BrokenHearts 10/08/2020
Resenha do meu ig @surtoosliterarios
Aí meu deus
Que livro foi esse aaaa, tinha deixado ele abandonando por muito tempo...
O surto foi tão grande - o "senhor presidente" diz que e um mostro mais na verdade e nosso bebezinho, e a serena meu deus que mulher e aquela azarada kkk me identifiquei na parte de ter que sempre ser forte e tentar seguir a vida sem ter mal tempo para chorar. Meus parabéns a autora valeu cada página esse Livro, e eu chorei e ria em várias cenas. Foi bom tirar minha cabeça dos meus problemas e da minha vida real por algumas horas.
Vocês vão conhecer um casal que lutar pelo o que quer, uma mocinha tão teimosia igual o personagem mais aí msm tempo tão forte. De onde a serena tira essa força toda? Eu não sei. Me apaixonei por ela pelo fato dela ser tão realista e humana.
Toda vez que eu lia só conseguia pensar nessa música
Luz do sol vem se arrastando
Iluminando a nossa pele
Vimos o dia passar
Histórias do que fizemos
Isso me fez pensar em você
Isso me fez pensar em você
Sob um trilhão de estrelas
Nós dançamos em cima de carros
Tiramos fotos do palco
Tão longe de onde estamos
Eles me fizeram pensar em você
Eles me fizeram pensar em você
O-o-oh, luzes se apagam
No momento estamos perdidos e achados
Eu só quero estar ao seu lado
Se essas asas pudessem voar
Para o resto de nossas vidas
Estou no estado estrangeiro
Meus pensamentos, eles sumiram
Minhas palavras estão me deixando
Elas pegaram um avião
Porque eu pensei em você
Só porque pensei em você
Oh, luzes se apagam
No momento em que estamos perdidos e encontrados
Eu só quero estar ao seu lado
Se estas asas pudessem voar
Oh, essas malditas paredes
No momento, temos três metros de altura
E como você me disse depois de tudo
Lembraríamos desta noite
Para o resto das nossas vidas
Se estas asas pudessem voar
Oh, luzes se apagam
No momento em que estamos perdidos e encontrados
Eu só quero estar ao seu lado
Se estas asas pudessem voar
Oh, essas malditas paredes
No momento, temos três metros de altura
E como você me disse depois de tudo
Lembraríamos desta noite
Para o resto das nossas vidas
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Vou deixar alguns trechos favoritos
? Você já se olhou no espelho? ? ironizo, outra vez traída pela minha língua gigantesca. ? Porque, assim, estranho seria se eu não os tivesse. Não me leve a mal, mas sou completamente contra o nascimento de pessoas bonitas assim. ? Aponto o indicador para o rosto dele, pois considerar o conjunto completo chega a ser covardia. ? Gastam o estoque divino de beleza e desregulam um pouco as discussões sobre padrões de beleza. É injusto, se quer saber a minha opinião. ? Deve ser um grande problema para você, já que também se enquadra nessa categoria ? emenda, cheio de charme. Ele está flertando comigo ou eu estou bem louca? Louca, absolutamente. ? Qual? ? gargalho, só pode ser piada. ? Minha categoria é só uma: a de pobre. O resto não importa muito.
? Você tem que cuidar mais de si mesma. Se pendurar na beirada de prédios, correr às pressas no meio da rua, esse tipo de coisa é perigosa ? ele me repreende, trincando o maxilar como se desejasse falar muitas outras coisas.
