@thereader2408 07/08/2021"Em Caracas, sempre seria noite"A atual crise na Venezuela não é algo que surgiu agora e os problemas não começaram com Hugo Chávez em 1998, nem no golpe que seu governo sofreu em 2002 e nem com o golpe que ele mesmo deu em 1992. As raízes da crise são anteriores a isso, tudo começou em 1989 com os protestos contra o aumento de preços durante o governo do presidente Pérez.
O pacote de medidas econômicas imposto por Pérez gerou uma forte revolta popular, conhecida como "Caracazo", o governo reagiu rapidamente com o apoio militar e a repressão foi brutal, resultando em 300 a 3 mil mortos. Até hoje não se sabe exatamente quantas pessoas morreram, muitas pessoas simplesmente desapareceram. A Crise na Venezuela foi resultado de 32 anos de políticas populistas e decisões econômicas ruins.
Hoje, cerca de 48% da população vive em condições de pobreza. Além da crise humanitária que assola o país, a escassez de alimentos, remédios e itens básicos como papel higiênico e absorventes, a violência levou a capital Caracas ao topo do ranking das cidades mais violentas do mundo. E eu não tinha ideia como era viver em um lugar assim, que mais parece um mundo pós-apocalíptico ou uma distopia, mas é real e está aqui do lado.
Eu só consegui compreender melhor o desespero e desesperança dos venezuelanos quando acompanhei a jornada de Adelaida Falcón que vive em situações extremas e a narrativa alterna entre passado nostálgico e um presente assustador. Pouco tempo após o enterro de sua mãe o apartamento da moça é invadido. Adelaida fica sozinha e desabrigada em Caracas, onde as ruas estão tomadas pelo caos, onde ninguém está seguro e a moça precisa encontrar um jeito para sobreviver.
Adelaida e a mãe compartilhavam o mesmo nome, muitas das vezes tive a impressão que as duas eram partes de um mesmo corpo, que uma morreu para que a outra vivesse. O livro além de nos colocar na pele de uma sobrevivente em Caracas, vai tratar de luto e perda. Dizem que a nossa mãe é nossa primeira pátria, aqui a protagonista vai perder a mãe, a casa, a pátria e a própria identidade e tentar escapar para um lugar ensolarado porque ... "em Caracas, sempre seria noite".
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