatura Alta 09/06/2019

http://gettub.com.br/2019/06/09/naondel/
Embora seja o segundo volume da trilogia de As Crônicas da Abadia Vermelha, sendo MARESI o primeiro volume, cuja resenha pode ser lida aqui, recomendo que NAONDEL seja lido primeiro, uma vez que conta a história das mulheres que fundaram a Abadia, décadas antes do que acontece no primeiro volume, e esse conhecimento deixará a história de MARESI ainda melhor.


Kabira é a filha mais velha da principal família da região de Ohaddin. Ela detém o segredo do poder de Anji, uma fonte de água que fica escondida na propriedade de seus pais, que na lua cheia pode dar a quem beber o poder sobre a vida e um conhecimento sobre o presente e o futuro, e na lua minguante, o poder sobre a morte e a destruição. Um dia, a família visita o Palácio do Soberano e conhece Iskan, o filho do vizir, que demonstra visível interesse por Lehan, uma das irmãs de Kabira, a mais bonita delas. Mas Kabira se apaixona por Iskan e utiliza a curiosidade dele sobre Anji para despertar seu interesse por ela. E isso era tudo o que Iskan desejava, acesso à fonte e ao seu poder.

Garai era uma guerreira do deserto, até que ela e suas irmãs foram sequestradas por exploradores e vendidas como escravas. Garai era jovem, muito bonita, e escapou da morte ao ser comprada por um homem rico e bonito. Mas ela se enganou ao pensar que estava salva. Iskan leva Garai para o palácio do Soberano, onde a transforma em sua concubina, a mulher que ele visita todas as noites, mesmo sendo casado com Kabira.

Orseola morava nas nas árvores à beira do rio e, como sua mãe, ela tecia sonhos. Ou seja, ela conseguia entrar na mente das pessoas quando elas dormiam. Mais ainda, ela podia conduzir os sonhos da forma que desejasse, mas isso era proibido. Por causa de um deslize, ela acaba cometendo um erro, é julgada, expulsa e deixada em um barco à deriva no mar. Ela não ficou muitos dias vagando, apenas o suficiente para considerar morrer, mas foi salva quando avistou um navio. Orseola achou que teria uma segunda chance, até que viu os sonhos do capitão do navio e, no dia seguinte, ela falou o nome que ele repetia: Anji. Foi assim que Iskan descobriu os poderes de Orseola e a levou para o palácio para que ela tecesse os sonhos do Soberano

Sulani era uma guerreira poderosa, de pele marcada pelas lutas, matou dezenas de soldados antes de ser capturada pelo exército inimigo e ser levada à barraca do comandante. Ele quebrou todos os seus ossos usando um poder que nenhum homem poderia ter, mas mesmo assim ela não morreu. Iskan descobriu que ela já tinha em seu corpo uma parte pequena das águas da fonte, que desaguavam no rio onde Sulani nasceu. Então, Iskan dá mais de Anji para Sulani para que ela se recupere e a leva para o palácio do Soberano.

Clarás trabalhava como meretriz no porto, mas sua falta de beleza não ajudava nos negócios. Até que um homem rico a escolheu. Ele era violento e parecia sentir um prazer com as mais feias. Ele a levou para seu palácio, onde já possuía várias mulheres. Iskan tinha planos para Clarás.

Iona era a mais diferente. Ela vagou por várias ilhas, até ficar em uma específica de onde vinha um poder diferente. Junto a si, ela trazia sempre um crânio. Um dia, um homem desembarcou na ilha e ficou sedento para conhecer os segredos de Iona e do crânio que ela carregava preso na cintura. Iskan levou Iona para seu palácio, onde ela passou a ser uma aliada imprevisível.

E temos Estegi, a serviçal que está presente e é cúmplice de todas, que detém um segredo que só é revelado nas últimas páginas do livro, e Daera, a última mulher a se juntar ao grupo, mas da qual não posso falar, porque é uma surpresa.

NAONDEL é o nome do navio que irá levar essas oito mulheres até a ilha de Menos, onde será fundada a Abadia Vermelha, e onde será o refúgio de qualquer mulher que seja perseguida, maltratada ou injustiçada. Isso nós sabemos quando lemos MARESI. O que não sabemos, é o que elas sofrem durante uma saga que compreende mais de 50 anos nas mãos de Iskan, um dos piores vilões que eu já conheci nas páginas de um livro.