mundo cruel. ? Eu sei o seu nome, Corazón ? diz com um grunhido, deixando o sotaque impossivelmente mais provocativo. ? Sei muito mais do que você imagina. ? O que vem agora? ? Imito seu movimento e me inclino sobre a mesa, aproximando nossos rostos. A merda já foi feita, o melhor é manter a cabeça erguida e ver o quão atraente Vladimir consegue ficar quando está nervoso no nível máximo. ? Quer uma estrelinha? ? sussurro. Um dos irmãos gargalha, mas não olho para conferir qual dos três. Vladimir balança a cabeça negativamente, um poder inominado estendendo-se entre nossas respirações arfantes. Quando diz as palavras seguintes, entendo que dessa vez a vitória não é minha. ? Serena Fajardo ? declara. Meu nome nunca soou tão perverso na boca de um homem. Para minha surpresa, por qualquer motivo absurdo que vai contra a lógica, os irmãos arfam, espantados. ? Não fode, Vladimir! ? Roman dispara antes de se voltar para mim. ? A porra do seu nome é Serena Fajardo? ? Ele te chamou de Corazón? ? Tatiana contribui para o caos, tirando suas próprias conclusões. Acho que ela, ao contrário do filho, entende o espanhol muito bem. ? Mas é a mesma? ? Andrei mensura, mais formal e compenetrado. ? A nossa Serena? Epa! ? Não sou de ninguém não! ? protesto, sem entender nada, escutando meu sangue pulsar no pescoço. ? Seja lá quem pensam que sou, a culpa não foi minha! ? Claro que algo assim ia acontecer no nosso casamento ? Lara reclama, limpando o vestido branco com um guardanapo. Desorientada e morrendo de vergonha, não consigo dizer nada eloquente o bastante para remediar o estrago. Vladimir rodeia a mesa, bufando irritado com os ombros tensos. Sua sombra paira sobre mim. ? Venha comigo ? ordena, chocando novamente seus familiares. No fundo, meu desejo é esse mesmo, sair dessa festa o mais rápido possível e chorar três vidas pelo emprego perdido.
? Por que está me chamando de Lord Vlad, afinal? ? Lorde Vlad ? traduzo, mas ele continua sem entender. ? Que tipo de russo você é? Nunca ouviu falar de Vlad, O Empalador? Bram Stoker se inspirou na crueldade dele para escrever Drácula. ? Quer dizer que me acha cruel? ? Seu rosto ilumina, gostando da comparação. ? Não ? desdenho, revirando os olhos. Vladimir possui um complexo óbvio de personalidade, se acha muito malvadão. ? Você não come, não bebe, não dorme, também não gosta de se relacionar muito bem com as pessoas. ? Falta descobrir se também come virgens inocentes. ? É a personificação perfeita de um vampiro. Divertido, Vladimir franze o cenho e solta uma risadinha ao mesmo tempo em que seu celular começa a tocar. A melodia é instrumental, com pianos sobrepondo-se a violoncelos, notas graves dançando com agudas e o tom oscilando no ar entre nós. Moscou continua frenética na paisagem estampada através das janelas, mas a gente não se move. Estáticos e silenciosos, duas pessoas iguais em todos os sentidos errados.
? Quer chorar? ? sussurra no meu ouvido. ? Eu não choro. ? Eu também não choro, Lord Vlad ? declara, segura de si. ? Mas se eu chorasse, com certeza choraria por você agora. Eu pedi pelo monstro, mas não sabia que ele machucava você também. Me desculpe por isso. Me desculpe.
? O que você tem ? diz, interrompendo-se para mordicar o lóbulo da minha orelha ? que me deixa assim? Esse se tornou o seu dilema favorito dos últimos tempos. ? Não tenho ideia, Lord Vlad ? respondo com os olhos fechados, aproveitando a sensação dos seus dedos repuxando a raiz dos meus cabelos, a ardência prazerosa e sádica no couro cabeludo. ? Mas, se agir assim toda vez que fizer você gargalhar, teremos sérios problemas. ? Acho que já temos sérios problemas. ? Ele sela sua boca na minha uma última vez, prolongando o contato por tempo o suficiente para eu saber que saciou dessa vontade repentina e mútua.
