Mialle @mialleverso 12/08/2019Uma história contada por gerações"Barrabás chegou à família por via marítima, anotou a menina Clara com a sua delicada caligrafia".
A Casa dos Espíritos conta a história de algumas gerações em duas famílias. Inicialmente com Nivea del Valle e suas duas filhas, Rosa e Clara. Depois seguimos para a família Trueba, onde encontramos o temperamental Estaban, com seus arroubos de raiva e frustração enquanto tenta ser um homem rico e retomar a glória da fazenda de sua família.
O livro segue principalmente os "cadernos de anotar a vida" de Clara, enquanto ela lida com o marido e sua personalidade difícil, seu mundo efêmero de clarividente enquanto vive cercada de fantasmas e espíritos, então seguimos o nascimento e desenvolvimento de Blanca e suas paixões e infortúnios e por fim, a neta de Clara, a jovem Alba, cuja juventude ocorre no meio de um momento crítico em seu país.
A narrativa real de uma época difícil e um país que vai mudando através dos anos se entrelaça com a mágica que permeia as mulheres dessa família e seus encantos mágicos, como a clarividência de Clara e a beleza inumana de Rosa. A mistura de personagens fictícios com personagens reais se dá com delicadeza e habilidade. A prosa de Isabel Allende é magistral e me deixou virando páginas até altas horas da madrugada intensamente envolvida com a família Trueba e seus dramas.
O cenário político do livro é forte e real e me pareceu tão providencial que eu lesse este livro neste momento que ainda estou surpresa. A Casa dos Espíritos tornou-se, antes mesmo de sua conclusão, um dos meus livros favoritos da vida, uma leitura que quero que me acompanhe por muito tempo.
"Outros homens superarão este momento, e, muito mais cedo que se pensa, serão abertas as grandes alamedas por onde passará o home livvre, para construir uma socieidade melhor. Viva o povo! Vivam os trabalhadores!".