Iskan deseja apenas uma coisa: poder. Para isso, ele precisa depor o Soberano; o Vizir, que é seu pai; e conquistar todas as regiões vizinhas. Anji é sua arma. A fonte de água transforma Iskan em mais do que um homem, em um monstro capaz de abusar de todas as mulheres que encontrar e matar qualquer um que ele pense que vai contra os seus planos. Qualquer um, mesmo que seja do seu sangue. Ele não é um vilão que existe apenas para a maldade e para ser o algoz das mulheres. A maldade do personagem é construída devagar, aos poucos, conforme cada uma das personagens entra em sua vida, ao longo de décadas. E sua crueldade aumenta nessa proporção de tempo, a um nível que beira a completa loucura.

Kabira é a personagem principal, a primeira mulher de Iskan, com quem ele se casa, que tem seus filhos e filhas – das quais também não posso falar -, que perde tudo e que suporta todos os anos futuros, com todas as outras mulheres que vão sendo trazidas para o palácio, e que espera o momento certo para colocar em prática um plano que a mantém equilibrada, longe do desespero e da necessidade de se matar. Tudo começa com ela, é ela quem dá a chave para Iskan conseguir o poder que precisava para a realização de seus planos de dominação. Kabira representa todas as garotas que já se apaixonaram pelo homem errado. Aquele homem que chega com fala mansa, promessas de futuro, mas apenas até conseguir o que deseja e, então, tira sua máscara e mostra o monstro que é nada verdade.

A força dessas oito mulheres representa a sororidade feminina em sua essência, em sua plenitude, em seu estado bruto e conceitual. Elas são totalmente diferentes entre si, sofreram abusos, estupros, torturas, abortos, tiveram a liberdade suprimida, são escravas sem futuro, mas, mesmo assim, diante de uma oportunidade, conseguem conquistar a confiança uma da outra para confrontarem o diabo em pessoa. Elas vão além disso, e constroem uma utopia onde todas do mesmo gênero podem se sentir seguras. Um paraíso longe do sofrimento e da injustiça.

A habilidade da autora, Maria Turtschaninoff, em construir uma narrativa recheada de crueldades, sem parecer apelativo, mas algo totalmente orgânico, dentro do contexto, é incrível. O que mais existe em NAONDEL é respeito pelas personagens, pelo que elas sofrem, e pela mulher que está lendo. Em momento algum, nem sequer em uma pequena parte, nem em uma frase ou um parágrafo, a autora excede o estritamente necessário para fazer o leitor compreender o que está acontecendo. Existe estupro? Vários. Abusos? Muitos. Nenhum deles é descrito com detalhes, apenas mencionados em curtas frases, pouquíssimas palavras, e muitas vezes apenas insinuado. O que move a história não é o que as personagens sofrem, mas a força que elas criam para continuarem vivas e se salvarem. O importante é contar quem elas são e no que elas se transformaram, e não o que Iskan fez com cada uma delas. E essa decisão vai de contra o que a maioria das autoras faz, quando utilizam o estupro, o sexo, como uma atração dentro da história, uma forma de prender a atenção do leitor.

Eu gostaria de comentar muito sobre o que acontece em NAONDEL. Falar sobre o que Kabira sofre, o que acontece com suas filhas, o que acontece com seus filhos, como Iskan vai se tornando cada vez mais louco, mais cruel, qual o papel de cada uma das personagens dentro do palácio e qual a diferença delas para Iskan, o que elas planejam, entre muitas outras coisas, mas isso iria tirar a surpresa que o leitor recebe a cada página. E são muitas. Então, depois que você ler NAONDEL, volte aqui e comente o que achou. Acredite, você vai precisar discutir sobre.

NAONDEL é uma saga sobre sororidade, construída com muita inteligência, competência e respeito. Demonstra a força da mulher, não apenas para vencer, mas para suportar crueldades até vencer. E como unidas, elas são capazes de superar qualquer força física que seja imposta. A melhor leitura do ano, e uma das melhores da vida. Não se atreva a deixar de ler.

site: http://gettub.com.br/2019/06/09/naondel/
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Giuliane.Souza 30/08/2020

Um tesouro
Que história forte, cada uma das mulheres conta o que enfrentou e como enfrentou e a gente se vê em cada uma delas. Como uma mosaico, cada pedaço que compõe o mundo feminino e os mistérios que existem apenas nele. Uma leitura muito importante para toda mulher. A escrita é fluida e os lugares parecem muito reais.
( Gatilho para abuso, aborto e violência)

