Ana Alice | @soprodepaz_aa 01/09/2021Abalada"Varia a pele, a condição, mas a alma da criança é a mesma ? na princesinha e na mendiga."
Nesse conto conhecemos a breve história de Negrinha - criança órfã, criada por Dona Inácia - senhora da sua mãe, e escravizada.
Ao longo do texto me incomodei bastante com a forma que a menininha era objetificada, privada de fazer descobertas e construir a própria vida. Como nasceu e cresceu servindo àquela casa, não tinha muitas referências que a fizessem questionar ou comparar o jeito com que a tratavam. Para ela, o que seus senhores diziam era o certo. Os castigos que recebia estavam certos. Os apelidos "mimosos" com que a definiam estavam certos.
Estudando sobre o pré-modernismo encontrei uma opinião de Lobato sobre Anita Malfatti que me trouxe certa antipatia por ele. Nessa leitura isso se intensificou. Senti como se ele se divertisse com o que escrevia e quisesse rir do que me fazia querer chorar. Claro, entendo a crítica aos brasileiros donos de escravos na época que não concordavam com a abolição. Mas acho que o autor partilhava da mesma opinião que sua personagem.
Nunca achei que livro tão curto pudesse ser tão denso. Indico a todos que querem refletir sobre o poder das palavras e da vivência em sociedade (ou da falta dela). Vai te fazer pensar duas vezes antes de dar um apelido maldoso a alguém mesmo que de brincadeira, isso eu tenho certeza.