Marcio 16/07/2012
Não quero influenciar futuros leitores, pois talvez alguem goste do livro. Mas quem se interessar por uma opinião mais crítica a respeito desse livro:
http://thrillerdude.blogspot.com/2010/09/mockingjay-suzanne-collins.html
UPDATE (16/07/2012): Já que todo mundo já leu o livro, segue a íntegra da crítica (pior que um monte de gente veio me xingar lá no finado blog. Ô, gente bruta!):
Esse link (http://kathytemean.wordpress.com/2010/06/16/high-concept-book-definded/) tem uma explicação interessante sobre o tema High Concept Book, termo originário do cinema. Significa que você pode contar a história em poucas linhas e todo mundo vai saber de imediato do que se trata o livro e, melhor ainda, a maioria das pessoas que escutarem a história vai se interessar em ler o livro. Isso é um high concept book.
Há vários exemplos de high concept books, mas os mais notórios, na minha opinião, são Jurassic Park (um paleontólogo e uma criança fanática por dinossauros encontram os bichos vivinhos num parque, em perfeita verossimilhança) e Harry Potter (garoto que vai para uma escola de bruxos).
É esse o caso também da série Hunger Games. Mundo pós-apocalíptico, governado por um poder totalitário, dois adolescentes de cada distrito, de variadas idades e de ambos os sexos, são sorteados para participar de um reality show onde a regra é uma só: o que permanecer vivo por último é o vencedor. O toque trágico é que se tratam de adolescentes (e às vezes crianças) que são obrigadas a participar da matança. Isso é um hiper mega high concept book.
Depois de uma idéia dessas, o livro caminha por conta própria para o escritor. Suzanne Collins explorou muito bem isso nos dois primeiros livros da saga, que usam a mesma idéia. Mas o final do segundo livro significa uma ruptura com a fórmula. Não haverá mais Hunger Games e a história do livro passa a ser a história da humanidade contra esse poder totalitário. Esperava-se então um épico, não é? Uma saga. Um grande livro que explore toda essa revolução, com a heroína da história na linha de frente.
Não foi isso que aconteceu com Mockingjay. Não sei o que aconteceu na cabeça da autora. Provavelmente, não contava mais com uma high concept idea para se apóiar e se perdeu. Ela derrapou feio no desfecho dessa série. Foi o final mais decepcionante que eu tenho notícia desde Lost..
É tão grande a lista de coisas desagradáveis no livro que só dá pra citar as mais irritantes: a heroína da história, Katniss, deixou de ser heroína e virou uma chorona. A cada revés que ela sofre, lá vem páginas e mais páginas de lamentações, de choro (ela se esconde pra chorar), de lamúria. Isso durante TODO O LIVRO. Esquisito. O mundo explodindo todo lá fora e o leitor fica obrigado a ver tudo através dos olhos dessa garota chata (ela cria caso com cada bobagem!) e chorona, que nem teve grandes participações no desenrolar das coisas, passando a maior parte do tempo lamentando sua vidinha e fazendo produções de TV fake para levantar a moral dos rebeldes. Quando resolve fazer algo, vai sempre compelida pela vontade e pela manipulação dos outros, dando tudo forçadamente errado.
Mortes sem sentido, anticlímax em seqüência. Num momento crítico e tenso do livro, a autora pára para mostrar em detalhes uma equipe de maquiagem preparando Katiniss para aparecer na TV, enquanto ela, como sempre, vai se lamentando ("ó vida, ó azar).
E autora, através desse livro, também resolveu exibir sua visão pessimista a respeito das guerras e da humanidade em geral. Nos dois primeiros livros, existe um clima de crueldade com os Hunger Games. Há a revolta subseqüente, os rebeldes tomam o poder e tudo isso para quê? Para quê, me digam?
Para os vencedores passarem a infligir aos vencidos as mesmas crueldades de que foram vítimas.
Como diria o doutor Pimpolho, vai se f...!