RESPIRO PROFUNDAMENTE ANTES de continuar. Obrigo minha mente a desapegar da obsessão por Serena e me detenho nos arredores. Parece haver mais pessoas do que eu havia calculado a princípio, mais olhos e ouvidos, mais lentes. Eventualmente, mais matérias, mais escândalos. Mais efeitos colaterais. Mais danos irreparáveis. Mais destruição. Serena caminha entre a multidão, seus grandes olhos arregalados e o cenho franzido me fazem perguntas silenciosas cujas respostas inexistem em qualquer âmbito da minha mente. Mas há uma certeza vagando no meio do vazio, uma simples, inconveniente e inexplicável certeza. A de que eu amo essa mulher e faria qualquer coisa para garantir que continuasse ao meu lado. Eu amo Serena. Céus! Amo tanto que tenho medo desse Vladimir, me sinto apavorado pelas coisas que eu seria capaz de fazer em nome desse sentimento. Das coisas que vou fazer. ? Um simples e insignificante botão ? continuo no microfone. Os espectadores se entreolham, confusos com o rumo do meu discurso. Efrem vai se aproximando do palanque, as mão chacoalham ao passearem pela testa com um lenço preso entre os dedos, limpando o suor no rosto muito roxo sob a barba. Eu gostaria de encontrar um resquício de piedade, mas não há. Que pena. ? Imaginemos! Não um metafórico, mas um grande, vermelho e luminoso botão, um que a gente precisa apertar todas as vezes que nos deparamos com um arrependimento, uma perda, uma tragédia, quando perdemos pessoas que amamos ou fazemos a escolha errada, quando queremos esquecer, recomeçar, tentar outra vez, ou simplesmente desistir. Retiro o microfone da base e inicio uma caminhada lenta sobre o assoalho. A primeira parte está feita. Conquistar a atenção deles, hipnotizar a todos como passarinhos dormindo no ninho da cobra. Meus passos cronometrados sobressaem entre uma câmera ou outra que dispara de algum profissional corajoso o suficiente. Arrisco mais um olhar para Serena. Falta muito pouco para tê-la em meus braços, para me alimentar da sua essência e suprimir todo esse turbilhão de desespero que me assola. Estou cansado, exausto, e a presença dela aumenta ainda mais a minha agonia, desregula meu controle sobre o homem que se acostumou a possuir ao invés de merecer. ? A vida é como um botão ? repito, as palavras se transformando em fogo na minha língua ?, é o que meu pai adorava dizer quando questionavam sobre a origem do seu sucesso. Um movimento, uma frase, um simples olhar, um apertar de botão, e tudo muda. Sua vida, suas perspectivas de futuro, as pessoas com quem vai conviver. Pequenos eventos que se tornam grandes, imprevisíveis e caóticos. Fecho os olhos por um momento para calar a voz de Nicolai evocada por esse discurso. Explorar o labirinto de ensinamentos pútridos construído pelo homem que arruinou a minha vida é de longe uma das piores e mais dolorosas experiências que já vivenciei. Mas eu consigo lidar com isso, tenho que conseguir. Não havia cogitado a possibilidade de restar alguma parte inteira da minha alma para ser afetada por um fantasma, mas talvez reste. Talvez Serena esteja me remontando. ? Caos ? prossigo, retornando para o centro do palco para que as atenções não se dispersem. Serena agora ocupa um lugar muito mais próximo, uma de suas mãos está sobre os lábios como se tentasse se recuperar de um choque. Ela não deixa de me olhar um segundo sequer, não desiste, não foge, não teme. ? Era disso o que ele falava, mesmo que subjetivamente. A Teoria do Caos, que muitos de vocês já devem ter ouvido falar. A teoria da imprevisibilidade, de como um evento, por menor que seja, impacta pessoas em tempos e espaços distintos sem que ninguém tenha qualquer poder de premeditar. Pela minha visão periférica, identifico Elena Kokorin subindo a meu encontro, provavelmente a mando do avô. À frente, Serena cruza os braços e sua sobrancelha forma um arco em cima do olho direito. Se ela pudesse me matar com o olhar, eu com certeza estaria morto há tempos. ? Isso me faz pensar nos começos, em como eles não são legítimos. Quando qualquer coisa tem início de