spoiler visualizarJu Sepêda 15/05/2024
Evelyn hugo: amor épico ou uma pauta esvaziada?
Evelyn hugo merecia mais do aquele aquele final de merda. Imagino a autora com toda sua boa vontade dando 10 anos de um amor épico para sua personagem para no final pautar sua história em tragédias desnecessárias.
Em 2017 a discussão sobre bissexualidade já eram mais avançadas do que exposto no livro e sinto ainda que a autora se apropriou de uma pauta para esvazia-la e não é que ela não possa escrever sobre a pauta da comunidade só pq não é lgbt, todo mundo pode, é só que quando a pauta vem de alguém que não viveu, sinto que algumas coisas ficam pendentes na narrativa como a necessidade de viver se explicando sobre algo que não tem necessidade e principalmente o fato de que pessoas heteros costumam dar finais trágicos para seus personagens que são da comunidade.
Isso me incomoda muito, visto que por mais que a narrativa dela seja muito bem construída (tanto que tem o sucesso que tem por algum motivo), sinto que ela faltou com a comunidade dando esse final pra Evelyn e para a família.
Diferentemente da série Pose, por exemplo, que mesmo as merdas rolando direto a gente ainda tem uma família com final feliz no final.
Isso tudo pq a pessoa que dirigiu entende que a pauta não finaliza só com a desgraça da comunidade.
Sinto que indiretamente, eles dizem "podem ser o que vocês quiserem ser", mas no final querem dizer que " vocês vão sofrer por isso e não importa o que façam".
É isso que me deixa angustiada nesse tipo de leitura.
A história toda eu amei, me despertou muitos sentimentos, mas ela realmente não merecia aquele final.
Sem contar que ela pega todas as "minorias",da comunidade lgbt, as famílias interraciais e estrangeiros pra tratar nesse livro, sendo que deixa meio que de "fora" as pessoas brancas norte-americanas por algum "motivo". Qual será né? (Contém ironia)
E sem contar que ela fala sobre a bissexualidade em um ponto que acho delicado, que é o fato da Evelyn só ser apaixonada por 1 mulher, mas conseguir se apaixonar por vários homens durante sua vida.
Acho que em 2017 as discussões sobre bissexual já estavam mais avançadas do que foi demarcado no livro.
E o fato de que a Célia, querendo ou não, era bifóbica.
Então estão sempre ponto a lésbica nessa posição de intolerante.
Eu sei que é isso que acontece boa parte das vezes, mas caramba... a gente sempre ser retratada dessa forma é um porre...
Acho que o livro foi um desserviço muito bem mascarado de "bom moço" para a comunidade lgbt, um show de bifobia.
Por fim acredito que a autora apresenta a pauta como "eu dei para a Evelyn todas as chances de escolher um lado a vida toda dela e como ela não escolheu, acabou terminando só".
Enfim...muitas camadas a serem analisadas.