2022- Essa história é um tesouro e um refúgio. Que bom que pude reler ela. E com um olhar completamente diferente depois de algumas coisas que mudaram na minha vida. E de novo eu me vi um pouco em cada uma dessas personagens.
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Patty 30/12/2020

A união faz a força
No momento em que estamos vivendo, com tanta violência e mulheres sofrendo ataques diariamente, essa leitura é um bálsamo de como unidas as mulheres se tornam mais fortes e podem superar qual quer obstáculo.
Diferentemente de Maresi, este livro traz várias narradoras, cada uma apresentando sua visão de como um único homem pode influenciar negativamente a vida de inúmeras mulheres. Alguns relatos realmente me emocionaram, além do ápice da narrativa ter me deixado sem fôlego, indico essa série sempre que posso e vou continuar!
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Ana 15/01/2021

Um bom prelúdio
Peguei este livro pra leitura acreditando ser uma sequência de Maresi, um livro que havia gostado muito. Diferente de Maresi, este capítulo da história é totalmente diverso do anterior. Mais adulto, mais recheado de histórias. Minha sensação lendo é que poderia ter 600 paginas tranquilamente pra abranger um pouco mais a historia das mulheres da Abadia. Fenomenal, fico com 4 estrelas pelo final corrido e pelo livro ser pequeno demais pra tantas histórias.
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Rai 28/01/2021

NECESSÁRIO ALERTA DE GATILHO
A primeira coisa que passou na minha cabeça ao terminar o primeiro capítulo foi isso: o livro deveria ter um alerta enorme descrevendo os gatilhos presentes. Então aqui vai um resumo: abuso, assédio, tortura e violência sexual e psicológica contra mulheres. Sendo o estupro o item mais recorrente de todo o livro e que me incomodou bastante da metade pro final.

Iskan não podia colocar o olho em uma mulher que dava um jeito de estuprá-la. Com Kabira nós sofremos, com Garai entendemos o que ele estava tentando fazer (e choramos de novo), mas depois disso o recurso já estava tão repetitivo que não tinha mais o mesmo peso de antes (o peso que sempre deveria ter). Tive esperanças de que tivesse uma explicação baseada nos poderes das fontes ou algo assim, algo maior do que "um homem subjugando uma mulher da única forma que ele sabe". E nem isso seria inteiramente verdade, porque com outros homens ele era bastante criativo. As mulheres, para ele, sequer mereciam o esforço.

Já as mulheres, não tenho nada a reclamar. Todas são incríveis, interessantes, fortes e especiais do seu jeitinho. Às vezes eu ficava com raiva da Kabira por ser tão submissa, frustrada com a Esiko e completamente confusa com a Iona, mas eu gostei de todas mesmo assim.

Falando em Iona, reli duas vezes a parte do navio, mas não acho que entendi realmente o que aconteceu ali. Não ficou muito claro, assim como boa parte das explicações e descrições depois dos 90%, que é onde as coisas reveladas no primeiro livro acontecem. A parte que eu realmente queria saber ficou toda condensada e jogada de qualquer jeito em um capítulo ou dois, o que me deixou bastante decepcionada no final da leitura.

O que salvou de verdade o final foi a revelação do segredo da Estegi. Eu jamais advinharia. Foi simplesmente TUDO!

Eu recomendo. Talvez seja melhor ler depois de Maresi 2, já que esse aqui não é uma continuação do livro 1, mas o terceiro é. Mas se você não tem problema com os gatilhos e não quer esperar até que a editora publique o terceiro, prepare o lencinho e venha sofrer com as Primeiras Irmãs. ?
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Nay M. 06/02/2021

Impactante
Aviso: Contém gatilhos de violência, tortura e abuso sexual

Demorei basicamente um ano para ler esse livro depois de finalizar Maresi. Depois de ler e ouvir algumas opiniões e comentários sobre como esse livro é impactante e sensível, precisei me preparar psicologicamente para o que estava por vim. E genteeeee, é realmente um livro que nos deixa, chocados, mas que também me deixou enfurecida e triste.

Naondel antecede Maresi. O livro vai nos contar a história das primeiras mulheres que chegaram a Ilha de menos, que criaram a Abadia Vermelha. Os capítulos vão alternando entre as histórias de cada uma e como se fosse um diário, escrito pelas mãos das mesmas.

Suas histórias são angustiantes e recheada de sofrimento, mas ao final de tudo conseguimos ver que elas também são mulheres fortes, corajosas e que decidiram em determinado momento se aliar e mostrar que juntas sempre seremos mais fortes.