verdade, afinal de contas? Elena para ao meu lado, oferecendo uma taça de champanhe que arranca alguns suspiros da plateia. Serena começa andar na direção dos degraus, o semblante impassível e furioso, mas é interceptada por Roman, que começa a acalmar sua iminente vontade de ? muito provavelmente e compreensível ? assassinar um de nós dois. Mas logo ela vai entender onde pretendo chegar. ? Desculpem se pareço um pouco aleatório em meus devaneios ? brinco. ? Eu sei que muitos de vocês acreditam que um pedido será feito essa noite, que existem especulações sobre o meu inexistente relacionamento com a senhorita Kokorin. ? Ela vacila enquanto tomo o primeiro gole. ? Mas isso não vai acontecer. ? O que está fazendo? ? Elena sussurra. ? Senhor presidente? Concedo-lhe alguns créditos por continuar sorrindo. Não respondo à pergunta de Elena, apenas volto-me para onde a verdadeira precursora dos meus sentimentos desalinhados espera. Seus cabelos estão ainda bagunçados por causa do meu arroubo de instantes atrás, o cheiro da sua pele é um martírio impregnado no meu corpo. Eu não imaginava que a necessidade e a possessividade formavam uma linha tão tênue com a insanidade, que precisamos de muito esforço e discernimento para não cruzar esse limite. ? Não vai acontecer porque diversas pequenas coisas me levaram rumo à direção oposta. ? Aproximo-me da beirada do palanque, ela também faz seu trajeto e logo estamos diante um do outro. Ela, com o pescoço esticado para trás, é a personificação dos meus desejos, os seios vantajosos impedem que meu olhar não se fixe naquele desenho feito sobre o coração. ? Vocês não acham interessante como meu pai esteve certo esse tempo todo? Em um dia, você se hospeda em um hotel mais cedo do que havia combinado no ato da reserva, e então, por qualquer motivo que seja, não colocam um aviso para não ser perturbado. E seu quarto é invadido por uma funcionária desavisada que começou a trabalhar naquele dia por ter sido demitida no dia anterior, após ter jogado um copo de suco na cabeça de uma cliente. E ela é o amor da sua vida. Simples assim. Não estamos falando de destinos aqui, não estamos falando de acasos, mas daquilo que existe entre os dois. Estamos falando sobre o caos em seu estado mais desordeiro. O semblante de Serena suaviza à medida que absorve minha declaração. Há tudo de mais perfeito nela, a forma como compreende os meus anseios, como ela morde o lábio quando está nervosa ou eufórica, em êxtase também. Aquele jeito de me enfrentar com o nariz empinado como se tivesse certeza de que jamais seria perdedora. E ela não é, eu sou. ? Eu estou apertando um botão ? digo para Serena, mas todos podem ouvir minha voz através dos alto-falantes. ? A Corporação Volkiov está cortando relações com a Kokorin Entreprises e suspendendo permanentemente todas as obras mantidas por essa sociedade. E, com essa declaração, nós entramos no pandemônio. Inicia-se um vendaval de perguntas, convidados conversam uns com os outros e a sequência de flashes é cegante. Serena é levada por Roman e Andrei para perto da saída, claramente contra sua vontade ? tenho certeza de identificar a palavra louco se formar em seus lábios. Já eu, não tenho sorte e nem expectativas de escapar com tanta facilidade.
RESPIRO PROFUNDAMENTE ANTES de continuar. Obrigo minha mente a desapegar da obsessão por Serena e me detenho nos arredores. Parece haver mais pessoas do que eu havia calculado a princípio, mais olhos e ouvidos, mais lentes. Eventualmente, mais matérias, mais escândalos. Mais efeitos colaterais. Mais danos irreparáveis. Mais destruição. Serena caminha entre a multidão, seus grandes olhos arregalados e o cenho franzido me fazem perguntas silenciosas cujas respostas inexistem em qualquer âmbito da minha mente. Mas há uma certeza vagando no meio do vazio, uma simples, inconveniente e inexplicável certeza. A de que eu amo essa mulher e faria qualquer coisa para garantir que continuasse ao meu lado. Eu amo Serena. Céus! Amo tanto que tenho medo desse Vladimir, me sinto apavorado pelas coisas que eu seria