Gustavo Simas 21/08/2022A seca rápida prosa de um viciadoJunto com Almoço Nu, Junkie é a obra mais conhecida de Burroughs, autor do movimento literário beat, que carrega escritores como Jack Kerouac (o mais mainstream com seu On The Road) e Allen Ginsberg (Howl).
Em busca incansável por inaláveis e injetáveis, a ficção autobiográfica é veloz e faminta. William Burroughs e sua literatura experimental trazem a escatologia urbana como primeiro plano para o cenário sedento dos espectros viciados; a própria prosa revela uma ânsia-vício em avançar e se circular no abismo da divergência social, trafegando no absurdo racional e no problema comum moderno.
Descrito como "homossexual depois da morte acidental da esposa causada por um disparo com arma de fogo" , foi um dos pioneiros no consumo de drogas para produção subjetiva de textos. A arte de William se marcava não apenas com o verbo, mas também com seu rifle, telas e latas de tinta, assim como em parcerias na música com Beatles, The Doors, Frank Zappa, Kurt Cobain e outros.
Talvez pela simplicidade narrativa, pela concretude dos fatos, não há tempo para o leitor se correlacionar com as personagens, despontar empatia profunda ou algo do tipo nessa estrutura. O que sobram são sequências descritivas que, em certos momentos, podem dar náuseas e revelar um pouco da vida de drogados norte-americanos na década de 1940.