Naondel é um livro com uma história angustiante, cruel e que nos deixa repletos de reflexões a cada capitulo finalizado. Uma história pesada e para alguns repletas de gatilhos, porém eu indico totalmente a leitura.

abraço forte,
Nay
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Karen 26/02/2021

Talvez eu tenha criado muitas expectativas depois de Maresi, mas achei a construção narrativa de Naondel fragmetada demais. Cada vez que a perspectiva de uma nova irmã ia sendo apresentada, a história principal parecia ser pausada para que mundos totalmentes novos fossem apresentados com seus personagens, magias, construções e estilos de vida. E eu amo isso, mas sempre sabia o que esperar no final de cada capítulo: várias doses de crueldade, violência sexual e psicológica. Por fim a leitura se torna exaustiva e muito pouco da narrativa fez com que eu recuperasse o meu fôlego para a tão esperada fuga e construção da Abadia Vermelha. Agora é esperar para que a Morro Branco acelere o processo de tradução das Cartas de Maresi.
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Lauren / Biblioteca de Lilith 26/02/2021

Naondel
Naondel consegue retratar de forma dolorida as opressões do patriarcado. Mesmo sendo uma fantasia, não é difícil nos identificarmos com as situações vividas pelas mulheres dessa história. O interessante da trama é o despertar das protagonistas, percebendo que elas mesmas não devem, nem merecem, continuar sendo subjugadas e silenciadas. Mas até alguma possibilidade de libertação, há muito caminho a ser percorrido.

A narrativa mostra a construção e fortalecimento de uma sociedade machista que vê nos corpos femininos ou utilidade para procriação ou para uso fruto dos prazeres masculinos. E neste ponto, temos muitas referências de violência e é inevitável a indignação durante a leitura. (aviso de possibilidade de gatilho).

Gostei muito de como os saberes e conhecimentos femininos estão presentes na história, valorizando a ancestralidade feminina, seus rituais e conexões com a natureza (aqui temos um quê de magia - banhado de ervas, poderes das águas e mistérios ocultos). A forma como a obra trata a importância de mulheres buscarem mais conhecimentos, se apropriarem dos seus e valorizar o que cada uma carrega em sua sabedoria e experiência é bonito de ver.

A compreensão da sororidade é construída aos poucos, acredito que, por causa de tantas feridas e tristezas das personagens, demora pra acontecer. Eu gostaria que a conexão entre as protagonistas e o entrelaçamento de umas com as outras ocorresse mais durante a história (pelo menos a partir do meio). Me pareceu que a irmandade entre elas foi entendida muito perto do final e de forma um pouco repentina. Fiquei muito tempo da leitura aguardando conversas, confissões, trocas, segredos. Mas também me questionei se isso não reflete também muito da nossa realidade, na qual, há muito custo, conseguimos perceber a manipulação do sistema, e enxergar na outra uma parceira de luta e não uma inimiga.

Naondel é uma leitura prazerosa, instigante e revoltante, nos fazendo ansiar ferozmente por uma revolução feminina. Ela nos instiga a querer lutar umas pelas outras frente a tantos absurdos. A obra é o segundo volume da trilogia ?As crônicas da Abadia Vermelha?, da qual ?Maresi? foi o primeiro (e um grande amorzinho meu). Fica a dica dessa leitura e a curiosidade pelo terceiro livro.

Instagram @bibliotecadelilith
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lilly.ly 10/05/2021

Primeiramente, o livro é cheio de gatilho de estupro, então, se atentem. Basicamente, Iskan não pode ver uma mulher sem querer se aproveitar daquilo que nos difere em materialidade (alguma semelhança com a realidade? todas). Ele é a típica personalização de como o homem se vê acima de tudo e todos. A irmandade que as mulheres criam é realmente muito bonita, elas são incríveis. Porém, certos detalhes não podem passar despercebidos, visto que essa é uma obra intitulada feminista. É impressionante o quanto as coisas não podem girar em torno de mulheres, sempre tem algum homem ali no meio pra tomar nossa atenção. Pecou, e pecou muito! Enfim, mulheres, MULHERES, se unam, nossa irmandade é o que nos salvará!!!
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Denise.Marreiros 29/05/2021

O livro é cheio de gatilhos, atentem-se a isso.
Todo o sofrimento descrito no decorrer das páginas me deixou angustiada e ao mesmo tempo havida por algo mais, por um destino melhor para os personagens, para todas as mulheres daquela história e para todas as mulheres da vida real.
A história das fundadoras é dolorosamente linda.
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