capaz de fazer em nome desse sentimento. Das coisas que vou fazer. ? Um simples e insignificante botão ? continuo no microfone. Os espectadores se entreolham, confusos com o rumo do meu discurso. Efrem vai se aproximando do palanque, as mão chacoalham ao passearem pela testa com um lenço preso entre os dedos, limpando o suor no rosto muito roxo sob a barba. Eu gostaria de encontrar um resquício de piedade, mas não há. Que pena. ? Imaginemos! Não um metafórico, mas um grande, vermelho e luminoso botão, um que a gente precisa apertar todas as vezes que nos deparamos com um arrependimento, uma perda, uma tragédia, quando perdemos pessoas que amamos ou fazemos a escolha errada, quando queremos esquecer, recomeçar, tentar outra vez, ou simplesmente desistir. Retiro o microfone da base e inicio uma caminhada lenta sobre o assoalho. A primeira parte está feita. Conquistar a atenção deles, hipnotizar a todos como passarinhos dormindo no ninho da cobra. Meus passos cronometrados sobressaem entre uma câmera ou outra que dispara de algum profissional corajoso o suficiente. Arrisco mais um olhar para Serena. Falta muito pouco para tê-la em meus braços, para me alimentar da sua essência e suprimir todo esse turbilhão de desespero que me assola. Estou cansado, exausto, e a presença dela aumenta ainda mais a minha agonia, desregula meu controle sobre o homem que se acostumou a possuir ao invés de merecer. ? A vida é como um botão ? repito, as palavras se transformando em fogo na minha língua ?, é o que meu pai adorava dizer quando questionavam sobre a origem do seu sucesso. Um movimento, uma frase, um simples olhar, um apertar de botão, e tudo muda. Sua vida, suas perspectivas de futuro, as pessoas com quem vai conviver. Pequenos eventos que se tornam grandes, imprevisíveis e caóticos. Fecho os olhos por um momento para calar a voz de Nicolai evocada por esse discurso. Explorar o labirinto de ensinamentos pútridos construído pelo homem que arruinou a minha vida é de longe uma das piores e mais dolorosas experiências que já vivenciei. Mas eu consigo lidar com isso, tenho que conseguir. Não havia cogitado a possibilidade de restar alguma parte inteira da minha alma para ser afetada por um fantasma, mas talvez reste. Talvez Serena esteja me remontando. ? Caos ? prossigo, retornando para o centro do palco para que as atenções não se dispersem. Serena agora ocupa um lugar muito mais próximo, uma de suas mãos está sobre os lábios como se tentasse se recuperar de um choque. Ela não deixa de me olhar um segundo sequer, não desiste, não foge, não teme. ? Era disso o que ele falava, mesmo que subjetivamente. A Teoria do Caos, que muitos de vocês já devem ter ouvido falar. A teoria da imprevisibilidade, de como um evento, por menor que seja, impacta pessoas em tempos e espaços distintos sem que ninguém tenha qualquer poder de premeditar. Pela minha visão periférica, identifico Elena Kokorin subindo a meu encontro, provavelmente a mando do avô. À frente, Serena cruza os braços e sua sobrancelha forma um arco em cima do olho direito. Se ela pudesse me matar com o olhar, eu com certeza estaria morto há tempos. ? Isso me faz pensar nos começos, em como eles não são legítimos. Quando qualquer coisa tem início de verdade, afinal de contas? Elena para ao meu lado, oferecendo uma taça de champanhe que arranca alguns suspiros da plateia. Serena começa andar na direção dos degraus, o semblante impassível e furioso, mas é interceptada por Roman, que começa a acalmar sua iminente vontade de ? muito provavelmente e compreensível ? assassinar um de nós dois. Mas logo ela vai entender onde pretendo chegar. ? Desculpem se pareço um pouco aleatório em meus devaneios ? brinco. ? Eu sei que muitos de vocês acreditam que um pedido será feito essa noite, que existem especulações sobre o meu inexistente relacionamento com a senhorita Kokorin. ? Ela vacila enquanto tomo o primeiro gole. ? Mas isso não vai acontecer. ? O que está fazendo? ? Elena sussurra. ? Senhor presidente? Concedo-lhe alguns créditos por continuar sorrindo. Não