Lisa 06/06/2021
Por uma VOZ ALTA para TODAS NÓS!
Esse livro me prendeu tanto que eu devorei ele em 2 dias. A escrita da Abi Daré é incrível, extremamente ligeira, fora a própria história que aborda tantos pontos polêmicos, cruéis e infelizmente reais da realidade de muitas mulheres não apenas nigerianas. Esse foi um livro que me tocou muito do inicio ao fim, a Adunni é de fato uma doçura, vc simpatiza e empatiza com ela do começo ao fim e me vi torcendo e chorando com a mesma durante todo o decorrer. Me vi implorando pro livro ir por um caminho bom, pedindo a história pra que ela não fizesse o que eu estava entendendo que iria acontecer. Me vi tentando mudar as coisas para ela, pensando soluções e rezando, sim rezando de vdd, como se eu pudesse de fato interferir, e o livro com toda sua solidez magnânima imutável me jogando a face que ele já estava escrito e nada mudaria as suas linhas eternas.
E que história viu, meus caros? Falar sobre machismo em todos os seus graus, violência doméstica, tráfico de pessoas e trabalho escravo, violência religiosa e etc num mesmo livro e o fazer parecer algo tão orgânico e bem adaptado, como infelizmente o é mesmo. São realidades que acontecem comumente por mais que tentemos ter a voz a alta como a Adunni e mudar isso. Algo que me tocou e impressionou foi como cada personagem tem uma história completa e complexa. A Big Madam, uma mulher batalhadora que lutou pra conquistar seu império mesmo sofrendo as amarguras do machismo ao tempo que segue vítima dele e da violência masculina dentro de casa e extravasa isso em seus empregados. No extremo oposto temos a Tia Dada que sofreu a rigidez maternal, as exigências da sociedade do que são as obrigações da mulher e escolheu em sua vida ofertar o oposto. E temos Adunni a heroína que sofre do inicio ao fim e que é capaz de retribuir amor, risos, apoio, cuidado. 2 faces de violências, uma espelha e retribui a que recebe, a outra retribui o que possui de bom dentro de si. Mais um livro primoroso da TAG.
O meu sonho é que todas as mulheres no mundo, sem distinção pudessem ter sua voz alta, altissima, sonora, imperiosa sobre esse mundo injusto e patriarcal. Somos mulheres sim e nosso cérebro vale muito, nosso sexo vale muito, nosso corpo vale muito. Nosso existir é válido e essencial e que ninguém nunca aceite o contrário disso.