spoiler visualizarskuser02844 26/05/2023
"Desculpa Aiko. Adeus"
Bom, é o fim. Ia chegar uma hora ou outra e chegou forte, mas forte demais. Chegou como uma chuva de facas que furam seu olho esquerdo e seu peito.
Como é o fim da obra, acho que posso tomar liberdade de dizer o que entendi dela como um todo e não apenas desse volume em específico.
Boa noite Punpun é um mangá denso, mas hipnotizante e seus temas são abordados de uma forma que, pra mim, beirou a excelência. Seus personagens tem espaço para serem construidos e evoluírem caoticamente, como se realmente estivessem vivos. Apesar de ter uma personalidade própria, Punpun, por ser retratado por esse pombo sem asas - uma indicação não apenas de seu senso de inferioridade, mas também uma forma de expressar graficamente o enclausuramento que Punpun sente - cria uma tela a ser preenchida com suas experiências, cria um espelho onde você pode se enxergar nas mais diversas situações que muitos já passaram, ou hão de passar.
Pra mim, foi uma história de autoconhecimento, aceitação, empatia, sonhos e esperança. Uma montanha russa de emoções que sempre desce mais do que sobe. Uma dança amarga, mas reconfortante, entre a melancolia, o otimismo e o grotesco. Punpun é sobre tudo, sério o suficiente para dar lições que vou carregar pro resto da minha vida, mas que não se vê como algo além de um "mangá punhet@".
Todos os volumes se entrelassam e se conectam perfeitamente. Os dias monótonos, a vida chata, a sensação de inutilidade, a falta de propósito, a futilidade, ódio, remorso, culpa, tudo culmina para o momento em que Punpun apenas cede aos seus pensamentos. Inclusive, a partir do momento em que ele muda de aparência, no 6° volume, nós temos o completo oposto do Punpun que conhecemos, ou como Punpun prefere dizer: "quem ele realmente é".
Punpun deixa de pensar no que falar e apenas fala o que pensa, faz o quer e que se explodam todos. Seu único "vínculo" é a Aiko, que ele mesmo tenta matar como se não fosse nada por estar completamente cego perante tudo a sua volta. Uma figura que antes apenas observava, agora não enxerga nem a si mesma.
A morte da Aiko me impactou de uma maneira que eu não esperava. Eu não esperava o local, a circunstância, eu não concebia sequer que isso aconteceria. Até eu ver nas páginas do mangá em minha frente. Ver Punpun conversando com ela como se estivesse tudo normal, voltar para cidade, ser preso por um tempo e então ter uma leve compreensão de si mesmo e da vida que leva agora me machucou. Porque mais que fosse um final parcialmente feliz, eu sei que Punpun já não é feliz - e talvez nunca seja.
Acho que isso é o que consigo falar de Punpun. Que obra. Que história. Que... sentimento. Amei com todas as minhas forças e relerei diversas vezes pra entender as diversas camadas desse mangá.
Mas por hoje acaba aqui. Boa noite, Punpun.