respondo à pergunta de Elena, apenas volto-me para onde a verdadeira precursora dos meus sentimentos desalinhados espera. Seus cabelos estão ainda bagunçados por causa do meu arroubo de instantes atrás, o cheiro da sua pele é um martírio impregnado no meu corpo. Eu não imaginava que a necessidade e a possessividade formavam uma linha tão tênue com a insanidade, que precisamos de muito esforço e discernimento para não cruzar esse limite. ? Não vai acontecer porque diversas pequenas coisas me levaram rumo à direção oposta. ? Aproximo-me da beirada do palanque, ela também faz seu trajeto e logo estamos diante um do outro. Ela, com o pescoço esticado para trás, é a personificação dos meus desejos, os seios vantajosos impedem que meu olhar não se fixe naquele desenho feito sobre o coração. ? Vocês não acham interessante como meu pai esteve certo esse tempo todo? Em um dia, você se hospeda em um hotel mais cedo do que havia combinado no ato da reserva, e então, por qualquer motivo que seja, não colocam um aviso para não ser perturbado. E seu quarto é invadido por uma funcionária desavisada que começou a trabalhar naquele dia por ter sido demitida no dia anterior, após ter jogado um copo de suco na cabeça de uma cliente. E ela é o amor da sua vida. Simples assim. Não estamos falando de destinos aqui, não estamos falando de acasos, mas daquilo que existe entre os dois. Estamos falando sobre o caos em seu estado mais desordeiro. O semblante de Serena suaviza à medida que absorve minha declaração. Há tudo de mais perfeito nela, a forma como compreende os meus anseios, como ela morde o lábio quando está nervosa ou eufórica, em êxtase também. Aquele jeito de me enfrentar com o nariz empinado como se tivesse certeza de que jamais seria perdedora. E ela não é, eu sou. ? Eu estou apertando um botão ? digo para Serena, mas todos podem ouvir minha voz através dos alto-falantes. ? A Corporação Volkiov está cortando relações com a Kokorin Entreprises e suspendendo permanentemente todas as obras mantidas por essa sociedade. E, com essa declaração, nós entramos no pandemônio. Inicia-se um vendaval de perguntas, convidados conversam uns com os outros e a sequência de flashes é cegante. Serena é levada por Roman e Andrei para perto da saída, claramente contra sua vontade ? tenho certeza de identificar a palavra louco se formar em seus lábios. Já eu, não tenho sorte e nem expectativas de escapar com tanta facilidade.
RESPIRO PROFUNDAMENTE ANTES de continuar. Obrigo minha mente a desapegar da obsessão por Serena e me detenho nos arredores. Parece haver mais pessoas do que eu havia calculado a princípio, mais olhos e ouvidos, mais lentes. Eventualmente, mais matérias, mais escândalos. Mais efeitos colaterais. Mais danos irreparáveis. Mais destruição. Serena caminha entre a multidão, seus grandes olhos arregalados e o cenho franzido me fazem perguntas silenciosas cujas respostas inexistem em qualquer âmbito da minha mente. Mas há uma certeza vagando no meio do vazio, uma simples, inconveniente e inexplicável certeza. A de que eu amo essa mulher e faria qualquer coisa para garantir que continuasse ao meu lado. Eu amo Serena. Céus! Amo tanto que tenho medo desse Vladimir, me sinto apavorado pelas coisas que eu seria capaz de fazer em nome desse sentimento. Das coisas que vou fazer. ? Um simples e insignificante botão ? continuo no microfone. Os espectadores se entreolham, confusos com o rumo do meu discurso. Efrem vai se aproximando do palanque, as mão chacoalham ao passearem pela testa com um lenço preso entre os dedos, limpando o suor no rosto muito roxo sob a barba. Eu gostaria de encontrar um resquício de piedade, mas não há. Que pena. ? Imaginemos! Não um metafórico, mas um grande, vermelho e luminoso botão, um que a gente precisa apertar todas as vezes que nos deparamos com um arrependimento, uma perda, uma tragédia, quando perdemos pessoas que amamos ou fazemos a escolha errada, quando queremos esquecer, recomeçar, tentar outra vez, ou simplesmente desistir. Retiro o microfone da base e inicio uma caminhada