Miguel.Lopes 15/11/2020
Obra indispensável a qualquer brasileiro.
O livro "Sobre o Autoritarismo Brasileiro", escrito pela professora titular no Departamento de Antropologia da USP, Lilia Moritz Schwarcz, examina algumas das raízes do autoritarismo brasileiro. Tópicos como desigualdade social, racismo, violência, raça e gênero e outros são organizados e escritos pautados em dados, arquivos históricos, fontes, pesquisas e procuram compreender o âmago da arbitrariedade brasileira.
A escritora, autora de outras importantes obras como "As barbas do imperador", "Brasil: Uma biografia" e o "O espetáculo das raças" desmistifica às crenças da nação verde e amarela, como a tolerância, a pacificidade e o respeito de todos perante sua heterogeneidade. A história meramente fictícia e, salienta-se, escrita por europeus, de um país com passado grandioso, serve apenas como pano para uma história repleta de injustiças, segregação e diversas patologias sociais mantidas até o presente, recorrentemente passadas à "vista grossa".
Entretanto, o que esperar de um país que carrega fardos como: no Brasil, a cada 7,2 segundos uma mulher sofre agressão física; o Brasil investe apenas 1% do seu PIB em educação, média inferior a diversos países vizinhos sul-americanos; a população negra é a quem mais sofre com a violência no país; alguns autores brasileiros cogitam em estabelecer o termo "Transfeminicídios" devido a altíssima porcentagem de mulheres trans e travestis que sofrem agressão de gênero; pátria onde a representatividade política feminina é uma das piores do mundo, perdendo para países como Iraque, Afeganistão e Arábia Saudita - nação esta que apenas em 2013 sancionou uma lei impedindo mulheres de serem agredidas.
Portanto, "Sobre o Autoritarismo Brasileiro" é obra necessária e indispensável a quem queira compreender esse país tão paradoxal e que, sobretudo, tenha a intenção de mudá-lo, rumo a prosperidade, ao bem comum e ao respeito. Encerro citando uma frase do filósofo inglês Herbert Spencer, que salienta a necessidade de respeito ao próximo: "A liberdade de cada um termina onde começa a liberdade do outro".