lenta sobre o assoalho. A primeira parte está feita. Conquistar a atenção deles, hipnotizar a todos como passarinhos dormindo no ninho da cobra. Meus passos cronometrados sobressaem entre uma câmera ou outra que dispara de algum profissional corajoso o suficiente. Arrisco mais um olhar para Serena. Falta muito pouco para tê-la em meus braços, para me alimentar da sua essência e suprimir todo esse turbilhão de desespero que me assola. Estou cansado, exausto, e a presença dela aumenta ainda mais a minha agonia, desregula meu controle sobre o homem que se acostumou a possuir ao invés de merecer. ? A vida é como um botão ? repito, as palavras se transformando em fogo na minha língua ?, é o que meu pai adorava dizer quando questionavam sobre a origem do seu sucesso. Um movimento, uma frase, um simples olhar, um apertar de botão, e tudo muda. Sua vida, suas perspectivas de futuro, as pessoas com quem vai conviver. Pequenos eventos que se tornam grandes, imprevisíveis e caóticos. Fecho os olhos por um momento para calar a voz de Nicolai evocada por esse discurso. Explorar o labirinto de ensinamentos pútridos construído pelo homem que arruinou a minha vida é de longe uma das piores e mais dolorosas experiências que já vivenciei. Mas eu consigo lidar com isso, tenho que conseguir. Não havia cogitado a possibilidade de restar alguma parte inteira da minha alma para ser afetada por um fantasma, mas talvez reste. Talvez Serena esteja me remontando. ? Caos ? prossigo, retornando para o centro do palco para que as atenções não se dispersem. Serena agora ocupa um lugar muito mais próximo, uma de suas mãos está sobre os lábios como se tentasse se recuperar de um choque. Ela não deixa de me olhar um segundo sequer, não desiste, não foge, não teme. ? Era disso o que ele falava, mesmo que subjetivamente. A Teoria do Caos, que muitos de vocês já devem ter ouvido falar. A teoria da imprevisibilidade, de como um evento, por menor que seja, impacta pessoas em tempos e espaços distintos sem que ninguém tenha qualquer poder de premeditar. Pela minha visão periférica, identifico Elena Kokorin subindo a meu encontro, provavelmente a mando do avô. À frente, Serena cruza os braços e sua sobrancelha forma um arco em cima do olho direito. Se ela pudesse me matar com o olhar, eu com certeza estaria morto há tempos. ? Isso me faz pensar nos começos, em como eles não são legítimos. Quando qualquer coisa tem início de verdade, afinal de contas? Elena para ao meu lado, oferecendo uma taça de champanhe que arranca alguns suspiros da plateia. Serena começa andar na direção dos degraus, o semblante impassível e furioso, mas é interceptada por Roman, que começa a acalmar sua iminente vontade de ? muito provavelmente e compreensível ? assassinar um de nós dois. Mas logo ela vai entender onde pretendo chegar. ? Desculpem se pareço um pouco aleatório em meus devaneios ? brinco. ? Eu sei que muitos de vocês acreditam que um pedido será feito essa noite, que existem especulações sobre o meu inexistente relacionamento com a senhorita Kokorin. ? Ela vacila enquanto tomo o primeiro gole. ? Mas isso não vai acontecer. ? O que está fazendo? ? Elena sussurra. ? Senhor presidente? Concedo-lhe alguns créditos por continuar sorrindo. Não respondo à pergunta de Elena, apenas volto-me para onde a verdadeira precursora dos meus sentimentos desalinhados espera. Seus cabelos estão ainda bagunçados por causa do meu arroubo de instantes atrás, o cheiro da sua pele é um martírio impregnado no meu corpo. Eu não imaginava que a necessidade e a possessividade formavam uma linha tão tênue com a insanidade, que precisamos de muito esforço e discernimento para não cruzar esse limite. ? Não vai acontecer porque diversas pequenas coisas me levaram rumo à direção oposta. ? Aproximo-me da beirada do palanque, ela também faz seu trajeto e logo estamos diante um do outro. Ela, com o pescoço esticado para trás, é a personificação dos meus desejos, os seios vantajosos impedem que meu olhar não se fixe naquele desenho feito sobre o coração. ? Vocês não acham interessante como meu pai esteve certo esse tempo todo? Em um dia, você se hospeda em um hotel mais cedo do que havia combinado no ato da reserva, e então, por qualquer motivo que seja, não colocam um aviso para não ser perturbado. E seu quarto é invadido por uma funcionária desavisada que começou a trabalhar naquele dia por ter sido demitida no dia anterior, após ter jogado um copo de suco na cabeça de uma cliente. E ela é o amor da sua vida. Simples assim. Não estamos falando de destinos aqui, não estamos falando de acasos, mas daquilo que existe entre os dois. Estamos falando sobre o caos em seu estado mais desordeiro. O semblante de Serena suaviza à medida que absorve minha declaração. Há tudo de mais perfeito nela, a forma como compreende os meus anseios, como ela morde o lábio quando está nervosa ou eufórica, em êxtase também. Aquele jeito de me enfrentar com o nariz empinado como se tivesse certeza de que jamais seria perdedora. E ela não é, eu sou. ? Eu estou apertando um botão ? digo para Serena, mas todos podem ouvir minha voz através dos alto-falantes. ? A Corporação Volkiov está cortando relações com a Kokorin Entreprises e suspendendo permanentemente todas as obras mantidas por essa sociedade. E, com essa declaração, nós entramos no pandemônio. Inicia-se um vendaval de perguntas, convidados conversam uns com os outros e a sequência de flashes é cegante. Serena é levada por Roman e Andrei para perto da saída, claramente contra sua vontade ? tenho certeza de identificar a palavra louco se formar em seus lábios. Já eu, não tenho sorte e nem expectativas de escapar com tanta facilidade.
como multiplicar dinheiro, Corázon, mas multiplicar você é impossível. ? Deus nos livre, homem! Imagina milhares de Serenas Fajardo no mundo? Apocalipse na certa. Terceira guerra mundial. Isso sem mencionar que eu teria que prender você em um calabouço, porque todas elas iam querer o meu? namorado? ? Franzo o cenho, dizer isso é constrangedor. ? Namorado? ? Ele testa, fazendo uma careta. Seus dedos sobem e descem nas laterais do meu corpo, um carinho inconscientemente que me preenche de felicidade e outras coisinhas mais. ? Isso parece tão? pouco? ? Sim ? concordo, inebriada. Sua mão é tão grande, forte e calorosa. Mas? o quê? ? Não, calma! Você disse pouco? ? Bem pouco, Corazón ? atiça, mordiscando o meu queixo. ? Quase nada. ? Puxa o cantinho do meu lábio inferior com os dentes, deixando a língua resvalar sobre a pele eriçada e sensível, e minha mente se liquefaz. A coragem para contrapor sua pressa com o nosso relacionamento coloca o rabo entre as pernas e fica rindo da minha cara. ? Já disse que você é um monstro vampiro bem esperto e gostoso hoje? Vladimir gargalha.
? Eu não faço bem para você ? digo, mais para me convencer do que para ela. Nós somos estranhos. ? Não fazemos bem um para o outro, Vladimir.
? Serena ? chamo ao fim de todas as despedidas e lamentos por parte da minha mãe, que consegue chorar por todo mundo. Depois de levar nosso relacionamento ao pó, preciso ser sincero sobre uma coisa: ? Você está nos meus ossos também. ? Bom, isso é bom ? aprova. ? Vai doer em você também. Já está doendo.
? No dia em que estive na mansão, falei que tinha descoberto o nome da pessoa responsável pelo desabamento do prédio que matou nossos pais, está lembrada? ? Confirmo, ligeiramente incomodada com o rumo da conversa. Isso não vai prestar. ? A Corporação Volkiov era a responsável pelo projeto. Por causa de Nicolai Volkiov, nossos pais estão mortos, e seu namorado ajudou a encobrir as provas que poderiam incriminá-los. Oi? ? Certo, por essa eu não esperava. É pra rir, né? Porque só rindo pra não chorar. Olá, destino, tudo bom? Fode mais que tá pouco! ? Respiro fundo, controlando o choque e o nervosismo. Não posso surtar agora. De jeito nenhum. ? Isso é Impossível. ? Eles não são quem você pensa ? argumenta, coçando os olhos com força. Ótimo, ele está surtando também. ? Aquelas plantas eram tudo o que faltava para que fossem incriminados de verdade, foi muita sorte encontrar com tanta facilidade.